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UTV-Sertões

Correr de UTV é mais barato, mais emocionante e mais seguro

O Rally dos Sertões começa amanhã, 1º de agosto, e um dos destaques da maior competição off-road do Brasil é a categoria UTV (Utility Task Vehicle – Veículo Utilitário para Tarefas), que vem crescendo fortemente e atrai cada vez mais competidores. Nesta edição o grid da categoria UTV será o maior desde a criação da categoria em caráter experimental em 2012, com 30 pilotos dos 114 competidores – 39 motos, 6 quadriciclos, 39 carros e 30 UTV’s.

Dentre os motivos para este crescimento da categoria estão a competitividade dos UTVs, onde o piloto faz a diferença e não o equipamento, o custo mais baixo e a própria segurança que o veículo oferece. E quem já pilotou um UTV menciona ainda o enorme prazer que o veículo proporciona.

Para saber um pouco mais sobre o assunto, decidimos conversar com dois ex-pilotos de outras categorias dentro do Rally que agora pilotam UTVs. Ambos estão na largada do Rally dos Sertões 2015 em Goiânia a bordo de seus Polaris RZR XP 1000. Motonline agradece a gentileza das entrevistas e espera que ambos cheguem vitoriosos a Foz do Iguaçu no dia 8 de agosto.

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Tatá, no alto à direita, com sua equipe: segunda participação no Sertões com UTV

Tatá, no alto à direita, com sua equipe: segunda participação no Sertões com UTV

Gustavo Rodrigues Xavier, o Tatá, começou nos karts aos 19 anos. depois foi para o rally de regularidade e há nove anos está no rally de velocidade. Disputou o Sertões com carros em 2007 e este é a segunda participação nesta competição com UTV. Venceu uma vez o Rally Piocerá, fui tricampeão da Mitsubishi Cup Nordeste e tricampeão brasileiro de Rally 4×4.

Zé Hélio: 5 vitórias no sertões nas motos; agora é com UTV

Zé Hélio: 5 vitórias no sertões nas motos; agora é com UTV

José Hélio Rodrigues Filho, o Zé Hélio, comecei com as motos aos 11 anos de idade e nunca mais se separou delas. Passou por várias modalidades pois nunca gostou de se dedicar a uma única categoria do esporte. No entanto, foi no rally que Zé Hélio se realizou profissionalmente, mas continuou se dedicando a outras modalidade por prazer. Zé Hélio já venceu o Sertões por cinco vezes.

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O que os motiva a encarar um desafio tão duro quanto uma prova como o Rally dos Sertões?

Tatá – Além da fascínio pelo rally de velocidade, todo competidor sonha em ser campeão do Rally dos Sertões. Chegar ao final da prova já é uma vitória, mas vencer o segundo maior rally do mundo é um desafio que sonho em conquistar.

Zé Hélio – Corri diversas provas internacionais e todas foram muito importantes na minha carreira. Sempre gostei de buscar desafios. Corri em muitos lugares como a África, Austrália, Hungria, Portugal, Chile, Argentina, México, Estados Unidos, entre outros. Além das três edições do Dakar. Porém, foi no Brasil onde as maiores disputas e emoções aconteceram. Venci o Sertões cinco vezes e delas três eram etapas do Campeonato Mundial, onde tive que lutar de igual pra igual com os maiores do mundo, mesmo tendo um equipamento inferior. Entretanto, a vantagem de correr em casa e entender mais sobre o terreno no Brasil me ajudaram a igualar forças e vencer.

O que os levou a decidirem competir com UTV?

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Tatá – O que me conduziu aos UTVs foi o desempenho dos veículos, além da robustez e o prazer que ele proporciona na pilotagem. Ser um concessionário também ajudou muito na decisão, pois a segurança que a marca Polaris me proporciona, facilita o meu acesso as competições.

Zé Hélio – Foram quase 20 anos nas motos. A moto sempre foi minha paixão e me trouxe muita coisa, alegrias nas vitórias e tristeza nas fraturas. Foram, sem dúvida, os anos mais felizes da minha vida. Me dediquei ao esporte e ele me devolveu muito e ajudou a formar minha personalidade. Eu gostaria de correr de moto ainda, mas decidi que a hora certa de parar chegou em 2012 e assim fiz após a chegada do Rally Dakar.

Tata em ação: sonho de vitória e de competir no Dakar

Tata em ação: sonho de vitória e de competir no Dakar

As questões relativas a custos e segurança foram decisivas nas suas decisões de partir para os UTVs?

Tatá – Foram sim, pois correr de UTV significa algo em torno de 50% do custo que eu tinha correndo de carro. No quesito segurança, me sinto tão confortável quando no tempo dos carros.

