Classuda, esta é a melhor palavra que eu encontro para classificar esta Harley-Davidson Breakout. Ela tem estilo e classe que poucas motos tem e as que não tem, certamente gostariam de ter. Apesar de sua aparência despojada e de simplicidade – tudo está ali aparente – o refinamento é percebido nos mínimos detalhes da construção da moto e de seu acabamento.
A Breakout tem esse nome porque a Harley-Davidson quer que você a use para dar aquela escapadinha, fugir de tudo e quebrar um pouco a rotina. E de fato não apenas você vai fugir, como a moto também passa longe de tudo o que há por aí. Procuramos concorrentes para ela, mas é bem difícil encontrar. Talvez a única que siga esse estilo “pura força” seja a gigantesca Triumph Rocket. Outra que ela faz lembrar é a Yamaha VMax. Mas ela de fato tem estilo único que remete às chopper, bem naquele jeitão das motos construídas “à mão” pelos mestres da personalização, famosos por aqui com seus programas de TV. Mas ela não é uma chopper.
A moto que mais lembra seu estilo é outra da própria Harley-Davidson, a Night Rod, que já não faz mais parte da linha da marca norte-americana. A Harley-Davidson fala de seu modelo como uma moto com atitude das “Drag” com um requinte de modernidade e um pouco mais de força bruta. Bom, parece uma boa (in)definição.
A Harley Davidson é uma marca que carrega uma personalidade muito grande e é costume ouvir por aí que andar de Harley não é apenas escolher uma moto de sua preferência, mas sim adotar um estilo de vida. A Harley é tão tradicional que na época que as motos estavam passando por uma transição tecnológica – passagem do carburador para injeção eletrônica – houve rejeição dos Harleyros a essa inovação e sabe por quê? Porque a injeção eletrônica alterava o som que emanava das motos, principalmente em marcha lenta.
Mas o que isso tem a ver com a Breakout? É que a Breakout foge aos padrões tradicionais da marca e foi um modelo desenvolvido para atrair novos consumidores para a Harley-Davidson, num processo de renovação e rejuvenescimento da marca. Por isso é mais difícil enquadrá-la em uma categoria tradicional.
Para ver a Breakout passar
Seus atributos físicos impressionam. Você perderá bastante tempo admirando o brinquedo. Ela é linda… linda mesmo! A novas rodas exclusivíssimas (animaaaaaaaaaaal é a palavra que eu queria usar) e a pintura perolizada na cor Hard Candy Custom (que avaliamos) harmonizam com o brilho dos cromados característicos da marca e tornam a Harley-Davidson Breakout um espetáculo para os olhos. Dar um rolê com ela é um show à parte, porque ninguém fica indiferente a ela no trânsito e a maioria das pessoas, mesmo quem não gosta de motos, acompanha com os olhos por alguns segundos para admirá-la e vê-la passar.
Definitivamente a Breakout não é uma moto para viagens porque a posição de pilotagem não é das mais confortáveis para encarar vários quilômetros seguidos. Quer levar garupa? Esqueça, é briga na certa. Além de pequeno e com somente uma alça para se segurar, o banco é duro demais. Na verdade ele está ali fazendo companhia para as pedaleiras do garupa apenas porque na homologação da moto diz que ela leva dois passageiros. Nesse caso, o ideal aqui seria equipar a Breakout com acessórios da linha que incluam um banco traseiro de verdade com o encosto Sissy Bar. Só assim para não perder o amor (ou a amizade).
Já o piloto tem à disposição um banco largo e confortável, além de baixo, o que facilita subir na moto. Mas o conforto do piloto parou aí, porque a posição de pilotagem não tem a menor margem de movimentação, as pernas e os braços ficam quase que completamente esticados e toda a tensão vai para o pescoço e ombros. Eu que sou alto (1,85 m) senti a dificuldade, fico imaginando para quem é mais baixo. Dependendo do caso, vai ter que curvar as costas e a situação pode ficar ainda pior.
