Publicidade

Monster. Esse nome inspira força e grandeza. Já faz algum tempo que elas definiram um estilo. Em 1992, Miguel A. Galuzzi, um engenheiro argentino, recebeu a incumbência de desenvolver um novo projeto para a Cagiva, que era quem tinha o controle da marca Ducati. Ele definiu uma moto conceito para competir com as Harley-Davidson nos EUA. Massimo Bordi, diretor técnico na época, queria uma moto que pudesse ter uma coleção de acessórios desenvolvidos para o pós venda.Ducati-821-37

Galuzzi ficou com a ingrata tarefa de resolver a crise interna após o fracasso da Ducati Indiana, um modelo feito entre 1986 e 1990 que não disse a que veio. Ele voltou-se então para as qualidades da marca e começou um projeto totalmente novo, combinando componentes de outros modelos disponíveis para criar uma opção com custo baixo. Galuzzi desenhou um tanque “musculoso” em uma moto de estrutura minimalista com um motor poderoso. O chassi de treliça, já presente em outros modelos, fazia muito sucesso e era copiado por outros fabricantes. Então foi empregado nela também.

O resultado foi essa moto que pode ser associada com a imagem de um touro, com a cabeça abaixada para o ataque. Uma imagem de força e agressividade perfeitamente entendida e retratada desde as primeiras publicações e testes a respeito dessa moto.

A História das Monsters

Publicidade

Desde então as Monsters têm sido o carro chefe da marca Ducati e essa 821, da quarta geração das Monsters, vem impor essa tradição ao mercado brasileiro, um produto que revolucionou a indústria. Não foi ela quem trouxe a imagem das “Streetfighters” ao Brasil, mas foi a pioneira no mundo e esse estigma de quem define um estilo sim, ela traz para nós com muita força.

A primeira "Streetfighter" agora com design mais agressivo ainda. Os escapamentos são sua marca registrada

A primeira “Streetfighter” agora com design mais agressivo ainda. Os escapamentos são sua marca registrada

Na posição do piloto imediatamente você se identifica com esse espírito italiano das motocicletas com alma. O posicionamento levemente esportivo te leva a imaginar como aproveitar ao máximo os prazeres da pilotagem. Ligar o motor já lhe traz essa impressão de motorzão, o ronco é forte, grave e imponente.

A quarta geração, a 821

Publicidade

O câmbio longo te leva rapidamente a uma boa velocidade e, ainda soltando a embreagem, ao acelerar o motor você vê que vai ter que trabalhar intensamente para perceber os limites da moto. Claro, logo descobre que os seus limites chegam primeiro, a não ser que você esteja numa pista. E dizem por aí que ela é uma moto “de entrada”… tá certo.

A Ducati Monster 821

Posição confortável e guidão largo facilitam as manobras

Posição confortável e guidão largo facilitam as manobras

Essa moto precisa de espaço para andar. Ela chega rápido aonde você lhe aponta a frente. Na cidade, essa condição associada ao anda- para, cria uma tendência à elevação da temperatura no motor, coisa que este, a exemplo de todos os outros, não gosta. Então vamos pegar a estrada.

Publicidade

Agora sim, podemos trabalhar na aceleração toda, até a sexta marcha. E a velocidade cresce rápido, o câmbio parece um pouco duro e é preciso estar atento para não errar as trocas, mas com a prática, se acostuma. Os freios são sensíveis e o ABS não é muito invasivo, apesar de trazer um pouco de peso nos controles, principalmente no dianteiro. Na curva, o espírito italiano do chassi se mostra mais presente. Perfeita no contorno, fácil controle na inclinação da moto e muito bem definidas pelo guidão largo as mudanças de direção. Elas são até um tanto lentas, mas essa largura do guidão facilita. Afinal, é bom deixar claro que ela não é uma esportiva.

O painel é todo digital e todas as configurações da moto podem ser verificadas através dele e alteradas com os botões do punho esquerdo

O painel é todo digital e todas as configurações da moto podem ser verificadas através dele e alteradas com os botões do punho esquerdo

O Ducati Safety Pack é o nome dado pela marca para o conjunto eletrônico que integra o ABS, controle de tração e mapeamento do motor com três modos de condução. Como o acelerador é eletrônico, essas facilidades puderam ser integradas em um único sistema que passa informações para o ABS e o DTC – Ducati Traction Control – sistema que reduz a potência entregue à roda traseira para evitar que ela deslize na aceleração nos momentos em que esse limite é atingido.

