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Yamaha Tmax 500, ainda ausente no nosso mercado

Yamaha Tmax 500, ainda ausente no nosso mercado

Antes de iniciar a leitura deste texto é necessário que você esqueça a sua paixão por motocicletas. Desconsidere que você tem com sua moto uma inexplicável e insensata relação amorosa com um objeto inanimado feito de lata, plástico e borracha, e ainda que você acha os scooters ridículos e não consegue imaginar alguém gostando de andar “naquilo”.

Enquanto ler, pense como as mulheres, cujo senso prático é de longe mais evoluido que o nosso e não deixam a emoção falar mais alto quando o assunto é veículos. Elas, com raras exceções, analisam a escolha pela praticidade e os benefícios que o veículo lhes oferece, como facilidade de pilotagem, espaço para bagagens, proteção aerodinâmica, entre outros, e acabam optando pelos scooters.

Comparativo de características de cada tipo

QUESITO MOTO SCOOTER
Bagagem É o calcanhar de aquiles das motos. Oferece apenas um pequeno bagageiro onde a bagagem é fixada com o uso de extensores elásticos. Permite a instalação de bauleto, que ameniza o incômodo mas não representa um acréscimo, já que o bauleto inutiliza o bagageiro, sendo que alguns acham que ele enfeiam a moto. Praticamente todos os scooters oferecem bom espaço para bagagem sob o banco, mantendo estas longe dos olhares e alcance dos “amigos do alheio”. Em alguns o espaço é suficiente para acomodar até dois capacetes, além do pequeno porta-objetos da coluna frontal. Permitem também a instalção de bauletos, o que acrescenta espaço para bagagens.
Proteção O piloto fica exposto ao vento, ao frio e às sujeiras ou barro levantados pela própria moto ou pelos carros. O que mais suja são os sapatos e a parte inferior da calça.  Outro item que “sofre” sáo os calçados que se deformam pelo uso do pedal de câmbio. Dotados de painel frontal e bolha acrílica, oferecem boa proteção à roupa e ao piloto contra o vento, sujeira, frio e chuva. Como não tem pedal de câmbio, os calçados não são danificados. Permite o uso de roupas mais sofisticadas como paletó e gravata, apesar de desaconselhável pelo aspecto de segurança.
Posição de dirigir Posição montada Posição sentada
Respeito Nos dias de hoje as motos são vistas com desconfiança pelos motoristas e por isso são consideradas “inimigas” no trânsito. São vistos com mais simpatia pelos motoristas, gerando mais gentileza no trânsito, o que se traduz em segurança para o piloto.
Rodas Dotadas de rodas maiores, encaram melhor as imperfeições das pistas de nossas ruas e estradas. Oferecem suspensões de maior curso o que se traduz em  maior conforto. O tamanho de suas rodas variam de 10 até 16 polegadas. Quanto menor seu diâmetro, maior será o desconforto ao se enfrentar estradas ou ruas esburacadas, entretanto não é um bicho de sete cabeças, como explicarei abaixo.
Preço de compra Mais baratas que os scooters. Por oferecer a “lataria” ausente nas motos, custam ligeiramente mais caro.
Manutenção Mais barato que nos scooters Talvez pelo menor número de unidades vendidas, os scooters ainda tem seu preço de manuteção mais alto que o das motos.
Impostos/DPVAT Igual para ambos Igual para ambos
Roubo Visada por ladrões Pouquíssima incidência de roubos.
Câmbio Manual, por alavanca no pé. Automáticas, é só acelerar.

Lembro-me que há pouco mais de 20 anos, carro de quatro portas era só taxi e quem tinha um sofria com as chacotas; câmbio automático então, era destinado apenas às pessoas com necessidades especiais. Hoje as coisas são diferentes.

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Honda Spacy 125

Honda Spacy 125

Carro com quatro portas vale até 10% a mais que o equivalente de duas portas e o câmbio automático passou a ser objeto de desejo de todos, que querem ter o tiptronic e as borboletinhas atrás do volante. Isso prova que os conceitos mudam com o passar do tempo e, acredito, num futuro bem próximo os scooters passarão a ser vistos com outros olhos pelas pessoas que hoje “torcem o nariz” quando se fala deles. Veremos nossas ruas infestadas de scooters, a exemplo da Itália e de países asiáticos e, quem sabe, você pilotando o seu, vencendo o preconceito.

 

Participo de alguns fóruns e quando o assunto é scooter as argumentaçôes de maior ênfase contra eles baseiam-se no reduzido tamanho das rodas, com a alegação de que esse detalhe os torna inseguros e quase “impilotáveis”.

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Yamaha BW'S 50

Yamaha BW'S 50

Fala-se na falta de robustez mecânica, afirmando-se que os scooters não transmitem a cofiabilidade necessária para uso contínuo. Entretanto, perguntando-se à pessoa se já teve algum scooter, a resposta é quase sempre a mesma: NÃO. Ou seja, apesar de não haver sequer  andado em um, emitem opiniões sobre as “impressões”  colocadas apenas baseadas na simpatia ou antipatia e de forma enfática como se fossem verdadeiras, formando uma imagem deturpada para os menos informados.

