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Todos os dias às 17:30h tenho que estar no trabalho em Porto Alegre/RS.

Era assim pelo menos até o dia 20 de fevereiro deste ano. Estava eu indo de costume com a moto do meu namorado, uma Mirage 250cc. Assim que saí de Guaíba/RS, onde resido, entrei na BR-116 e logo começou a chover cada vez mais forte. Como estava com o tempo meio apertado, não parei, pois também achei que a chuva iria demorar muito para cessar.

Quando já estava na Avenida Beira Rio, a uns 10min do trabalho eis que uma infelicidade aconteceu: perdi o controle da moto na curva em meio à quantidade de água que estava na pista e bati de frente numa série de cones. Caí da moto e assim que toquei o chão, outra moto que trafegava logo atrás de mim passou por cima das minhas costas, fazendo com que este outro motociclista também caísse.

A chuva chega de repente, não quis parar porque parecia que ia passar logo

"Estava com o tempo meio apertado, não parei"

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No momento do acidente, a adrenalina é muito grande e por alguns instantes, não temos a noção exata de como nosso corpo está. Foi nestes poucos segundos que sentei, tirei rapidamente o capacete e peguei o celular. Daí em diante, a gente consegue perceber que a “coisa está feia”.  A dor é insuportável.

A chuva caindo no rosto, o medo de mais alguém te atropelar, o medo de ter destruído a moto que nem é minha, a sensação de ter quebrado costelas, pé, mão, perna. Não tem como descrever.

Logo o povo se aglomera ao teu redor, todos querem ajudar, mas nada podem fazer para que aquela dor suma. Consegui com dificuldade ligar e falar (aos prantos) que havia me acidentado. O que não ajudou muito, já que quem está do outro lado da linha não entende direito e acaba ficando ainda mais apavorado. Entreguei o celular para a pessoa que estava mais próxima e essa sim conseguiu explicar o que havia acontecido e onde.

Não sei quanto tempo o socorro demorou a chegar, mas, para mim, foi uma eternidade.

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Ao chegar ao pronto socorro, só via pessoas e seus olhares reprovadores: “Outro acidente de moto”. Reconheço que fiquei muito envergonhada, mas não entendi o porquê daquelas caras. Não entendia como eu tinha deixado aquilo acontecer, como eu pude ter sido tão mal de direção assim a ponto de colocar a minha vida e de outras pessoas em risco.

Após exames, curativos e tudo mais a contabilidade foi: uma dedo da mão quebrado, o pé direito torcido, um “esmagamento” (como disse o socorrista) na coxa direita, um esfolão na direita da barriga, um inchaço enorme nas costas. Mas poderia ter sido muito pior: como eu estava de botas, não quebrei o pé; como estava de luvas não quebrei nem machuquei mais nenhum dedo; como estava de capacete, não aconteceu nada com a cabeça; como estava de jaqueta de motociclismo com proteções, não quebrei nenhuma costela, nem fraturei a coluna com o peso da outra moto.

Estou muito acostumada a andar na chuva e a fazer o percurso que estava fazendo aquele dia, mas andar com equipamentos de segurança não evitam que você sofra um acidente, porém evitam que você perca a vida.

Recém esta semana poderei voltar a trabalhar normalmente. Ficaram algumas sequelas que só irão passar com o tempo e fisioterapia. E a gente sabe a falta que faz trabalhar, ter nosso sustento, pois só a ajuda do governo não resolve muita coisa. Imagina quem tem família com filhos para sustentar, como fica?

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O estrago até que foi pouco, na moto

O estrago até que foi pouco, na moto

O assunto já está bem “batido”, mas toda hora tem gente perdendo a vida de moto por causa de falta de responsabilidade. O simples fato de afivelar bem o capacete já reduz muito a chance de perder a vida. Não importa se você vai a esquina, vai na padaria, ou qualquer outro lugar perto, use tudo o que puder. Nem sempre somos os culpados de acidentes, mas somos responsáveis para evitar que coisas mais sérias aconteçam.

Não deixem para colocar todo o equipamento só em viagens. O perigo pode estar alí na esquina.