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Quem vive nas grandes cidades das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil vê pouco esta pequena moto nas ruas. Mas ela é hoje uma das motos mais vendidas do País com quase 8% do total do mercado que só perde para as Honda de 150 cc e Biz 125. Quem a vê costuma torcer o nariz e ficar assim meio sem saber definir o que é de fato esta campeã de vendas e da preferência de muitos brasileiros do Norte e do Nordeste do Brasil.

Contudo, o estilo meio indefinido é fruto de uma receita bem simples e que explica seu sucesso: despojada, leve, econômica, resistente e com manutenção barata. O preço? O modelo novo que avaliamos tem o preço sugerido de R$5.100,00 (R$5.746,00 – FIPE, setembro/2015) e é a moto mais barata fabricada no Brasil pela Honda. Abaixo dela existem algumas concorrentes da Traxx, Dafra ou Shineray (na mesma faixa de motor) ou só os ciclomotores (cinquentinhas) para os que querem pagar menos para ter um meio de transporte capaz de suprir a quase completa falta de transporte coletivo nas regiões mais afastadas dos centro urbanos do interior do Brasil.

Produção e venda (emplacamentos) da Honda POP 100 / 110i: números robustos e relativa estabilidade de vendas

Produção e venda (emplacamentos) da Honda POP 100 / 110i: números robustos e relativa estabilidade de vendas

Com seu estilo único, a POP 110i tenta ser parecida com uma moto comum e diferenciar-se das motonetas (cub) como a própria Biz, por exemplo. E isso atrai um consumidor que quer esse estilo mais bruto, com menos proteção de carenagens e que permite mais versatilidade para transporte, sobretudo em terrenos (bem) ruins. Os números de venda desta moto mostram certa estabilidade e a Honda estima que em 2016, com a esperada recuperação da economia e do mercado de motocicletas, a POP vai ocupar sozinha 10% de todo mercado nacional de motos, com uma quantidade próxima de 200.000 unidades com forte crescimento nas regiões Norte e Nordeste, que hoje absorvem 97% da produção do modelo.

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Um olhada rápida e não se nota muita diferença entre esta nova POP 110i em relação à sua antecessora, POP 100, avaliada por Motonline em setembro de 2010. Mas isso é apenas uma impressão. A moto é toda nova, com chassi, motor, carenagens, farol, painel e pisca renovados. A suspensão foi recalibrada e apenas os freios continuam iguais. A vocação urbana permanece a mesma, mas agora com melhor desempenho fruto do motor um pouco maior, com injeção eletrônica de combustível, mais potente e com mais torque. Outro item que melhorou muito foi o consumo de combustível, que mostrou-se um dos melhores dentre todas as motos que por aqui transitam, com média superior a 46 km/l.

Alguns detalhes que mudaram na nova POP 110i: caixa do filtro de ar, tanque de combustível, motor e painel

Alguns detalhes que mudaram na nova POP 110i: caixa do filtro de ar, tanque de combustível, motor e painel

Este consumo melhorado e um pequenino aumento na capacidade do tanque de combustível aumentaram a autonomia da POP 110i para algo próximo de 180 km com um tanque, apesar da luz de combustível acender bem próximo dos 130 km percorridos, quando ainda resta no tanque mais de um litro de gasolina. Rodamos com POP 110i  290 km em uso intenso na cidade com quase 100 kg de piloto+carga. No primeiro tanque gastamos 2,94 litros para rodar 131 km, uma média de 44,5 km/l. Mas a surpresa mesmo veio no segundo abastecimento, ao termos rodado 160 km com 3,34 litros, média de 47,9 km/l. No total, rodamos 291 km com 6,28 litros, média de 46,33 km/l.

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Nova rabeta, logomarca do modelo em baixo relevo na carenagem, agora mais "gordinha", e o sistema de injeção de combustível no motor

Nova rabeta, logomarca do modelo em baixo relevo na carenagem, agora mais “gordinha”, e o sistema de injeção de combustível no motor

O que poderia ter mudado é o câmbio, cujos engates são sequenciais com o neutro antes da primeira marcha, ao contrário do padrão para motocicletas, com o neutro entre a primeira e a segunda marchas. Mas isso não significa que o câmbio seja ruim. Ao contrário, funciona bem e suas 4 marchas dispõem sempre de força para empurrar a moto em todas as condições. Colabora para isso o baixo peso da moto (87 kg), o que facilita muita a movimentação da pequena POP pelas ruas e avenidas.

O farol, maior e que proporciona melhor iluminação

O farol, maior e que proporciona melhor iluminação

A agilidade da POP 110i é outro destaque positivo no meio do trânsito congestionado, facilitada pelas reduzidas dimensões da moto, apesar do novo modelo ter ganhado novas carenagens que até a deixaram com mais porte. Essa impressão está reforçada pelos piscas traseiros e dianteiros que se destacam das carenagens e pela rabeta que vai um pouco além do final do banco, dando um aspecto mais de motocicleta à POP 110i. O banco, aliás, cabe menção ao conforto, acima do padrão para esta classe de motocicleta, e com bom espaço também para o garupa, uso muito comum nas regiões onde a moto é mais vendida, às vezes até com mais de um garupa.

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O novo chassi, que recebeu um pequeno decréscimo no ângulo da coluna da direção (rake), deu mais rapidez nas manobras de mudança de direção. A suspensão está melhor ajustada mas sem ter ajuste na pré carga, espera um bom peso em carga na parte traseira, de forma que com pouca carga ela fica pulando um pouco e também, nessa condição a frente mergulha um pouco em trechos de piso ruim. Com a carga correta, ou com uma pequena garupa fica bem ajustada para boa estabilidade da moto em trechos esburacados. Não é a função dela mas a maior diversão veio por conta das modificações implementadas. O motor é completamente novo e muito mais moderno. O aumento da potência para 7,53 cv (6,17 cv na POP 100) e o torque para 0,9 kgfm (0,74 na POP 100), apesar de parecer pouco, na POP representam uma sensível diferença, percebida claramente nas rápidas acelerações até próximo do limite da moto, pouco acima dos 100 km/h no velocímetro.

Engates do câmbio diferentes do padrão para motocicletas, exige alguma atenção no início até que se acostume

Engates do câmbio diferentes do padrão para motocicletas, exige alguma atenção no início até que se acostume

A adoção da injeção eletrônica de combustível se dá por conta da entrada em vigor a partir de janeiro de 2016 do PROMOT 4 (Programa de Controle de Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares) e o novo sistema de injeção eletrônica de combustível PGM-FI (Programmed Fuel Injection) otimiza a combustão e diminui sensivelmente a necessidade de manutenção e reduz os índices de de emissão de poluentes. Por fim, a nova POP 110i passa a contar com três anos de garantia, sem limite de quilometragem e com ampliação dos intervalos de revisões também fruto do novo motor e do sistema de injeção de combustível.

Com as restrições cada vez maiores com relação à velocidade e à emissão de poluentes nos grandes centros urbanos, as motos pequenas e econômicas continuam ganhando espaço e se configurando como boa opção para mobilidade urbana. Você pode até achar que esta moto é esquisita, feia e muito despojada. Mas nem todas as motos foram feitas para todos os motociclistas. Há muitos brasileiros que enxergam na POP 110i o melhor dos mundos em termos de independência do transporte coletivo e para a sua própria mobilidade urbana.

ficha-tecnica-honda-pop-110i

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Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.