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O verão chegou, e como todos os anos, com ele vem as chuvas na forma daqueles temporais de final de tarde nos dias mais quentes do verão. Nos meses de dezembro e janeiro esse compromisso molhado é quase diário, portanto, nada mais atual do que abordarmos um velho assunto: Pilotagem no molhado.

Pilotar na chuva exige cuidado redobrado

Pilotar na chuva exige cuidado redobrado

Graças ao clima tropical, a maior parte do Brasil se divide em duas estações, molhada e seca. Toda a região Sul e Sudeste entrou no verão, que se caracteriza por ser muito quente e úmido. Chove quase todo o dia, ou quase todo dia chove. A primeira observação do motociclista‚ verificar os pneus. Se tiver menos de 2 mm de sulco pode trocar. A única finalidade dos sulcos é‚ escoar a água da chuva. Se o pneu traseiro estiver “achatado”, o que normalmente acontece com quem roda muito em retas, também deve ser substitu¡do porque facilita a aquaplanagem. Não altere a calibragem dos pneus, mantenha a recomendada pelo fabricante.  Só assim o escoamento da  água será  perfeito.

Na pilotagem, guardando uma boa distância do ve¡culo à frente, rode sempre na faixa por onde passam os pneus dos carros. Os pneus dos carros funcionam como rodos que vão limpando à frente. Nunca fique no centro da estrada, muito menos nos cantos, onde a sujeira acumulada, misturada à água, forma uma pasta escorregadia.

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Lembre-se que os espaços de frenagem são maiores, portanto aumente ainda mais a distância para o carro que vai à sua frente. Procure frear com sutileza, evitando movimentos bruscos. Apoie as pontas dos pés nas pedaleiras – menos nas motos custom – para rebaixar o centro de gravidade e aumentar a estabilidade.

Nas curvas incline menos a moto e mais o corpo, procure manter sempre a mesma linha, e JAMAIS rode sobre aquelas faixas brancas e amarelas pintadas no asfalto. Elas são feitas de material plástico refletivo e escorregadio. A mesma coisa vale para as faixas de pedestres, procure frear entre as faixas brancas e NUNCA em cima delas.

Mantenha a viseira do capacete parcialmente aberta para evitar o embaçamento. Os carros também sofrem com os vidros embaçados, por isso procure sempre ter certeza de que o motorista te viu antes de iniciar uma ultrapassagem.

Principalmente na estrada, uma boa capa de chuva é indispensável

Principalmente na estrada, uma boa capa de chuva é indispensável

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Nada é mais bem-vindo na hora da chuva do que uma capa de chuva. Mas como um motociclista pode encontrar desde uma garoa fina até uma tempestade diluviana ‚ melhor estar preparado para tudo. Motociclista prevenido sempre anda com um abrigo de chuva por perto. Para aqueles que vão enfrentar estrada, pode-se preparar antes mesmo da chuva cair, começando pela forma de armazenar suas bagagens na mochila.

Com a bagagem deve-se separar diversos montes de roupas e colocá-las em vários sacos plásticos. Depois ponha tudo dentro de um saco plástico maior. Desta forma, se houver um vazamento, será pouco provável que molhe todas as roupas. O mesmo vale para equipamento fotográfico, documentos, dinheiro, tudo deve estar protegido.

As extremidades do corpo são as que mais sofrem. Não tem nada pior do que estar com as botas completamente encharcadas e ficar todo mundo olhando aquele ser vestido de macacão e fazendo chap. chap quando anda. As velhas galochas de borracha são totalmente à prova d’água.

Outro macete ‚ utilizar as luvas de borracha que as donas-de-casa (ou maridos bonzinhos) usam para lavar louças por cima das luvas de couro. Estas luvas de borracha tem a vantagem de ter um punho mais longo e podem ser colocadas por cima do casaco para evitar a infiltração de  água para dentro da manga.

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Em viagens, com ou sem chuva, o capacete integral ‚ é sempre mais aconselhável, mas quando há  chuva, a viseira costuma embaçar por dentro e a névoa de água espirrada dos outros ve¡culos suja por fora. Para não acumular  água na parte externa da viseira basta poli-la com lustra-móveis. Na parte interna pode-se usar os anti-embaçantes existentes no mercado.

As dificuldades se multiplicam quando se pilota sob chuva

As dificuldades se multiplicam quando se pilota sob chuva

Um local que exige pilotagem cuidadosa ‚ o pavimento de paralelepípedo, porque acumula muita terra entre as pedras, que já são naturalmente escorregadias. O perigo aumenta nas subidas e descidas e, quando não for possível evitar uma daquelas pirambeiras ensaboadas existe a opção de recorrer à calçada, ou sarjeta, se for de cimento, mas em velocidade bem reduzida e sinalizando com farol e buzina quando passar em frente aos portões.

