Publicidade

Prezado Her¢doto Barbeiro, hoje, dia 29, ouvi a entrevista com um especialista do Denatran sobre as placas das motos, seguida de seus coment rios e devo confessar que fiquei horrorizado ao ouvir um profissional de vossa categoria – que foi meu professor em duas ocasiäes – cair em um senso comum tÆo rasteiro.

Caro Her¢doto, vocˆ precisa urgentemente entender definitivamente que o problema de trƒnsito em SÆo Paulo nÆo diz respeito …s MOTOS,mas ao comportamento dos MOTOCICLISTAS. Da forma tendenciosa e preconceituosa que as informa‡äes sÆo levadas ao p£blico, passa a impressÆo de que TODOS os motociclistas sÆo irrespons veis, marginais, mal educados e outros adjetivos menos nobres. No meu tempo de faculdade, na qual o sr. foi professor, aprendi que a base para uma an lise de qualquer fen“meno social passa necessariamente pela focaliza‡Æo do fen“meno, e nÆo a generaliza‡Æo, como o departamento de jornalismo da CBN est  conduzindo.

Os n£meros da placa da moto tˆm 4 cm de altura, enquanto os da placa do carro, “nibus e caminhÆo tˆm 5,5 cm de altura. Isso nÆo impede de forma alguma a visÆo da placa, e as multas estÆo a¡ para comprovar – ou os fiscais tˆm olhos melhores do que os dos demais motoristas? O que dificulta a visÆo das placas ‚ a MOBILIDADE das motos, que se embrenham no meio dos carros e o motorista nÆo tem tempo para ler.

Her¢doto, ‚ preciso parar de uma vez por todas com esta mania de buscar solu‡äes importadas para problemas nacionais. Esse seu coment rio sobre o uso de colete com o n£mero da placa nas costas ‚ tÆo infantil, preconceituoso e vulgar que ‚ dif¡cil de acreditar que tenha partido de um historiador do seu quilate. Al‚m de remar contra a constitui‡Æo federal, que pro¡be a obrigatoriedade do uso de “uniformes” por civis, esse colete tornar-se-ia totalmente ineficiente porque a maioria dos motocicistas carrega uma mochila nas costas. Recentemente um ouvinte escreveu alegando que em Londres, Paris ou Nova York nÆo existem motoboys. Ele esqueceu de mecionar que Londres fica na Inglaterra, Paris na Fran‡a e Nova York nos Estados Unidos, pa¡ses que tˆm absolutamente nada a ver com o Brasil no que diz respeito …s questäes sociais.

Publicidade

Esse ‚ o ponto, Her¢doto, que a imprensa precisa urgentemente entender: o elevado n£mero de acidentes envolvendo motociclistas em SÆo Paulo nÆo ‚ t‚cnico, ‚ SOCIAL! O motoboy que quebra o espelhinho de um carro ‚ o mesmo que futuramente vai dirigir um carro de forma agressiva, desrespeitosa e ilegal. Ningu‚m da  rea t‚cnica do trƒnsito em SP sabe me responder de forma cient¡fica a simples questÆo: o que provoca tantos acidentes com moto em SÆo Paulo? Fa‡a esta pergunta a um t‚cnico e a resposta vai cair no mais infantil do senso comum: porque moto ‚ perigosa.

Se eu fosse um cientista social, responderia que as motos nÆo sÆo perigosas, mas A FORMA COMO SÇO CONDUZIDAS QUE  PERIGOSA!?