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Esse é o teste de uma mesma moto, repetido três vezes. Calma, vamos explicar. O mesmo chassi e motor proporcionou o desenvolvimento de três produtos, afinal de contas. E essa estratégia é antiga, a Volkswagen usava desde os anos 50 o mesmo motor arrefecido a ar e outros componentes em vários produtos: VW sedan (o Fusca) VW Kombi e Karmann Ghia. A finalidade dessa estratégia é a economia de escala. Quanto mais componentes iguais você coloca em produtos diferentes, mais baixo o custo final de todos eles porque a construção desses componentes pode ser feita a um custo mais baixo e em larga escala (grande quantidade).

CB500 X - A mais versátil da série tem vários componentes compartilhados

CB500 X – A mais versátil da série tem vários componentes compartilhados

A linha Honda CB500 tem três versões: uma esportiva, a CBR 500R, uma naked, a CB 500F, e esta versão em teste agora, a “de trilha” CB 500X. De trilha entre aspas por que isso ela não é.  As motos que evoluíram das competições off-road estilo Dakar se classificam como Bigtrail e para isso mantém certas características determinantes para uma performance adequada na terra. Muitas dessas qualidades são em detrimento de outras para uso no asfalto, como as rodas e pneus utilizados. A categoria que a Honda determinou como “Crossover”, onde também a NX 700X se classifica, está em um meio termo entre “on” e “off” road. Tem linhas que inspiram aventura e uma capacidade de absorver os impactos de um piso ruim, isso sim, herança das Bigtrail. Tem também, as rodas e pneus apropriados ao asfalto e uma autonomia maior, por conta do estilo aventureiro que essa classe de motos representa.

CB500 X segue a linha das outras aventureiras da marca

CB500 X segue a linha das outras aventureiras da marca, o paralama baixo indica que sua maior vocação é o asfalto

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As mudanças, ou melhor, adequações que foram feitas no modelo da CB 500X já foram abordadas no lançamento do produto pelo Motonline e servem para vestir a moto com as qualidades necessárias ao sucesso nessa classe, mantendo o custo baixo para colocá-la em posição de boa concorrência no mercado. Afinal, essa é uma das categorias mais concorridas no Brasil.

Então veja: motor, chassi e rodas são iguais. A pergunta é o que faz essa moto ser diferente das outras duas? O que os engenheiros determinaram como mudanças foram mínimas, mas decisivas. Focaram no detalhe correto. Dirigibilidade se determina pela geometria e características de suspensão. Por exemplo: se altera tudo isso com uma simples mudança de ajuste de sag. Frente mais alta ou traseira mais baixa deixam o ângulo de rake mais ameno, adequando a dirigibilidade a piso ruim, como numa trail.

Veja os números: CB 500F tem 120mm de curso na suspensão dianteira e essa CB 500X tem 140mm de curso na suspensão dianteira. A consequência desses 20mm a mais no comprimento das bengalas é um ângulo de rake mais ameno, mais próprio a uma moto que se pretende trafegar em piso ruim, com velocidade de reação mais lenta aos comandos do piloto por causa do consequente aumento da medida do trail (de 103mm para 109mm na CB 500X) e um aumento da capacidade de absorção de impactos pela frente por causa do curso 20mm maior. Outra consequência do comprimento maior das bengalas é o aumento da distância entre eixos, que também colabora com a estabilidade em retas. Pronto. Assim a Honda definiu as características de dirigibilidade do modelo “Crossover” da linha CB 500: 20mm a mais em cada tubo de bengala.

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Toda geometria alterada com aumento de 20mm no comprimento nos tubos da suspensão dianteira

Toda geometria alterada com aumento de 20mm no comprimento nos tubos da suspensão dianteira

Posição do piloto - Conforto e agilidade nos movimentos

Posição do piloto – Conforto e agilidade nos movimentos

Ajustes da posição do piloto são decisivos também. O guidão mais alto e largo posiciona a coluna ereta para conforto e adequação à posição que no off-road é chamado de “posição de ataque”. Cotovelos para fora deixam os braços bem posicionados para mudanças de direção rápidas e uma boa distribuição de peso para os lados. As pernas encontram apoio nas pedaleiras para o piloto se levantar do assento facilmente também. A disposição da junção do assento com o tanque permite deslocamentos para frente e para trás, para ajustes na pilotagem em piso ruim.

