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Apresentado no Salão Duas Rodas do ano passado, este scooter chega agora em abril nas lojas e tem muitos ingredientes para agradar aos fãs desse tipo de veículo tipicamente urbano. Mas o preço vai atrapalhar… e muito. R$ 23.590,00 (Preço Público Sugerido) ou um pouco mais pela tabela FIPE – R$ 24.080,00 – é muito dinheiro sob qualquer lado que se olhe, seja por aquilo que oferece o produto em termos de equipamento e desempenho, seja pelo lado do mercado no que se refere aos seus concorrentes diretos ou a motos de valor semelhante.

É certo que a Honda demorou muito a olhar com atenção a este segmento de scooters médios, onde a Dafra com o seu Citycom 300i navega sozinha há pouco mais de cinco anos e tem seu produto plenamente encaixado no mercado tanto pelo que oferece quanto pelo preço, que na tabela FIPE hoje, 14 de abril de 2016, está por R$ 16.890,00. Em condições normais de mercado, seguramente a Honda teria anunciado trazer o SH 300i para montar em Manaus (AM), o que certamente traria seu preço para um patamar mais adequado, auxiliada pela economia do País funcionando normalmente e por uma cotação de dólar mais civilizada.

Talvez isso possa ocorrer no futuro e esperamos bem próximo, para que os apreciadores desses veículos urbanos práticos, econômicos e funcionais possam ter mais e melhores opções para escolha. Enquanto isso não acontece, esse teste despreza a questão preço de mercado do produto, pois como está mostrado, esse fator é claramente prejudicial para o produto da Honda. Mas nos outros itens apreciados o novo Honda SH 300i tem boas condições para fazer sucesso e segue o padrão da marca no nosso mercado. A linha SH está colocada na Europa desde 1984, quando surgiu o SH 50 e seguiu-se uma grande família, com o 100, 125, 150 e o 300, que foi lançado em 2007 e inaugurou uma nova categoria até então inédita na Europa. Outras marcas europeias e da Ásia entraram no mesmo segmento, mas o Honda SH 300 lidera as vendas no velho continente. Lá, como agora cá, o Citycom 300i também é bem aceito, só que com a marca original do fabricante, SYM.

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Experimentamos o novo SH 300i nas duas possíveis condições que se pode utilizar esses veículos. Um trecho de 70 km de estrada comum e rodovias, cujo objetivo foi verificar se o scooter se sai bem em velocidades mais altas e também para medir o consumo de combustível – apenas gasolina – e 345 km nas ruas e avenidas engarrafadas de centro urbanos. Nas duas condições o SH 300i se sai bem, mas um detalhe que foi feito para proteger acaba atrapalhando: um enorme para-brisa.

Iluminação em LED na frente....

Iluminação em LED na frente….

Este componente no SH 300i parece ter sido pensado exclusivamente para países europeus, onde o inverno é mais longo e intenso. Daí proteger-se do vento muito frio durante pelo menos seis meses do ano com um bom para-brisa faz uma enorme diferença. Mas no Brasil, onde apenas em algumas cidades do Sul do País temos alguns dias de frio um pouco mais forte no ano este grande para-brisa impede a ventilação frontal de forma excessiva e o clima no “cockpit” está sempre quente.

... e na traseira também

… e na traseira também

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Além disso, o posicionamento do para-brisa incomoda o piloto e por vezes o capacete encosta na parte superior. Em dias de chuva, no entanto – passamos num trecho com chuva na estrada – por estar muito próximo, facilita a visibilidade. Outro detalhe notado no componente foi o acabamento ruim das suas bordas, com rebarbas e um pouco fino demais quando comparado com para-brisas de outras motos.

