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Com a participação dos melhores pilotos do mundo, começou nesta quinta-feira (21/08), em Goiânia (GO), a programação oficial da 22ª edição do Rally dos Sertões, válido pelo Campeonato Mundial de Rally Cross Country nas categorias motos e quadriciclos. A largada para a primeira etapa será no domingo (24/08), entre a capital de Goiás e Caldas Novas (veja detalhes abaixo).

A competição conta com mais três categorias (carros, caminhões e UTVs – uma espécie de buggy) e terminará dia 30 de agosto, em Belo Horizonte, depois de 2.609 quilômetros no total, sendo 1.573 cronometrados – válidos para a soma dos tempos que determinará os vencedores. Sete cidades de Goiás e Minas Gerais vão receber a caravana da prova, que tem cerca de 200 pilotos participantes. A briga pelo Mundial será de arrepiar nas motos e deve monopolizar as atenções da mídia, já que emissoras de TVs de vários países irão exibir as imagens da competição.

Jean Azevedo, piloto da Equipe Honda Mobil de Rali, participa do vídeo Harmonia no Trânsito

Jean Azevedo foi o brasileiro melhor colocado em 2013 - foto de Fábio Davini

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O brasileiro Jean Azevedo, da Equipe Honda Mobil, é forte candidato ao título e o piloto com mais participações no Rally dos Sertões (fará em 2014 a 19ª, sendo 15 de moto e quatro de carro). Paulista de São José dos Campos, ele busca mais uma vitória em duas rodas. “Quero conquistar o hexacampeonato nas motos, um título inédito em 22 anos de história da competição”, diz Jean, que pilotará uma Honda CRF 450X. A Honda terá ainda mais dois pilotos que representarão a equipe de fábrica, os portugueses Paulo Gonçalves, campeão do mundo em 2013, e Helder Rodrigues, 5º colocado no Dakar 2014.

A lista de favoritos nas motos é grande, tanto na classificação geral quanto nas categorias. Além do trio Paulo, Helder e Jean, outros pilotos são candidatos à vitória, como o espanhol Marc Coma, tetracampeão do Dakar; David Casteu (França), Sam Sunderland (Grã-Bretanha), Ruben Faria (Portugal), Jordi Viladoms (Espanha) e os brasileiros Nielsen Bueno e Júlio Zavatti, o “Bissinho”, os irmãos Guto e Ike Klaumann, da Klaumann Team, e Ricardo Martins.

“Vamos assistir a um Sertões bem difícil e extremamente disputado, já que os melhores pilotos do mundo estarão no Brasil. Vamos lutar pelo título na geral e também nas categorias. Estamos bem preparados em busca da vitória e com ótima infraestrutura”, garante o mineiro Dário Júlio, chefe de uma das maiores equipes brasileiras nas motos.

Programação:
21 e 22/08 – Vistorias técnicas e administrativas
23/08 – Prólogo às 10 horas (autódromo)
23/08 – Largada promocional às 19h30 (autódromo)
24/08 – Largada para a primeira etapa entre Goiânia e Caldas Novas
30/08 – Chegada em Belo Horizonte

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ETAPA a ETAPA

1ª ETAPA – GOIÂNIA (GO)/CALDAS NOVAS (GO)
24/08 – domingo
Deslocamento Inicial: 40,5 km
Trecho Cronometrado: 155,65 km
Deslocamento Final: 20,06 km
Total: 216,21 km

O primeiro dia de prova terá uma especial com boa quilometragem. Serão duas zonas de radar, sendo que na segunda haverá um abastecimento. Esta etapa é muito importante para os ajustes dos equipamentos e dos conjuntos. O começo será sinuoso, com muitos mata-burros, lombas e depressões. Depois, a prova continua em um trecho de estradas de fazendas mais rápido, com travessias de riachos. Na sequência, os competidores entram em um trecho mais travado, com muitas descidas e subidas. Nos últimos quilômetros, a especial fica mais tranquila, com estradas de média e algumas trilhas em fazendas, seguindo assim até o final.

2ª ETAPA – CALDAS NOVAS (GO)/CATALÃO (GO)
25/08 – segunda-feira
Deslocamento Inicial: 39,54 km
Trecho Cronometrado: 202,23 km
Deslocamento Final: 18,59 km
Total: 260,36 km

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Agora o rali começa para valer. Após um deslocamento rápido, o início da especial tem estradas mais travadas de fazendas e trechos de velocidade média, variando com algumas trilhas de belo visual. A prova segue em uma região de canaviais e plantações de eucaliptos, onde a velocidade aumenta muito. Após uma zona de radar (travessia de cidade e abastecimento), a etapa permanece travada em estradas menores, com muita navegação até o final.