Andando no trânsito, o motociclista precisa ficar duplamente atento aos carros que vão à frente e os que vem de trás. Lembre-se que os espaços de frenagem aumentam em dobro no piso que está  molhado. Para os motociclistas urbanos uma dica extra: quando parar sob viadutos, esperando a chuva passar, fique em cima da calçada e nunca na rua, porque na chuva a visibilidade diminui não apenas para os motociclistas, mas para os motoristas também.

Na estrada existe a vantagem (ou desvantagem) de se perceber a chuva com uma certa antecedência. A informação sobre os primeiros minutos de chuva também vale na estrada, que ainda tem o agravante de ser mais oleosa por causa da grande quantidade de caminhões e ônibus que lá trafegam.

Na terra, com todo cuidado

Na terra, com todo cuidado

De repente, o asfalto acaba e aquela estrada que o mapa indicava ser de terra, transformou-se num imenso lamaçal depois de três dias de chuvas ininterruptas. Se a moto for trail, o motociclista está tranquilo, mas se for street, o baião vai ser dureza.

Para completar, os para-lamas das motos street não foram dimensionados para suportar uma quantidade muito grande de barro, portanto, a viagem será  demorada porque o motociclista terá que parar várias vezes para retirar a lama com um pedaço de pau. Ou então, retirar pelo menos o para-lama dianteiro e enfrentar o barro bem devagar.

A pilotagem na lama exige a delicadeza de um neurocirurgião e a calma de professor de cursinho. Deve-se evitar as frenagens e acelerações bruscas, e para fazer curvas e recomendável esticar a perna para o lado interno da curva para consertar possíveis derrapagens.

À noite, com piso molhado, aí as coisas começam a ficar ruins

À noite, com piso molhado, aí as coisas começam a ficar ruins

Normalmente, em caso de chuvas fortes nas estradas de terra, formam-se enormes poças d’água, que podem esconder as mais variadas surpresas, desde um piso mais escorregadio do que o da estrada, até‚ um enorme tronco de  árvore ou um buraco escondido pela  água. Quando se deparar com uma poça onde não seja possível visualizar o fundo, o mais seguro é descer da moto, dobrar a barra da calça e sondar o terreno com um galho de  árvore.

Quando a chuva parece já estar aborrecendo o suficiente, a noite cai e o motociclista descobre que os aborrecimentos são multiplicados. Para começar, a visibilidade diminui mais ainda e a velocidade de cruzeiro deve ser menor. Para quem estiver com moto equipada com pisca-alerta, uma advertência/ameaça: por mais escuro que esteja, JAMAIS, NUNCA trafegue com o pisca-alerta ligado. Além de ser ilegal, os motoristas que vem atrás podem achar que a moto está parada e provocar uma mudança de direção desnecessária e perigosa, já  que normalmente os veículos parados em estradas devem estar no acostamento.

Como dizia Murphy, "Nada nunca está tão ruim que não possa piorar". Agora a combinação é piso molhado, noite e neblina, o terror de muitos motociclistas

Como dizia Murphy, "Nada nunca está tão ruim que não possa piorar". Agora a combinação é piso molhado, noite e neblina, o terror de muitos motociclistas

Agora, se a chuva e a escuridão estiverem incomodando, saiba que pode piorar: se o motociclista passar por uma região serrana vai encontrar neblina, para trazer um pouco mais de aborrecimento. Neste caso, o motociclista deve utilizar somente o farol baixo, porque o farol alto espalha o facho luminoso e provoca um véu branco nada angelical, diminuindo e atrapalhando a visão da estrada.

O melhor caminho a seguir ‚ reduzir ainda mais a velocidade e procurar seguir as faixas limitadores da estrada, se houver, sempre pelo lado direito da pista. Existem motociclistas que depois de passarem por estas situações não podem nem ouvir falar em viajar com chuva, mas a cada nova experiência, que nem sempre é tão agradável, o motociclista passa a conhecer cada vez mais as suas possibilidades e limitações como piloto, além de conhecer ainda mais o seu veículo de duas rodas. São estas experiências que levam o motociclista a encarar uma viagem ou passeio de moto com mais segurança. A segurança de quem dificilmente será pego de surpresa por uma situação desconhecida.

(Compilação de textos publicados no passado pelo Motonline)