Chega a destoar do restante do scooter e também do padrão de acabamento Honda, normalmente muito atencioso aos detalhes. Afora este para-brisa mal acabado, o SH 300i tem um acabamento requintado e até sofisticado, com equipamento como o sistema “Smart Key” (sem chave) , a iluminação em LEDs na dianteira e na traseira e uma útil tomada auxiliar 12V embaixo do banco. O Smart Key é um pequeno transmissor que faz as vezes de sensor de presença que, quando você estaciona a moto e se afasta dela, ela trava o acesso ao espaço sob o banco e não funciona sem que o sensor esteja próximo (2 metros, aproximadamente).

O motor tem exatos 279,1 cm³, desenvolve 24,9 cv de potência e 2,59 kgf.m de torque. A embreagem é automática, centrífuga e o câmbio é tipo CVT, sem trocas de marchas. A variação das velocidades nesse sistema da transmissão se dá por polias de diâmetro variáveis servidas por uma correia em V. Um destaque do desempenho do SH 300i é a arrancada e a rapidez com que ele atinge a velocidade de cruzeiro, 110 km/h no GPS (124 km/h no velocímetro). O motor empurra bem e destaca-se pelo seu grande torque de 2,6 kgf.m já em 5000 rpm, que leva o scooter a ganhar velocidade rapidamente e de forma segura. O tanque com capacidade para 9,1 litros permite na prática rodar cerca de 250 km. O consumo ficou na média de 27,9 km/l, tendo sido a pior passagem medida na estrada a 120 km/h (velocímetro) cuja marca foi 23,5 km/l. Na cidade o scooter foi bem mais econômico e chegou a marcar 28,1 km/l na melhor passagem.

Cavalete central, muitos frisos cromados e requinte no acabamento

Cavalete central, muitos frisos cromados e requinte no acabamento

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O estilo do SH 300i é diferente de seus concorrentes com linhas mais clássicas e arredondadas, onde o acabamento requintado está presente em vários itens, como o adorno do farol, os frisos cromados nas laterais e um painel que combina mostradores analógicos e digitais com informações vindas do computador de bordo. As rodas grandes (16 polegadas) compõem o design e colaboram para harmonizar o scooter junto com um bonito escapamento com proteção também cromada. Só o enorme para-brisa não combina.

Suas medidas mais compactas ajudam bastante provendo grande agilidade ao rodar nas grandes cidades congestionadas. As rodas grandes proporcionam um rodar mais macio e com menos sustos passando por obstáculos e imperfeições do piso e a suspensão com curso um pouco maior (115 mm na dianteira e 114 mm na traseira)  ajudam mais ainda. A distância entre eixos é curta – 1.438 mm – favorece, mas o peso (170 kg) nem tanto. Importante é que o conjunto do SH 300i resulta num desempenho impressionante no uso urbano, chegando a remeter à agilidade e facilidade de condução dos pequenos scooters, que passam com facilidade pelos corredores estreitos entre os carros. Soma-se isso o fato de o SH 300i ter ainda a grande vantagem do motor forte, que responde prontamente a qualquer solicitação, sem que o seu maior peso chame tanta atenção. Parece mais leve do que é na realidade.

Linhas harmoniosas... só o enorme para-brisa destoa

Linhas harmoniosas… só o enorme para-brisa destoa

De geometria rápida o chassi conta com a aplicação de uma distância entre eixos reduzida, mas um rake de 27,5º e trail  de 98mm, ambos bem generosos para boa estabilidade em retas e maior velocidade. Mas a grande área frontal causa um desequilíbrio aerodinâmico a afeta bastante a condução sob velocidade maiores, sobretudo quando se tem ventos laterais, o que causa algum balanço do scooter. A estrutura do chassi mantém bem estável todo o conjunto, e é pouco prejudicado por flexões do canote da direção em relação ao resto do scooter. É aquele velho e conhecido balanço que todo scooter possui e o SH 300i não é diferente.

