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Agora é a placa da moto que cai, mas um dia já foi a vez de um kit de primeiros socorros que foi obrigatório nos automóveis. Apenas as empresas credenciadas tinham permissão para fornecer esse equipamento. Outro exemplo são as famigeradas (e odiadas por muitos que trabalham no setor elétrico – eletrônico) tomadas da nova norma ABNT, que tornou obsoletos um universo imenso de aparelhos, obrigando os donos a comprar adaptadores fabricados seguindo essa norma, que na verdade cria dificuldade para uso de tomadas antigas nessa nova versão homologada.

Ah, tem a norma brasileira dos capacetes que não considera, como na maioria dos países, as normas internacionais de segurança e obriga todos os motociclistas a comprarem o seu capacete no mercado nacional, com a homologação oficial do INMETRO. Se você comprar um capacete de primeira linha em Miami (EUA), por exemplo, ele não poderá ser usado no Brasil porque a norma ultra moderna que ele segue é internacional e não reconhecida pelos órgãos competentes do nosso país. Então, parece que às vezes o serviço público não pensa em trabalhar no sentido de melhorar a vida do cidadão, mas sim em criar uma dificuldade que permita aos “amigos” ou até mesmo os próprios agentes, em muitos casos, vender facilidades.

Trincas e quebras nas placas das motos

Na seqüência dos desmandos nacionais contra os cidadãos, decidimos abordar o tema das placas maiores nas motos, decisão número 372 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que entrou em vigor em 2012. Notamos que uma quantidade grande de motos estavam com a placa com trincas, rachaduras e até quebradas, inclusive e principalmente motocicletas novas, emplacadas nos últimos meses. Fizemos um post em nossa página no facebook e ficou fácil perceber a dimensão do problema, dada a repercussão que o assunto tomou naquela simples postagem no facebook, com alcance de mais de 200 mil pessoas.

placa-trincada

A vibração causa fadiga do material e se inicia a trinca que começa pelas bordas, mas acaba por romper a placa por completo

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Placa antiga (acima) e placa nova (abaixo) note o aumento de tamanho que deve ser suportado pela mesma fixação

Placa antiga (acima) e placa nova (abaixo) note o aumento de tamanho, com o consequente peso adicional que deve ser suportado pela mesma fixação

Notamos que não é um problema causado por placa dobrada ou aperto excessivo da porta de fixação. A alteração de tamanho para medidas maiores desconsiderou reforço no material ou qualquer alteração na forma de fixação. As placas continuaram sendo feitas de alumínio com película refletiva. Essa medida parece ser focada no interesse da segurança do motociclista, porém há um erro de engenharia no projeto dessa placa. O material utilizado, associado ao ponto de fixação definido pela norma e o ambiente em que a placa deve cumprir sua missão de mostrar o número de registro do veículo, não são compatíveis. Em um curto espaço de tempo o material trinca e se rompe pela falta de resistência do material empregado, cedendo à vibração normal de uma motocicleta que trafega pelas nossas (boas) vias públicas.

A fadiga causada pela vibração na chapa de alumínio faz com que ela se rompa logo abaixo da área de fixação. Empresas de acessórios de motocicletas já perceberam a oportunidade e passam a fornecer soluções ao problema. Uma placa adicional mais forte fica por baixo da placa oficial para lhe prestar estrutura e resistência. São os tais “suportes” que se vendem por aí. O post no facebook trouxe inúmeras histórias de motociclistas confirmando o problema, alguns inclusive já tendo trocado duas ou três vezes a placa de suas motos.

Mas não é justo pagar pela mudança da placa quando a anterior ainda está boa, porque os Detrans estão obrigando a troca pelo modelo novo, sempre que haja uma nova lacração, e mais ainda. Sendo essa nova, com qualidade deficiente, exige a compra de um acessório para o motociclista se proteger de uma eventual multa pela quebra e consequente ausência da placa. De todos os comentários que registramos, todos implicam em custo adicional, com novos acessórios para evitar trincas e quebras de placas. As empresas de acessórios já colocaram no mercado vários tipos de soluções, apenas fica a pergunta: a quem interessa esse problema, ou seria tanta incompetência das empresas que fazem as placas?

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Nota-se inclusive que não é um problema de uma empresa apenas, mas de várias e de diferentes regiões do Brasil, pois há placas quebradas e trincadas em muitas cidades de diferentes estados do nosso País. Ou seja, além de você pagar (caro) por uma placa e não ter opção de compra, ainda compra um produto ruim, cuja especificação não está adequada ao uso. Ou seja, um verdadeiro abuso contra o bolso do cidadão. Segundo o site do Detran-SP, o custo da segunda via de placa é R$97,97.

Suportes acessórios

Suportes acessórios

Suportes acessórios

Placa três parafusos

Placa três parafusos

Placa três parafusos

Placa com três parafusos - Perfil

Placa com três parafusos - Perfil

Placa com três parafusos - Perfil

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Placa recuperada com suporte por baixo

Placa recuperada com suporte por baixo

Placa recuperada com suporte por baixo

Placa com solução idealizada pela Honda

Placa com solução idealizada pela Honda

Placa com solução idealizada pela Honda

Como recomendação para evitar que você seja vítima deste problema, há vários caminhos. Usar suportes adicionais, reforços e molduras é o mais simples. Você compra um e coloca na sua moto. Os preços giram em torno de R$30,00. Há ainda as soluções caseiras. Na minha moto consegui uma solução simples, adicionando apenas um parafuso comprido, com três porcas travando umas contra as outras de forma que passem a fixar a placa em um novo ponto, pela parte de baixo. Assim se eliminam as vibrações que provocam a fadiga no alumínio.

Os fabricantes ainda levam um tempo para fazer a adequação do sistema de fixação das placas de suas motocicletas aos problemas criados pela decisão do Contran. Na nova Honda XRE 190, por exemplo, há uma presilha no prolongamento do para lama traseiro que fixa a placa por baixo, impedindo a vibração. Outras motos trazem um ressalto no para lama traseiro que fornece apoio à placa, mas essa solução não é totalmente adequada, porque a placa sofre a vibração e acaba por sofrer movimenação mesmo assim.

Entretanto, os modelos de moto fabricados pelo sistema CKD em Manaus que não necessitam de maior índice de nacionalização, vão ficar prejudicados pela inadequação do sistema internacional em relação ao sistema adotado no Brasil. De novo, vamos criar a obsolescência de um sistema internacional por outro que obriga a adequação de um sistema de fixação que não deixe pedaços de placas pela rua. Ainda vai levar um bom tempo até que todas as motos estejam com os suportes para fixação de placas adequados à fraqueza do material utilizado nas placas fabricadas no Brasil. Enquanto isso, incompetência de uns, inoperância de outros, nós cidadãos pagamos o preço. Até quando?

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Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.