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A saudade é a mais sólida expressão de que alguém marcou sua vida. A última viagem dessa temporada é também a primeira que se faz na próxima, pois marca a passagem. Não vamos juntos, mas com certeza um dia cada um de nós integrará o comboio de espíritos motociclistas que percorrem o plano espiritual, levando alegria a todos a que encontram.

Avante sempre amigos do Bando do Macaco, da União dos Motociclistas de Lavras, do Motonline.

Avante sempre motociclistas!
E não se intimidem com a precariedade das estradas, o desrespeito vindo não só de motoristas e pedestres, mas principalmente de governos e legisladores que, eivados de corrupção, buscam empurrar garganta abaixo leis ridículas e obrigações inóspitas ao meio motociclístico. Poder público esse que nos tratam como marginais em potencial.

Mesmo em um acidente em que estamos certos, costumam tentar inverter as posições para “provarem” que sempre somos nós, os motociclistas que causamos acidentes. Nem autoridades que deveriam nos proteger o fazem. Avançam sinais em nome de uma suposta “segurança pública” calcada na inserção em seus contracheques de gratificação de desempenho. Saem, pois, cada vez mais desrespeitando as pessoas de bem, que agem com boa-fé no seu dia a dia e, ao ir de encontro a um grupo dessas “autoridades”, terminam por encerrar inesperadamente uma encarnação (ou vida) e deixar famílias mergulhadas na tristeza e por muitas vezes acéfalas.

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Mas os governantes e legisladores estão satisfeitos, os corruptos estão satisfeitos, os empresários estão satisfeitos pois no Senado uma integrante daquela Casa, subsidiada sei lá por quem, vem conseguindo tramitar um projeto que mais uma vez beneficiará aos cofres de empresários e poderá fazer com que mais da metade dos motociclistas abandonem por falta de condições financeiras o uso da motocicleta no seu dia a dia, uma vez que um air-bag [cuja eficiência ainda não consegui ver comprovada] proposto como de uso obrigatório custa, segundo o representante de uma fabricante, cerca de R$1600,00. Somado aos demais itens de segurança chegará a onerar em demasia a muitos motociclistas e motoboys.

Daí duas coisas, ou muitos vão parar de andar ou andarão irregularmente, podendo a partir de então atenderem pelo jargão de “motoqueiros”. Mas os empresários estarão cada vez mais ricos, os cofres públicos cada vez mais recheados e os corruptos recebendo benesses pela aprovação de mais uma famigerada lei.

Durante um encontro no mês de junho foi feita para mim e minha garupatroa uma demonstração do colete com air-bag. Fiquei até tentado a comprar um para uso em minhas viagens. Mas, no dia a dia em uma cidade como a minha é difícil pensar eu utilizá-lo. E ao pensar nos motoboys então? Como prender e desprender o cabo do air-bag a toda hora? Para mim fica a resposta: – Sem chances! Vão colocar (aqueles que puderem comprar) o colete ou a jaqueta e não vão prender o cabo. Daí advém um gasto sem benefício. Além do que, cada recarga do gás carbônico utilizado a cada acionamento, conforme me foi informado, custa cerca de R$70,00, mais frete, é claro.

A história do air-bag me lembrou a da obrigatoriedade de manutenção no automóvel de um kit de primeiros socorros da década de 1990. Na época meu então patrão faturou muito com a venda. E cada um que chegava para comprar se questionava em para o que serviria aquilo, se ele não sabia nada de primeiros socorros. E não sabem. Mas as autoridades acham que a inserção daquela matéria ridícula no currículo do curso de legislação pode ajudar. Ninguém sabe nada de nada. Fui um que ao renovar minha CNH, foi pego de surpresa ao ser informado que precisava fazer aulas com novos conteúdos (nem me lembro deles). Mas fiz o que tinha de ser feito para continuar tendo minha CNH. Mas muita gente tem ganhado muito com isso tudo. E cada vez inventam algo novo para extorquir dinheiro do brasileiro. Plagiando a história de Guliver, um gigante (o povo) sucumbido por um grupo de anões. Anões no sentido figurado, do orçamento, do mensalão, ante a sua pequenez moral e ética. Enfim, ante a sua falta de respeito e… de honestidade. Isso tudo é tão triste quanto perder mais um amigo, vítima do sistema falho.

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Saudades dos amigos que se foram e daqueles que há muito não vejo.