3ª ETAPA – CATALÃO (GO)/PARACATU (MG)
26/08 – terça-feira
Deslocamento Inicial: 22,20 km
Trecho Cronometrado: 209,86 km
Deslocamento Final: 128,39 km
Total: 360,45 km

Após um pequeno deslocamento inicial, a especial começa com piso bom e com velocidades variadas de média e alta, alternando trechos de piçarra com estradas de cascalhos. É uma especial dura e técnica. Serão três zonas de radar nesta etapa. A especial fica travada e sinuosa com estradas de fazenda e trilhas. O último terço da especial será em uma plantação de eucaliptos com muitas curvas e que exigirá muita navegação. O deslocamento final terá 80 km de terra em estrada boa.

4ª ETAPA – PARACATU (MG)/SÃO FRANCISCO (MG)
27/08 – quarta-feira
Deslocamento Inicial: 135,24 km
Trecho Cronometrado: 363,85 km
Deslocamento Final: 86,21 km
Total: 585,30 km

Depois de um deslocamento inicial com 80 quilômetros de terra, a especial começa com estradas menores com muitas depressões, pedras e fazendas. Os competidores terão pela frente trechos de areia que lembram muito a região do Jalapão. O trajeto passará pela “Vereda da égua”, que inspirou Guimarães Rosa na obra Grandes Sertões Veredas. A prova segue por estradas mais rápidas, alternando piso duro, cascalho e areia. A etapa contará com três travessias de rios e dois pontos de abastecimento. No último trecho, a prova fica mais rápida e sinuosa, seguindo assim até o fim da especial. O deslocamento promete ser tranquilo até a travessia da balsa em São Francisco.

5ª ETAPA – SÃO FRANCISCO (MG)/DIAMANTINA (MG)
28/08 – quinta-feira – MARATONA
Deslocamento Inicial: 223,57 km
Trecho Cronometrado: 335,98 km
Deslocamento Final: 85,89 km
Total: 645,44 km

Esta é a maior etapa de 2014. O deslocamento inicial será longo e por asfalto, com um pequeno desvio de 15 km por terra, bem sinuoso e estreito. A etapa “Maratona” começa no início da especial. Logo após a largada haverá um trial de aproximadamente 5 km em uma serra com muitas erosões e pedras. Em seguida, a prova fica rápida com muito cascalho. Depois, passa por um longo trecho de reflorestamento bem sinuoso e com muita navegação. Logo após o abastecimento, o ritmo diminui com muitas trilhas que lembram a região da Canastra. O trajeto fica travado até a travessia do Rio Jequitinhonha. Deste trecho até o final, muitos mata-burros, lombas e estradas de fazenda. O deslocamento final será em zona de velocidade controlada (radar) até o parque fechado em Diamantina.

6ª ETAPA – DIAMANTINA (MG)/DIAMANTINA (MG)
29/08 – sexta-feira
Deslocamento Inicial: 0 km
Trecho Cronometrado: 178,87 km
Deslocamento Final: 25,42 km
Total: 204,29 km

Como os competidores dentro da “Maratona”, a especial começa na saída do parque fechado. Os participantes passarão por uma zona de radar inicial de 19 km. É sem dúvida uma das mais belas e completas especiais. Terá passagem por trechos estreitos de uma antiga ferrovia com muitas pedras, erosões e muita navegação. A prova fica mais rápida com estradas de média velocidade. A etapa terá duas zonas de radar. Na sequência, o trecho segue bem travado, com subidas de serra, com muitas curvas, erosões, pedras, travessia de rios e um visual fantástico. O último quarto da prova é mais rápido em estradas de piçarra e cascalho predominando estes pisos até o final da especial.

7ª ETAPA – DIAMANTINA (MG)/BELO HORIZONTE (MG)
30/08 – sábado
Deslocamento Inicial: 54,38 km
Trecho Cronometrado: 125,88 km
Deslocamento Final: 151,96 km
Total: 336,96 km

A última etapa começa com um deslocamento inicial de 54 km por estrada de terra. A especial será rápida, com piso de cascalho e travessia de rio. Depois, segue por estradas de piçarra com muitas lombas e mata-burros. A prova segue por um trecho de trial, subindo e descendo uma serra. A última parte é mais rápida, porém muito sinuosa. O deslocamento final será por asfalto até a chegada em Belo Horizonte, na Praça Geralda Damata Pimentel, na Lagoa da Pampulha, próximo à Igreja de São Francisco de Assis.

