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Não esperem de mim um relato tradicional, daqueles que adoro ler, onde os viajantes contam detalhadamente por onde passaram, os melhores lugares, as melhores paradas e aqueles mil etcéteras que nos levam juntos na garupa enquanto lemos.

Acabo de fazer uma viagem fantástica, de São Paulo (SP) até Porto Alegre (RS), ida e volta, totalizando mais ou menos uns 3.500 km. Fui com minha cada vez mais amada Moto Guzzi Jackal 1.100cc, para lançar lá no Sul o meu filme “Alma Selvagem, amor por motocicleta”, estrelado pelo velho e querido amigo-fratello Geraldo “Doctor Tite” Simões, que sabe tudo sobre motocicletas, motociclistas e muitas outras coisas mais. Renzo, Cezar Fuchs, Cassola e Jaime Nazário

Renzo e Alexandre Sampaio, diretor adjunto de motovelocidade da Federação Gaúcha de Motociclismo

Esperando terminar a tempestade: junto com Jaime e o César da Yamaha R6

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No sítio em Viamão…

secando as motos, as roupas e as idéias

Eu no palco (gasp),

Gisele Flores, Rita Jardim e Taila Porto

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No Sul, fui tri-bem recebido e acompanhado pela Gisele Flores e Jaime Nazário, o casal mais motociclista que conheci nos últimos anos. Além de motociclistas, são jornalistas especializados, marqueteiros no melhor sentido da palavra e também pilotos. Foram eles, com sua agência de marketing e conteúdo Sobre Motos, que cuidaram do planejamento e organização do lançamento do filme Alma Selvagem no Sul, de uma maneira absolutamente profissional mesmo para quem como eu, está acostumado a trabalhar com grandes agências de publicidade, eventos e promoções. Isso se deve à minha atividade no cinema publicitário nos últimos 20 anos, com a minha Bulls Eye Filmes (www.bullseyefilmes.com.br). Eles foram o máximo. Show!

Preparativos: Por falta de tempo, nem pensei muito nisso. A Guzzi tem fama mundial de inquebrável e como a uso todos os dias, está sempre mais ou menos em ordem. Aliás, o nome dela é Cássia Eller, pela Sarachuniana voz de trovão e seu jeitão machudo, rs. Antes da partida, cismei em dar uma espiada nas velas e passei na Moto Four, oficina especializada em clássicas e antigas, do Toné e Ederson, que conheci durante as filmagens do Alma Selvagem. Santa cisma: quando o Toné tirou o cachimbo da vela, ele se esfarelou na mão. A cerâmica da vela também estava quebrada e na hora de tirá-la soltou pedaços. Talvez fruto de um pequeno tombinho meses atrás. Sem contar que ele percebeu umas trincas na estrutura do suporte das malas laterais que não agüentariam os trancos da viagem. A Guzzi é 2001, mas com sua experiência em clássicas, o Toné resolveu tudo em poucas horas. Outra providência quase divina foi ter feito, alguns dias antes, algo que fez a minha Cássia Eller mudar totalmente: um novo banco, feito a mão com uma espuma artesanal, pelo famoso Pedrinho (www.pedrinhobancos.com.br). Sei que parece exagero, mas foi como sair de uma antiga Montesa H7 para uma Gold Wing 1800, ano 2008. Fazer um banco lá, realmente vale muito a pena. Juro que nunca mais sento num banco original de fabrica!

A ida: Saí de Sampa na sexta ao meio dia, debaixo de uma chuva deliciosa que aliviava o calor e fazia um spray bacana me acompanhando. Com estradas bem razoáveis, pilotei até Biguaçu, na praia de São Miguel, em frente à Floripa. Empanturrei-me de frutos do mar e no dia seguinte acordei cedo e já com sol, toquei -numa estrada cheia de desvios, buracos, desvios, consertos, desvios e muitos argentinos – que andam olhando a paisagem linda em vez de olhar a pista – até Atlântida Sul, onde rolava a festa do Cassola, o motociclista-ícone gaúcho. Nota 10, um belo encontro, onde comecei a conhecer a gauchada motociclista. Ajudei a devorar um boi no rolete e conheci muita gente boa, de alto astral e alma selvagem.

Depois da confraternização, fomos para o sítio da Gisele e Jaime em Viamão e de lá, para Porto Alegre, no domingo, debaixo de um temporal cinematográfico, de Suzuki Hayabusa, Sundonw, Yamaha R6 e Moto Guzzi. Irado!

