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Mudanças pequenas no motor deixaram a Suzuki Intruder 125 mais forte e econômica, além de novas cores

Aparentemente as mudanças são pequenas. Aliás, tão pequenas que são visíveis somente se alguém abrir o carburador, porque os novos giclês e calibragem do carburador deram 1 CV a mais no motor da Suzuki Intruder 125, já na versão 2007. A potência passou de 11,5 cv a 9.500 rpm para 12,5 cv a 8.500 rpm e o torque também teve um pequeno mas sensível acréscimo de 0,82 para 1,19 kgf.m a 8.000 rpm. O aumento na potência e torque levou a pequena custom à mesma potência específica da Honda CG 125 Fan: 100 cv/litro.

Lado esquerdo

Lado direito

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Motor Tensor de corrente

Mais do que o aumento na potência, a mudança mais notável é na curva de potência. Antes a potência máxima se dava a 9.500 rpm e agora está 1.000 rpm mais baixo. O torque máximo também se apresenta a 500 rpm mais cedo. A J.Toledo não é muito chegada a dar detalhes em seus comunicados à imprensa, mas certamente essas alterações não foram obtidas exclusivamente com a troca dos giclês. É muito provável que o comando de válvulas ou a ignição tiveram de ser alterados para antecipar as faixas de potência e torque.

Por menores que pareçam, essa nova configuração de motor deu outra vida à Intruder. A maior dificuldade dessa 125 sempre foi a retomada de velocidade. Agora o motor responde mais cedo e, de quebra, com 1.000 rpm guardadas no bolso, também ficou mais econômica e ligeiramente mais veloz.

Equipada A Intruder 125 está ganhando espaço no mercado aos poucos e de forma convincente. Em 2005 foram emplacadas 5.935 unidades – segundos dados do Denatran – e o crescimento foi gradativo. Em janeiro de 2005 haviam registros de 272 Intruder emplacadas, enquanto em dezembro esse número chegou a 700. As qualidades dessa pequena custom são visíveis: maior número de equipamentos em comparação com suas concorrentes nacionais de 125cc, estilo único, já que não existe outra 125 com este visual clássico, depois que a Kasinski parou de comercializar a Cruise 125. Por fim, um argumento de nada tem a ver com qualidade do produto, mas que tem influenciado as vendas: é menos visada pelos ladrões. Eu não gosto desse argumento, porque o roubo de motos deveria ser uma preocupação da Secretaria da Segurança das cidades e caso essa Secretaria tivesse interesse já teria reduzido esses roubos. Só que vivemos num país no qual dá-se o inverso das manifestações sociais, políticas e econômicas do resto da humanidade.

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Também deve-se destacar o bom nível de acabamento e o banco confortável para duas pessoas, incluindo até bagageiro como item original de série. Outro item louvável é o freio a disco dianteiro, equipamento raro nas 125 concorrentes. Em termos de conforto ela ainda conta com pedaleira de garupa no quadro fixo e regulagem na carga da mola do amortecedor traseiro. Para 2007 (um exagero da JToledo, já que foi apresentada em abril de 2006) foram apresentadas ainda novas cores: verde, azul escuro e vermelha, em motos custom, poderia ter uma versão preta ou em duas cores.

Forçuda Motores de baixa potência exigem muita sensibilidade para perceber quando ocorre um ganho de potência e torque, mas no caso da Intruder não foi apenas aumento do valor de potência, mas foi na redução da faixa de rotação em 1.000 rpm é que ficou mais perceptível. A principal reclamação com relação à Intruder 125 era a falta de força. Agora, além de 1 cv a mais ela se apresenta mais cedo.

Na prática isso representa uma moto mais gostosa de pilotar, mais fácil para retomar as velocidades e mais econômica. Nas medições realizadas com a moto ainda “presa” por falta de amaciamento já foi possível notar os efeitos das mudanças. A média de consumo ficou entre 28 e 33 km/litro em várias condições mistas. A velocidade máxima – também afetada pela falta de amaciamento – já mostrou um pequeno aumento chegando a 108 km/h (reais), quando antes dificilmente passava de 100 km/h. Certamente, depois de respeitado os limites de amaciamento esses valores podem melhorar tanto na velocidade, quanto no consumo. Pelos meus cálculos, o consumo pode variar de 25 a 39 km/litro dependendo da faixa de rotação utilizada. A velocidade pode ir até 110 km/h, mas dificilmente passa disso. E, por favor, não me perguntem como aumentar a velocidade da Intruder 125, porque qualquer mecânico de fundo de quintal sabe fazer isso, mas as conseqüências são: redução da durabilidade, aumento de consumo e insatisfação, porque o ganho de potência em motores pequenos é insignificante.

É interessante notar que alguns motociclistas profissionais (motofretistas) estão optando pela Intruder em função do conforto representado pela posição mais ereta de pilotagem e pedaleiras avançadas. Ou seja, tudo que a outra 125 da Suzuki, a Yes, tem de esportiva, essa Intruder tem de clássica e confortável. Como era de se esperar de um motor monocilíndrico quatro tempos, a vibração é forte, especialmente sensível nas pedaleiras. E o guidão alto e aberto requer uma regulagem pessoal para se adaptar aos diferentes biótipos dos motociclistas. Pode ser facilmente recuado um pouco porque originalmente ele está muito posicionado à frente.