Sistema "Ride By Wire"

Sistema "Ride By Wire"

Chassi

Chassi

O motor é a peça estrutural fundamental nessa moto, afixado aos cabeçotes está a estrutura de treliça que suporta o canote da direção - Para o sub-frame traseiro a fixação é pelo cabeçote posterior e na parte superior da carcaça do câmbio - A balança da suspensão é toda afixada na parte de trás do motor

Gráfico de potência

Gráfico de potência

O motor Testastretta 11º da 821 desenvolve 112 hp a 9.250 rpm e torque de 89,4 Nm a 7.750 rpm - A moto toda pesa 205 kg

Motor compacto

Motor compacto

Duplo comando de válvulas no cabeçote, sistema desmodrômico, com comandos acionados por correias e sistema de embreagem deslizante

Há três modos de condução: Urban, Touring e Sport. Saimos primeiramente com o Urban para pegar o jeito da moto e depois passamos para as outras duas opções. Nessa opção a potência é limitada a 75 cv e o torque é bem linear, o que facilita muito a pilotagem. Há em cada uma das opções um índice usado para a intervenção do ABS e do DTC que são pré-definidos como padrão de fábrica, mas podem ser reajustados. Claro que no modo Urban as intervenções são maiores, mas ainda assim muito discretas, parece até característica da moto. Ela freia bem, acelera como você gostaria que uma moto fizesse no trânsito para estar sempre à frente da onda de tráfego. Nas curvas da cidade você já percebe a característica lenta das respostas da direção para uma moto desse tipo, mas sem que isso cause dificuldade, pois o guidão largo dá a manobrabilidade necessária para uma pilotagem bastante divertida e rápida.

No modo Touring a potência entregue é total e o motor Testastretta 11º de 821cc da Ducati mostra todo seu potencial. Ainda com uma resposta do acelerador mais controlada, não há que se aplicar atenção total à pilotagem. Erros são mais bem absorvidos pela resposta mais controlada do acelerador e a intervenção média dos controles do ABS e DTC deixam a pilotagem bem relaxada. Presta-se muito a grandes trechos, onde você não vai querer aplicar toda sua atenção à pilotagem. Curta a paisagem, relaxe e rode bastante que o sistema administra toda moto para uma condução prazerosa e segura.

Mas quando chega em um trecho que você conhece ou por ser muito divertido, aí é a hora de se concentrar, passar para o modo Sport e curtir a adrenalina, porque ela vai fluir. E ainda, se você determinar valores menos intrusos a esse modo, o limite vai estar mais às suas mãos ainda. Frenagens intensas, acelerações de ter que se agarrar no guidão e muito prazer na pilotagem. É, é isso o que você vai ter.

Nas reduções a embreagem deslizante é um item especial. O motor tem muito freio mecânico e ao desacelerar, a traseira já por si reduz bastante a tocada e, se baixar uma marcha, isso poderia travar a roda se não fosse esse deslizamento da embreagem. Em outras motos com o mesmo tipo de motor, com muito freio mecânico o piloto é que tem que cuidar de soltar a embreagem com cuidado para não travar a roda. Ainda como uma qualidade adicional, o sistema alivia o peso do manete quando se aciona a embreagem.

A facilidade de passar de um modo para o outro – tem só que fechar o acelerador – traz muita versatilidade à moto. Vários tipos de uso podem ser definidos a ela, sem que você tenha que mudar um parafuso. Isso de fato é muito conveniente. Como uma peça de mecânica fina e delicada, a Ducati Monster 821 sofre um pouco com a nossa gasolina. Se você usar do tipo comum, a moto não vai responder a contento e pode causar danos ao motor. Isso, aliás, é um alerta dado pelo fabricante. Ela só gosta de “premium”, mas o consumo está dentro do previsto para uma moto desse porte e com esse desempenho. Um mínimo de 17,32 km/litro e um máximo de 19,27 km/litro foi o que obtivemos na avaliação. A média ficou em 18,40 km/litro e para quem deseja (e pode) tê-la, o preço é R$43.900,00 (FIPE nov/2015).

ficha-tecnica-ducati-monster-821

 

Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.