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O Plano Estratégico de Seguridade Viária da Espanha, implementado a partir de 2005, tinha por objetivo inicial reduzir em 40% o índice de acidentes fatais de trânsito até 2008. No período de 2005 a 2011, no entanto, as ações desenvolvidas conseguiram reduzir esse tipo de acidente em 59%, conforme relato de Ramón Ledesma Muñiz, advogado e diretor geral adjunto do Departamento de Trânsito da Espanha entre 2004 e 2012. O especialista esteve presente no IV Fórum Abraciclo – Mobilidade & Segurança em Duas Rodas, realizado em 16 de maio, no Auditório Renaissance, em São Paulo.


“Ficou claro que estávamos diante de um problema nacional e não podíamos ficar quietos assistindo aquilo acontecer. Foi necessário dar um grito geral, pedindo ações concretas e integradas”, afirmou Muñiz.

O especialista apontou que com a criação do Observatório Nacional de Seguridade Viária, dinamização do Conselho Superior de Seguridade Viária, aumento do efetivo de agentes de trânsito, criação e veiculação de campanhas de informação por tipos de risco, reformulação do modelo de habilitação, desenvolvimento de planos municipais de segurança viária, implantação de dispositivos tecnológicos de vigilância e o investimento de 8 milhões de euros na divulgação do sistema na mídia, houve redução das infrações e causas dos acidentes de trânsito, entre 2001 e 2011.

No período, a autuação de condutores alcoolizados caiu de 5% para 1,8%, as multas por excesso de velocidade diminuíram de 6% para 0,6% e o uso de cinto de segurança cresceu de 79% para 97% dos motoristas.

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Ramón Ledesma Muñiz em palestra no 4º Fórum Abraciclo

Ramón Ledesma Muñiz em palestra no 4º Fórum Abraciclo

Duas Rodas – Para desenvolver um plano estratégico especificamente para motociclistas, entre 2007 e 2008 o governo espanhol considerou que deveria ser evitada a busca de culpados, prevalecendo os esforços de todos para reduzir o volume de acidentes. “Era um plano para os motociclistas e não contra os motociclistas”, explicou o especialista.

Segundo Ramón, o sistema investiu na preparação dos motociclistas para a condução segura, com modificações no curso para habilitação, exercícios de pilotagem defensiva e exame realizado em via pública, além da prova teórica e em circuito fechado.

Em outra frente de trabalho, foi melhorada a infraestrutura viária, inclusive com pistas proporcionando maior aderência para os pneus das motocicletas. Como resultado, entre 2007 e 2011, mesmo com o aumento da frota de motocicletas, os acidentes com vítimas fatais caíram 47%, apontou o especialista.

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Já no plano específico para ciclistas, os espanhóis fomentaram o uso da bicicleta nas regiões centrais das cidades e sua circulação sobre calçadas. Nas vias de sentido único, com circulação de bicicletas, a velocidade máxima para todos os veículos foi limitada a 30 km/h.