Outro destaque do SH 300i é a boa área útil sob o banco, com um bom espaço para um capacete grande e mais alguns pequenos objetos. Neste compartimento ainda há um tomada 12V para carregamento de um celular ou qualquer outro equipamento. De fato, a engenharia da Honda fez um bom trabalho no intuito de compactar o scooter e encontrar espaços livres para carregar objetos, característica necessária a qualquer scooter. O resultado é que o motor ficou compacto, o espaço para objetos está lá, todos os componentes estão bem distribuídos, mas o espaço para o motociclista ficou um pouquinho prejudicado com a plataforma um pouco mais curta e aqueles com pés maiores terão que deixar um pedaço do calçado para fora da plataforma. Menos mal que a plataforma é “flat” (Lisa) e permite maior liberdade de movimentos. Essa estrutura também minimiza o “efeito scooter” descrito acima, pois há uma boa estrutura sob os pés, enrigecendo o canote de direção.

Esse pequeno prejuízo no espaço ao piloto pode ser explicado após um exame mais detido. Um grande radiador para arrefecimento do líquido que refrigera o motor e as rodas aro 16 polegadas são os dois maiores desafios para ajustar os espaços úteis no SH 300i. Outro efeito colateral disso é a grande altura do banco do scooter, que oferece bom espaço para porta trecos mas dificulta pilotos de estatura menor apoiarem os pés no chão. Isso pode ser um fator inibidor ao público feminino. De fato, a pilotagem do SH 300i é muito tranquila e segura.

Tanque de 9,1 litros e local certo para colocar a tampa

Tanque de 9,1 litros e local certo para colocar a tampa

Quanto ao para-brisa esquisito, que parece ser um elemento estranho ao conjunto, talvez seja uma questão de costume. Mas cabe um reexame do componente, da mesma forma que a Honda reviu a suspensão traseira do PCX, alvo de reclamação de muitos consumidores do modelo no início da sua comercialização. Quem sabe na hora que o SH 300i passar a ser montado em Manaus (AM) e tiver seu preço mais competitivo com relação ao seu principal concorrente – Dafra Citycom 300i –  a Honda possa desenvolver o componente nacional e melhor adequá-lo ao consumidor brasileiro. Enquanto isso, o novo scooter é muito bem vindo e representa mais uma opção aos fãs desse tipo de veículo urbano.

 

Ficha técnica Honda SH 300i

Motor

Tipo Monocilíndrico arrefecido a líquido, 4 tempos, SOHC
Diâmetro x Curso 72 x 68,5 mm
Alimentação Injeção eletrônica PGM-FI
Taxa de Compressão 10,5 : 1
Cilindrada 279,1 cm³
Potência máxima 24,9 cv a 7.500 rpm
Torque máximo 2,59 kgf•m a 5.000 rpm
Partida Elétrica

Transmissão

Embreagem Automática, centrífuga
Cambio V-Matic (tipo CVT)
Transmissão final Por correia em V

Chassi

Tipo Underbone em tubos de aço
Dimensões (CxLxA) 2.131 x 728 x 1.193 mm
Rake 27,5°
Trail 98 mm
Distância entre eixos 1.438 mm
Vão livre do solo 130 mm
Tanque de combustível 9 litros
Peso em ordem de marcha 170 kg (FR.: 65kg; TR.: 104 kg)
Altura do assento 805 mm

Suspensão e rodas

Suspensão dianteira Garfo telescópico de 35 mm, curso 115mm
Freio dianteiro Hidráulico, disco perfurado de 256 x 4,5 mm, com pinça de dois êmbolos, pastilhas em resina moldada e ABS
Roda dianteira – tipo Liga de alumínio fundido, com 6 raios
Medida da roda dianteira 16 x MT2.75
Pneu dianteiro 110/70 16
Suspensão traseira Braço oscilante com duplo amortecedor, curso 114mm
Freio traseiro Hidráulico, disco de 256 x 5 mm, com pinça de um êmbolo, pastilhas em resina moldada
Roda traseira – tipo Liga de alumínio fundido, com 6 raios
Medida da roda traseira 16 x MT3.50

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Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.