Guidão largo e para brisa pequeno mas que oferece boa proteção ao vento

Guidão largo e para brisa pequeno oferece proteção ao vento e conforto ao motociclista

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Essas são as adequações feitas ao modelo, que rendeu bons resultados práticos. As mudanças no visual refletem as características que se determinam pelas mudanças da ciclística. Um aspecto aventureiro e robusto com linhas que se associam às motos de maior cilindrada da marca.

Sentado no “cockpit” os comandos ficam bem posicionados para uma postura confortável, que inspira aventura. Saindo com ela sente-se a leveza e por isso ela passa a sensação de muita maneabilidade, mesmo com a ciclística “acalmada” pelas mudanças da geometria. Espera-se uma resposta mais lenta na direção de uma trail comparando a CB 500X com uma moto bem definida como sendo trail. A roda aro 17″ na frente diminui o efeito giroscópico e deixa a frente leve nas mudanças de direção. A moto esterça muito rápido para uma trail e está ai uma característica de outro tipo de moto, uma supermotard. Assim se comportam as SM quando são calçadas com pneus e rodas aro 17″ na dianteira.

Motor extremamente equilibrado, não vibra e entrega potência de forma previsível e progressiva

Motor extremamente equilibrado, não vibr e entrega potência de forma previsível e progressiva

E na aceleração, saindo da imobilidade até colocar a última marcha ela vai com rapidez, proporcionados pelos 50 cv de potência do motor e os 182 kg (com ABS). São 3,64 kg por cv, nada próximo de uma supersport, mas bastante bom para uma moto de porte médio e com a proposta da CB 500X. Ela anda bem, tem boa retomada e já consegue andar junto a motos até mais potentes que ela por causa das características da ciclística e do motor que a empurra até perto do fim da primeira centena de km/h. Nesse momento a boa aerodinâmica da frente da moto comparece deixando o piloto bem abrigado do vento frontal e sem provocar tanto arrasto que prejudique muito também. Tudo nela está em meio termo, bem proporcional. O câmbio, como nos outros modelos, se mostra muito leve e com trocas rápidas. Embreagem leve e precisa nos deslizamentos facilita no arranque e não cansa nas trocas de marcha também.

Freio dianteiro tem único disco de grande diâmetro - Afixado diretamente na roda

Freio dianteiro tem único disco afixado diretamente na roda, pinça Nissin de dois pistões dão conta do recado por conta do grande diâmetro do rotor

Nas frenagens também, mais performance do que se esperaria de uma trail pura. Afinal, os pneus são radiais, de asfalto e assim deveriam ser pela proposta da moto. Muita potência no freio dianteiro e boa proporcionalidade com o traseiro, de modo que não há muito mergulho e ainda assim os ajustes de velocidade são rápidos e precisos. Ao aplicar uma grande força no dianteiro, pode-se perceber alguma torção por ser um disco único que, no momento da frenagem, como a pinça está ancorada só de uma lado, aplica-se força apenas desse mesmo lado das bengalas. Mas isso não representa algo que comprometa a pilotagem. porque essa força não é muito grande por causa do grande diâmetro do disco. Na traseira há bom controle e não trava com facilidade, mesmo em frenagens mais fortes. Claro, se a moto estiver equipada com o ABS, melhor ainda, nada de deslizamento.

Para dar conta dessa moto que vai andar mais nas estradas do que na terra, as suspensões da CB 500X não podem ser muito macias, ou pelo menos, que não provoque oscilações indesejadas no asfalto. Os 20mm a mais de curso na frente deixa-a mais compliante sim, mas nada que a desestabilize e ainda dá conta mesmo nas condições de piso quase “off” das nossas estradas. Ela se mostra dura em alguns momentos e pode gerar desconforto nos piores casos de estradas ruins, só que o bom posicionamento do piloto, aliado ao baixo peso do conjunto pode facilitar essa “briga” do conjunto com o piso ruim usando a tal da “linguagem corporal” que a moto permite.

Aí está mais uma da série Honda CB 500 que se adapta perfeitamente ao nicho a que se pretende, com poucas variações além de uma roupagem nova. A CB 500X é uma moto versátil, muito adaptável a um uso diário e extensivo aos finais de semana, o que ela realizará com muita economia e proporcionará muito prazer ao seu piloto.

Se você tem uma Honda CB 500 X, opine sobre ela!
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Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.