Em minha casa tivemos dois scooters de uso da minha esposa, um Yamaha BW’S 50 e um Honda Spacy 125, ambos com rodas de 10 polegadas, os quais tive que usar por algum tempo por ter ficado sem carro. Asseguro que não passei por nenhuma situação que me colocasse em risco de queda por causa das rodas pequenas em pisos irregulares. Claro que eles não enfrentam esses obstáculos com a mesma desenvoltura das motos, mas os ultrapassam com muita segurança, cabendo ao piloto mudar seu jeito de pilotar, sendo mais observador e cuidadoso.

Honda Lead 110 - Monocilíndrico, injeção, roda de 12"(D) e 10" (T)

Honda Lead 110 - Monocilíndrico, injeção, roda de 12"(D) e 10" (T)

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Com a chegada dos médios e grandes scooters, como os Suzuki Burgman 400 e 650 e o Dafra Citycom 300, estes passaram a ser oferecidos com rodas maiores (13/14 polegadas na Suzuki e 16 polegadas na Dafra) o que torna sua pilotagem quase tão tranquila como nas motos. Se compararmos com nossos carros populares, quase todos na versão básica saem de fábrica com aro de 13 polegadas e rodam em estradas ruins sem qualquer problema.

Quanto à robustez mecânica, observo os anúncios de venda de scooters em jornais e sites e com frequência vejo estes com 30 ou 40 mil km rodados, ainda em perfeitas condições mecânicas. Outro exemplo que cito aconteceu no Primeiro Encontro Nacional Motonline realizado em Curitiba no início do mês de outubro de 2010, quando um motonliner corajoso viajou com uma Burgman 125 aproximados 1.000 km (Indaiatuba-Curitiba-Indaiatuba) sem problemas de qualquer tipo.

Suzuki Burgman 125 - Monocilíndrico, carburador, rodas 10" (D e T)

Suzuki Burgman 125 - Monocilíndrico, carburador, rodas 10" (D e T)

 

O crescente número de emplacamentos de scooters, citados nas estatísticas do Denatran e Abraciclo prova que eles (os scooters) estão conseguindo quebrar o preconceito, caindo no gosto dos brasileiros que os estão adotando como veículo de lazer e de trabalho. Muitos inclusive os adotam em substituição ao transporte coletivo ou mesmo como segundo veículo de duas rodas, deixando a moto grande em casa para ser usada apenas em viagens.

Nesse primeiro momento o maior número de compradores são aqueles que os elegeram como primeira moto, mas são comuns situações em que houve a migração da moto para o scooter. Este é o caso de um vendedor de produtos alimentícios que atende ao meu bairro. Ele trocou sua Honda Titan por uma Burgman 125 que já rodou quase 35 mil km e parece ser nova ainda. Segundo ele, a troca ocorreu principalmente por causa do espaço para os catálogos de venda e o capacete sob o banco, mas com o tempo ele percebeu suas vantagens e hoje somente o trocaria por outro scooter, com um pouco mais de potência.

Dafra Citycom 300 - Monocilíndrico, injeção, rodas 16"(D e T)

Dafra Citycom 300 - Monocilíndrico, injeção, rodas 16"

 

Observamos também pessoas engravatadas e mulheres com roupas sociais, evidenciando que estão indo ou voltando do trabalho. Fica a ressalva de que esses trajes não são recomendáveis sob o aspecto segurança – devemos andar equipados, prevendo sempre alguma situação de risco.

Esse crescimento das vendas despertou o interesse dos fabricantes, que estão recheando o mercado com novas opções. Dentre os modelos mais vendidos atualmente estão: Honda Lead 110, Suzuki Burgman 125, Dafra Smart 125, Dafra Citycom 300, Suzuki Burgman 400 e 650.

O leque de opções tende a crescer com a chegada de novos modelos já comercializados em outros países, como é o caso da Honda que pode trazer seus modelos Silver Wing de 400 e 600 cc ou o seu mais recente produto o PCX 125. Quanto à Yamaha a opção seria o Tmax de 500 cc (scooter mais vendido na Italia) ou sua linha Majesty que já andou pelo nosso mercado com um modelo de 250 cc. Além desses fabricantes de tradição por aqui, no mercado europeu existem outros que podem vir a se interessar pelo Brasil e instalarem-se aqui, como Malaguti, Piaggio e Aprilia, entre outros.

Suzuki Burgman 650 - Bicilíndrico, injeção, rodas 15"(D) e 14"(T)

Suzuki Burgman 650 - Bicilíndrico, injeção, rodas 15"(Dianteira) e 14"(Traseira)

 

Pela versatilidade do câmbio automático, os scooters estão propiciando o nascimento de outro nicho de mercado que é o de modificar scooters, transformando-os em pequenos tricíclos, produto destinado ao uso por pessoas que não querem ter que se equilibrar em duas rodas e também para portadoras de necessidades especiais, como é o caso do Sun Trike, objeto de recente matéria do Motonline.

Portanto, meu amigo leitor, prepare-se que você ainda vai ter o seu scooter, nem que seja como segunda moto e vai gostar muito dele, com certeza.

 

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