Zé Hélio – Após encerrar nas motos em 2012 tentei seguir carreira no automobilismo na mesma modalidade que corria nas motos. Participei de alguns campeonatos e me adaptei muito bem. Venci corridas na categoria mais avançada e até cheguei a ser duas vezes vice-campeão da Mitsubish Cup, em 2012 e 2013 – considerado o maior campeonato de rally de velocidade do País. Entretanto, os valores são astronômicos e me afastaram um pouco. No início de 2014 recebi o convite da Sacramento Store e da Polaris para que eu fizesse um teste. Eu teria que correr as três  primeiras etapas do ano, a bordo de um Polaris RZR XP 1000 e, se eu me adaptasse bem, eles iriam comigo até o fim do campeonato. Isso aconteceu além das expectativas. Me adaptei muito rápido.

Quais são as principais vantagens de competir com UTV?

Tatá – As competições de UTV tem um equilíbrio bem maior do que nos carros. No UTV o que pesa mais é o talento de cada piloto. O fator “bolso” dificilmente define o campeão. Além disso, o investimento para uma temporada completa ou para uma prova como o Sertões é muito menor.

Zé Hélio – A adaptação foi logo de cara, pois o UTV é uma mistura de moto com carro e eu já fazia os dois. A única dificuldade que senti comparado a moto, na minha opinião, é a mesma dificuldade que tive quando passei a correr de carro, ficar amarrado no cinto de segurança de cinco pontas. Se acostumar a escutar uma pessoa falando do seu lado e assimilar com precisão as informações. Além disso, o preparo físico exigido no UTV é bem menor que na moto, pois na moto nossa vida depende do preparo físico, o UTV é mais tranquilo, mais confortável e beeemmm mais seguro.

Qual a expectativa de cada um de vocês para o Sertões deste ano?

Tatá – Em primeiro lugar terminar a prova, mas sonho sim com o pódio lá em Foz do Iguaçu. Sei que a categoria tem duplas excelentes, que a disputa vai ser muito difícil, porém sei que ao lado do meu navegador temos condições de brigar pela vitória. Vamos lutar pela conquista.

Zé Hélio – Além de ter vencido cinco vezes, eu vi o Sertões nascer. Eu cresci junto com ele. O Sertões pra mim é muito mais que uma corrida, é um estilo de vida. Para esse ano estou bem mais preparado e mais experiente na categoria. As expectativas são as melhores possíveis.

Vocês vão competir no Rally Dakar?

Tatá – O Dakar é o maior sonho de todo piloto que corre rally. É a maior e mais difícil prova do mundo, a Formula 1 dos rallies. Quem sabe um dia com o apoio da Polaris eu não consiga chegar lá?

CZé Hélio surge da poeira: Sempre muito competitivo

Zé Hélio surge da poeira: Sempre muito competitivo

Zé Hélio – O Dakar está sempre nos planos. Vamos ver.

Quais outras competições vocês participam ao longo do ano?

Tatá – Este ano decidi me dedicar principalmente ao Sertões e estou correndo só a Alagoas Cup, no campeonato Brasileiro. Disputei o Velho Chico e ia correr o RN 1500, mas a prova foi cancelada, por conta disso, não estou disputando o campeonato. Ano passado fui campeão da Polaris Cup e em 2016 devo estar de volta a competição, pois gosto muito do estilo de prova e do ambiente familiar que temos lá.

Zé Hélio – Atualmente, estou competindo o Rally Baja. Estou na vice-liderança na categoria Super Production.

Quais foram seus melhores resultados em outras categorias – carro e moto?

Tatá – Em 2007, nos carros, fiquei em 10º lugar na Protótipos, com uma L200 RS.

Zé Hélio – Venci o Sertões cinco vezes e delas três eram etapas do campeonato mundial.

Quem vocês consideram o melhor competidor brasileiro de rally nos carros (Tatá) e nas motos (Zé Hélio)?

Tatá – Apesar dele estar afastado das competições, considero o cearense Riamburgo Ximenes o melhor piloto entre os carros. Uma pena ele não estar no Sertões deste ano.

Zé Hélio – O piloto Jean Azevedo.

A que vocês atribuem o fato de o Brasil não ser parte do circuito do Rally Dakar, apesar da prova ser disputada aqui na América do Sul?

Tatá – Acredito ser uma soma de fatores: o desinteresse político, a falta de cultura esportiva para rally, o pouco apoio da grande mídia, entre outros. Uma pena, pois seria sensacional termos o maior rally do mundo passando pelo nosso território.

Zé Hélio – Principalmente o desinteresse pelo segmento off-road. Não temos apoio da mídia.

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Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.