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Bagageiro

Freio dianteiro

Suspensão traseira

Antipoluição

Uma das grandes vantagens em relação à concorrente mais vendida do mercado é o câmbio extremamente macio e silencioso. Se a idéia for rodar o dia inteiro, com milhares de trocas de marchas, esse detalhe aparentemente inofensivo faz uma bruta diferença.

No meu teste escolhi a mesma serra cheia de curvas que costumo usar em todos os testes. Como na minha saudosa Intruder 250, a suspensão é bem macia e pode ser controlada pela regulagem da tensão da mola. Para uma pessoa padrão (70 kg) a regulagem pode ser mantida na posição intermediária. Os pneus originais são Pirelli, de “temperamento” bem civil, mesmo assim, como bom maníaco que sou, inclinei a motoca nas curvas até rasparem as pedaleiras.

Eu vejo como grande vantagem da Intruder a suspensão de curso longo, quase como uma trail, mas em uma moto de desenho urbano. Ela até aceita a instalação de um pára-brisa que iria melhorar o conforto, sem agredir o visual. Mas lembre que aumenta o consumo e reduz a velocidade! Aliás, na “minha” Intruder 125 eu colocaria tanto o pára-brisa quanto um sissy-bar (apoio de costas) para garupa. Não chegaria ao pontod e fazer uma mini-Harley, porque acho ridículo, mas iria aproveitar o desenho customzinha pra usar e abusar do maior conforto.

Silencioso é também o motor e o escapamento. Claro que terá sempre um pentelho disposto a retirar o restritor do filtro de ar para “andar mais” e isso irá aumentar a emissão de ruídos. Falando em emissões, o motor das 125 Suzuki já estão equipadas com sistema anti-poluição batizado de Pair. Como já expliquei aqui, trata-se de uma forma de injetar ar na saída do cano do escapamento. Esse sistema simplesmente joga mais água no feijão, porque ele não reduz a poluição, na prática, apenas dilui a quantidade de CO2 dispensado na atmosfera. Está dentro da lei, porque a regulamentação exige que a emissão seja em partes por milhão (quem criou a regulamentação “esqueceu” desse detalhe). Ou seja é uma medição física que conta quantas partículas de CO2 são expelidas por cada litro de ar, (não sei as medidas exatas). Todas as motos pequenas vendidas no Brasil com esse sistema aumentam a quantidade de ar de forma que cabe menos CO2 no medidor. Ou seja, não passa de uma maneira técnica de injetar incipiente, também conhecido em formulação química como QSP (quantidade suficiente para).

Em compensação, o motorzinho da Intruder 125 (e da Yes) conta com o tensor de corrente de comando de regulagem manual e não automático. A vantagem desse método manual é evitar o desgaste prematuro da corrente e deixar o motor mais silencioso. Por outro lado, como a maioria dos motociclistas brasileiros detesta ler manual e desconhece (ou ignora) a necessidade de levar a moto para fazer as revisões periódicas, corre-se o risco de “esquecer” de regular o tensor, a corrente do comando escapar do trilho e mandar o motor pro espaço. Tenho certeza que a Honda optou pelo tensor automático em suas 150 por esse motivo.

Em suma, a Suzuki Intruder 125 é uma boa opção de entrada do mercado. Há itens que podem melhorar, é claro, como a trava do guidão na coluna, antiquado e até perigoso. E os pneus com câmara. Não dá pra entender porque uma moto equipada com rodas de liga leve seja equipada com pneus com câmara, quando se sabe que o pneu tubeless representa mais segurança ao motociclista.

Comparando com as outras 125 do mercado (cuidado, não inclua as 150), a Intruder oferece uma boa relação custo benefício. Cabe ainda fazer uma investigação cuidadosa com relação à manutenção junto às concessionárias, sobretudo de itens mais comuns como relação coroa/corrente/pinhão, lâmpadas, pastilhas/lonas e não só com relação ao preço, mas também à disponibilidade de peças. Se em 2005 a Suzuki colocou nas ruas 23.553 motos com cinco modelo só na faixa 125, em 2006 esse número pode crescer muito.

Ficha Técnica Intruder

Motor 4 tempos, monocilindro com 2 válvulas, ohc, refrigeração a ar Cilindrada 124 cm³ Diâmetro e curso 57,0 mm x 48,8 mm Taxa de compressão 9,05:1 Transmissão 5 velocidades Sistema de transmissão Corrente Sistema de lubrificação Cárter úmido Alimentação Carburador Mikuni VM22 – Mecânico Ignição tipo Eletrônica digital Sistema de partida Elétrico Comprimento total 1.945 mm Largura total 815 mm Altura total 1.110 mm Distância entre eixos 1.280 mm Distância do solo 175 mm Altura do assento 735 mm Peso seco 107 kg Suspensão dianteira Telescópica de amortecimento hidráulico Suspensão traseira Balança articulada, amortecedores hidráulicos com cinco regulagens da pré carga da mola Freio dianteiro Disco de 220mm , com acionamento hidráulico mordido por pinça deslizante de pistão simples Freio traseiro Tambor de 130mm, acionamento mecânico com sapatas expansoras internas Pneu dianteiro 2.75 – 18 42p com câmara Pneu traseiro 3.25 – 16 55p com câmara Tanque de combustível 10,3 litros Óleo do motor 0,95 litros (com troca do filtro) Potência máxima 12,5 CV À 8.500 RPM Torque máximo 1,19 KGF.M Á 8.000 RPM Cores Verde, Azul, Preta e Vermelha

Site da Suzuki: http://www.suzukimotos.com.br/

Tite
Geraldo "Tite" Simões é jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos BikeMaster e Abtrans.