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Porto Alegre: Lá também deu tudo muito certo. Divulgamos o filme em entrevistas para TV e jornais, abrimos o primeiro ponto de venda do DVD (Speed Motor, revenda multimarcas na Av. Brasil, 1113) e finalizamos com um evento muito gostoso no Pub John Bull, onde depois de mostrar alguns trailers do filme e autografar dvds para o público, assistimos a um belo show de rock. O lugar é fantástico e tem tudo a ver com nossos assuntos. Subir num palco e falar não é a minha especialidade, mas a presença e acolhida dos motociclistas “de raiz” da cidade criaram um clima realmente mágico, que acabou deliciosamente em torno de uma mesa típica, de fazer um vegetariano passar mal. Preciso voltar para lá com urgência.

A volta: Antes de apontar a proa para Sampa, passei por Igrejinha, perto de Gramado, para finalmente conhecer pessoalmente a fabrica e show-room da Bannypel Moto Wear, que foi uma das patrocinadoras do filme. Estamos preparando surpresas muito legais, aguardem! Nem vou falar dos seus produtos, mas a preocupação deles com a qualidade, acabamento, desenvolvimento dos produtos e pós-venda são coisas bem acima do que estamos acostumados a ver. Não posso deixar de falar de um acessório que usei na volta, o protetor de coluna. Além de proteger, ele coloca a coluna e quadris numa posição que realmente fazem uma super-diferença, especialmente para que sofre prá caramba de dores na coluna, como eu.

Cheguei em Sampa menos dolorido do que num bate-e-volta de 300 kms. Foi o Cezar “Bannypel” Fuchs que me sugeriu a rota de volta, via serras gaúchas, Caxias do Sul, Vacaria, Lages, Curitiba. Para não encompridar, as paisagens que vi e atravessei são de encher os olhos de água, até atrapalhando um pouco a pilotagem. Saí de Igrejinha às 14:00 e fui dormir em S. Cristóvão do Sul, pra cá de Lages. A Cássia Eller pisa forte. No dia seguinte acordei cedo e cheguei em Sampa, debaixo de chuva, no meio da tarde. Acredito que uma viagem dessas equivale a 5 anos de análise, 3 vezes por semana. Mototerapia pura, na veia. Sem exagerar, rodei só uns 700 kms por dia e claro, rodar à noite, nem pensar. A não ser que você esteja cansado de viver.

IMPORTANTÍSSIMO: As “otoridades” que me desculpem, mas acabo de descobrir o motivo da carnificina em nossas estradas. Haja competência para matar tanta gente. Nem no Iraque conseguem!

Não é a bebida nas beiras das estradas. Não é a venda de carteiras de habilitação. Não é o excesso de velocidade. Não é a falta de educação no trânsito!

São os buracos!

Consertem as estradas, sinalizem decentemente e verão o número de acidentes diminuírem como por mágica. Só agora percebi porque vemos nos jornais tantos carros e ônibus batendo de frente… coisa que estranhava muito. Os motoristas, ou melhor, os coitados TENTAM evitar as crateras. Nisso, sem querer, saem da faixa. Quando querem voltar, a buraqueira faz com que percam o controle. É só isso. É um ABSURDO!

Repito em caixa alta: RECAPEIEM AS ESTRADAS.

Não falo de tapar buracos porcamente. Falo em RECAPEAR, que nem a prefeitura fez em alguns lugares aqui em Sampa, depois de anos de “tapa-buraco”.

Fazia tempo que não usava as “estradas” públicas, só as privatizadas, mas fiquei verdadeiramente impressionado. Haja concentração para escolher os buracos mais rasos… Para quem gosta de videogames como eu, chega a ser quase divertido, mas é casca, e da grossa.

Vai aqui uma sugestão: de hoje em diante, NENHUMA “otoridade” poderá viajar de avião, ônibus, trem ou navio. Só de carro. E não vale usar motorista. Garanto que em um ano consertam tudo. Ou haverá uma mortandade de “otoridades” que, hum pensando bem…. não é tão ruim!

Bom, paro por aqui senão vira livro e o especialista em livros é o Doctor Tite. Meu negócio é fazer filmes e essa viagem foi fantástica, porque está nascendo o Alma Selvagem 2 . Acredito que o melhor lugar do mundo para pensar é em qualquer estrada longa, dentro de um capacete, ouvindo por horas o ronco cadenciado que leva a pensar no óómmmm das práticas meditativas como o zazen e a ioga.

Aproveito para mandar um grande e forte abraço carinhoso a todos os novos amigos que fiz e à simpatia com que fui recebido por todas essas pessoas de alma selvagem. Tchê!