Com as pedaleiras e o guidão lá na frente, a posição de pilotagem não privilegia longas distâncias, mas apenas um rolê rápido, como um bate e volta, ou deslocamentos na cidade, desde que não haja trânsito pesado. No trânsito ela é grande e o guidão largo junto com o enorme entre-eixos (1.710 mm) atrapalham um pouco para passar nos corredores e fazer alguma manobra. Outro ponto negativo no trânsito é que o motorzão da Breakout esquenta um bocado e irradia aquela calorzão nas pernas, tornando o uso na cidade com tráfego pesado uma experiência bem desagradável.
Esse motor foi batizado de Twin Cam 103B – High Output. São 1.690 cm³ da mais pura autenticidade Harley. Tem um torque máximo de 11,5 kgf.m, mas os números de potência seguem a tradição e não são divulgados pela fábrica. Bom, isso não faz muita diferença porque o motor da Breakout esbanja torque e potência e oferece desempenho mais que suficiente para chegar rápido a altas velocidades e mantê-las com tranquilidade sem muito esforço.
Surpreendentemente, este motor produz o mínimo de vibração. A sexta marcha é bem longa e mantém o giro do motor bem baixo. Ela tem o indicador da sexta marcha e faz sentido ter, pois muitas vezes você esquece que ela tem a sexta marcha. O painel contém algumas informações úteis, entretanto não vi necessidade do conta-giros no formato tradicional, já que não parece ser algo fundamental numa moto como esta, sobretudo pelo enorme torque disponível, o que diminui a necessidade de constantes trocas de marcha para manter a rotação do motor, seja ela qual for. Gire o acelerador e pronto.
E por falar no painel, ele é bem simples e minimalista, mas não considere isso como algo ruim. Há um grande e único instrumento com o velocímetro analógico e na parte inferior algumas informações são mostradas num pequeno mostrador LCD, como autonomia, marcha engatada/rpm e o hodômetro total e parcial. Os comandos exigem algum tempo para acostumar-se, porque os botões de sinalizador de direção são individuais – o da direita é do lado direito e o da esquerda do lado esquerdo. Mas bastam alguns quilômetros para se habituar à nova posição. A parte boa é que se você esquecer de acionar novamente para desligar, eles param sozinhos depois de dez segundos.
O câmbio de seis velocidades tem um curso longo e a cada marcha engatada ainda faz o conhecido “Clank”, característica das caixas de marchas da Harley-Davidson até agora, porque a empresa garante que nos novos motores Milwaukee-Eight™ 107 isso acabou. Mas voltando ao câmbio da Breakout, apesar da “tradição” do ruído nos engates, seu funcionamento é preciso, mas para mostrar a marcha engatada no painel, há um atraso maior do que o desejado, talvez seja também uma característica do sistema que comanda toda a eletrônica da moto.
Equipada com sistema ABS e freios a disco – 4 pistões na dianteira e 2 pistões na traseira – que conferem uma ótima frenagem em qualquer situação, a Breakout apresenta as mesmas características do sistema ABS de outras motos da marca. Isto significa que nas frenagens mais fortes, o sistema atua e causa barulhos estranhos para quem não está acostumado e até faz os pneus cantarem por curtos intervalos de tempo. Mas tudo isso não desqualifica o sistema, que está bem adequado para a moto.
Lindas rodas
Motos custom quase sempre apresentam alguma dificuldade para trocas rápidas de direção e para contornar curvas. Com a Breakout é assim também, mas nem tanto. A moto responde bem a todas as situações de troca de direção, claro, com aquela lentidão característica causada pelo entre-eixos longo e rake maior, onde o garfo dianteiro é bem pronunciado. Já para contornar curvas, o problema é o limite físico da moto que chega muito cedo e raspar as pedaleiras torna-se “natural” em função de um ângulo de inclinação mínimo (23,4º) para os dois lados. Portanto, é preciso cuidado nas curvas para não fazer a roda traseira perder contato com o solo.