A quarta e a quinta etapas devem ser decisivas para o Sertões 2014. Na quarta-feira, entre Paracatu e São Francisco, em Minas Gerais, os competidores vão enfrentar o trecho cronometrado mais longo da competição, com 363,85 quilômetros. E para complicar ainda mais a vida dos pilotos e equipes, no dia seguinte, entre São Francisco e Diamantina, o dia será “Maratona”, ou seja, os pilotos não poderão contar com equipes de apoio e assistência mecânica. Quem superar bem esses dois dias terá grandes chances de vitória.

Roteiro do Rally dos Sertões 2014

Roteiro do Rally dos Sertões 2014

ENTENDA O RALLY DOS SERTÕES

O que é: competição disputada em estradas de terra, com muita pedra, poeira, travessia de rios, serras, areia fofa, dunas e trilhas onde os competidores não conhecem o roteiro antecipadamente e usam a “planilha”, uma espécie de mapa que indica o caminho. Eles só recebem a planilha na véspera de cada largada. A categoria moto é a mais difícil e atraente de um rali, já que piloto de moto também precisa navegar (seguir a planilha); Já carros, caminhões e UTV’s têm piloto e navegador. Ou seja, um dirige e outro vai “indicando o caminho”.

Como é: a organização bloqueia as estradas e o caminho fica “livre” para os competidores. Mas às vezes aparecem pela frente algumas carroças, animais, caminhões de leite e etc.

A largada: ao contrário de outras corridas, onde todos largam juntos do grid, como no Superbike e Fórmula 1, no rali é diferente. Os pilotos largam um a um, com intervalos que podem variar entre 2 minutos e 30 segundos. Algumas provas, em busca de inovação, como o Dakar, já fizeram largadas com todos juntos em pleno Saara ou de dois em dois e etc.

O que é trecho especial: o trecho chamado de “especial” é aquele onde os competidores realmente podem acelerar à vontade e correm contra o relógio – cronometrado. A soma do tempo de cada dia determinará os campeões.

O que é deslocamento: existe o deslocamento “inicial” e o “final”. O inicial é o trecho entre a cidade dormitório até o ponto da largada em uma estrada de terra. Às vezes esse deslocamento pode chegar a 100, 200 e 300 quilômetros de distância. Às vezes não há deslocamento, já que a largada pode ser na própria cidade. A chegada idem. Exemplo de deslocamento e especial: imagine uma etapa entre São Paulo e Rio de Janeiro. Os competidores saem da Avenida Paulista e vão até São José dos Campos pela Dutra. Devem obedecer as leis de trânsito e etc. Esse é o deslocamento inicial. A etapa especial começa em São José dos Campos, por estradas de terra (trecho cronometrado). Depois há um deslocamento final até a praia de Copacabana.

O que é etapa Maratona: criada para dar mais “emoção” à competição, a etapa Maratona proíbe que mecânicos e equipes de apoio façam a manutenção dos veículos no final do dia – tarefa reservada aos próprios pilotos e navegadores. Essa etapa é a mais emocionante porque os participantes precisam saber poupar os veículos, peças, etc, já que não contarão com a ajuda dos mecânicos e grandes peças de reposição.

O rali é em um circuito fechado, como um autódromo?: o rali, na maioria das vezes, é feito em linha entre uma cidade e outra. Os pilotos param e dormem cada dia em um ponto. Mas algumas provas têm o formato de laço, com largada e chegada na mesma cidade. Essa é uma das alternativas para diminuição de custos para organização e competidores, já que não são feitos deslocamentos de toda a infraestrutura.

Como é definido o campeão: o rali tem a Geral, entre todos os competidores, e várias categorias, dependendo da preparação dos carros, motos, caminhões, quadriciclos e UTVs. O campeão do rali é determinado pela soma dos tempos das etapas especiais. Quem fez todo o rali em menor tempo é o campeão.

RALLY DOS SERTÕES EM NÚMEROS
► A prova terá 2.608,98 quilômetros de percurso total
► 1.572,32 quilômetros de especiais (trechos cronometrados)
► Sete etapas e sete cidades:
– Goiânia, Caldas Novas e Catalão, em Goiás, e
– Paracatu, São Francisco, Diamantina e Belo Horizonte, em Minas Gerais
► 126 equipes (motos, quadris, UTVs, carros e caminhões)
► 198 competidores: 39 nas motos, 17 nos quadris, 42 nos UTVs, 86 nos carros e 14 nos caminhões
► Pilotos de dez países: Brasil, África do Sul, Argentina, Chile, Espanha, França, Polônia, Portugal, Reino Unido e Uruguai