A Breakout tem rodas grandes (e lindas), no melhor estilo “Gasser” (raios intercalados de cada lado do cubo) com 21 raios – dianteira aro 21 e traseira aro 18 – pintadas em preto com detalhes em cinza, que contribuem decisivamente para a estabilidade da motoca, junto com o chassi tubular bem construído. Os pneus também contribuem para o bom desempenho. Na traseira o pneu tem quase o dobro da largura do dianteira – 130/60-21 na frente e 240/40-18 atrás – conjunto que garante uma fantástica capacidade de tração. As suspensões são tradicionais e não trazem nenhuma novidade. O garfo telescópico na dianteira junto com a traseira “rabo-duro” oferecem um surpreendente bom nível de conforto para essa “softail”, com progressividade e segurança.
Com a capacidade do tanque de combustível de 18,9 litros e consumo médio de 19 km/l, você pode rodar cerca de 350 km até o próximo abastecimento, mas é melhor não abusar. O ideal é quando o painel avisar que é preciso abastecer, perto dos 250 km percorridos, o melhor é abastecer. Essa autonomia está de acordo com a posição de pilotagem, que não permite longos períodos sem parada para esticar o esqueleto e relaxar um pouco.
Conclusão
Com a Breakout você é o destaque na avenida, na rua, na estrada. Então, se o seu negócio é ver e ser visto pilotando uma fera que é bela, a Harley-Davidson Breakout pode ser a moto. Cheia de estilo, para quem não quer ser apenas mais um na paisagem, para quem curte um rolê rápido ou mesmo um passeio urbano longe do tráfego pesado, para as escapadas rápidas da rotina e das regras. Você pode levar uma Breakout para casa a partir de R$66.900,00, mas esta versão avaliada, com a pintura Hard Candy Custom, sai por R$68.900,00 e ainda há um no meio por R$67.450,00.
Ficha Técnica – Harley Davidson Breakout |
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Preços |
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Vivid Black | R$ 66.900,00 |
Cor – 1 Tom | R$ 67.450,00 |
Cor – Hard Candy Custom | R$ 68.900,00 |
Dimensões |
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Comprimento | 2.385 mm |
Altura do Assento | 650 mm |
Distância do Solo | 120 mm |
Ângulo da Coluna de Direção | 35 graus |
Trail | 146 mm |
Distância entre-eixos | 1.710 mm |
Pneu Dianteiro | 130/60B21 63H |
Pneu Traseiro | 240/40R18 79V |
Capacidade do tanque de combustível | 18,9 litros |
Capacidade de Óleo (com filtro) | 3,3 litros |
Peso Seco | 310 kg |
Peso em Ordem de Marcha | 320 kg |
Motorização |
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Motor | Twin Cam 103B™ – High Output, arrefecimento a ar |
Diâmetro do Pistão | 98,4 mm |
Curso do Pistão | 111,1 mm |
Capacidade cúbica | 1.690 cm³ |
Relação de Compressão | 9,7:1 |
Alimentação de Combustível | Injeção Eletrônica de Combustível por Porta Sequencial (ESPFI) |
Transmissão |
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Transmissão Primária | Por corrente, relação 34/46 |
Relação de Transmissão – 1ª marcha | 9,311 |
Relação de Transmissão – 2ª marcha | 6,454 |
Relação de Transmissão – 3ª marcha | 4,793 |
Relação de Transmissão – 4ª marcha | 3,882 |
Relação de Transmissão – 5ª marcha | 3,307 |
Relação de Transmissão – 6ª marcha | 2,79 |
Chassis |
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Escapamento cromado estilo “Staggered” escalonado com silenciadores duplos | |
Rodas em liga de alumínio pretas com detalhes em cinza, 21 raios, estilo Gasser | |
Freios à disco com ABS – cáliper de 4 pistões na dianteira e 2 pistões na traseira | |
Performance |
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Torque do Motor | 211,5 kgf.m a 2.750 rpm |
Ângulo de Inclinação à direita e à esquerda | 23,4 graus |
Luzes e instrumentação |
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Luzes Indicadoras de farol alto, ponto neutro, baixa pressão de óleo, indicadoras de direção, diagnóstico do motor, alerta de baixo nível de combustível, sistema de segurança e 6ª marcha engatada, painel de Instrumentos com velocímetro eletrônico com hodômetro total, relógio, hodômetro parcial duplo, contador de autonomia, indicador de baixa pressão de óleo, indicador de ABS e luzes indicadoras de LED |
Fotos de Carla Gomes