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Os scooters são confortáveis, práticos e econômicos. Nos últimos anos conquistaram espaço nas vias urbanas, comprovando que são excelente alternativa para transporte individual. O Suzuki AN 125 Burgman liderou este processo de popularização. Entretanto, a Suzuki demorou a modernizá-lo e quando finalmente o fez, em março deste ano, já havia perdido a liderança do segmento enquanto acompanhava os concorrentes mais modernos ganharem espaço.

Desenho moderno, injeção eletrônica de combustível e mais velocidade; praticidade e economia mantidas

Desenho moderno, injeção eletrônica de combustível e mais velocidade; praticidade e economia mantidas

Muitos consumidores preferiram não esperar e optaram por modelos concorrentes, como o Honda Lead, por exemplo. A J. Toledo da Amazônia, que fabrica as motocicletas Suzuki no Brasil, parece não ter a agilidade necessária para aperfeiçoar seus produtos assim que o mercado exige. Em um mercado competitivo como o brasileiro atualmente, isso pode representar perdas expressivas de participação no mercado, o que efetivamente ocorreu com a Suzuki, que perdeu o terceiro lugar no ranking nacional para a Dafra, tanto no atacado (Abraciclo), quanto no varejo (Fenabrave).

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Números da Fenabrave mostram a boa média de vendas mensais até 2010 e a queda em 2011

Números da Fenabrave mostram a boa média de vendas mensais até 2010 e a queda em 2011

Com a chegada do novo Burgman i, a Suzuki espera recuperar o tempo, o espaço e os consumidores perdidos com um produto melhor e com o preço sugerido mantido em R$5.990,00. Na primeira apresentação feita pela fábrica, o Burgman i indicou melhoras em quase todos os aspectos, sobretudo naquelas características que ainda causam desconfiança em muitos motociclistas, como as oscilações, as rodas pequenas e a falta de velocidade maior para trafegar em grandes avenidas e rodovias. Neste teste completo é possível confirmar que aquela primeira impressão estava correta.

O Suzuki Burgman i conserva as qualidades de seu antecessor e adiciona a eficiência da injeção eletrônica, maior economia, melhor estabilidade e desenho atualizado. Apesar de não parecer, quase tudo é novo na Burgman i. A começar pelo “i” da injeção eletrônica, que melhora o desempenho e permite que ela cumpra as regras do PROMOT-3 quanto à emissão de poluentes, passando pelo desenho da carroceria e chassi que foram atualizados para proporcionar melhor dirigibilidade e chegando ao conjunto motor e câmbio aperfeiçoado.

Na cidade

No meio do trânsito a Burgman i é rápida e passa fácil nos menores espaços

No meio do trânsito o Burgman i é rápido e passa fácil nos menores espaços

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A principal característica de um scooter é sua praticidade. E o Burgman i evidencia isso com maestria. Uma proposta de transporte individual rápida, confortável e econômica, que permite levar, trazer, ir e vir sem grandes dificuldades. Até com garupa, mas aí a condição já é mais penosa para o veículo e passageiros. Cargas diversas cabem nos espaços disponíveis – sob o banco, no porta-luvas, no bagageiro, no bauleto e até mesmo na plataforma de apoio aos pés pendurado no gancho estrategicamente colocado.

Pelas suas características estéticas, admite o uso de roupas sociais tranquilamente, pois o escudo frontal e a plataforma para apoio dos pés protegem da sujeira das ruas que, em uma motocicleta, são lançados nos sapatos e nas barras da calça. A posição de pilotar – sentado – também colabora para o conforto e o espaço para as pernas de motociclistas de maior estatura está garantido.

Sentado, o piloto coloca a chave, aperta um dos freios e dá partida no motor. É necessário fazer silêncio para escutar o motor. A partir daí, basta acelerar e frear. Vá e volte do trabalho, da faculdade e das compras com conforto e tranqüilidade. Hoje já se vê scooters em frotas de empresas em uso intenso, um sinal de que custo de manutenção baixo e economia de combustível também são características significativas no Burgman i.

Comparado com as outras motos, o Burgman i é muito mais prático pois carrega "coisas" nos múltiplos espaços disponíveis

Comparado com as outras motos, o Burgman i é muito mais prático pois carrega "coisas" nos múltiplos espaços disponíveis

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O novo motor e o câmbio CVT (Transmissão com Variação Constante) deram ao Burgman i uma aceleração mais linear. Ao mesmo tempo em que a relação de transmissão foi encurtada para possibilitar boas arrancadas, ela foi alongada para atingir velocidades maiores. O resultado é que ela demora mais para “crescer”, mas atinge aproximadamente 95 km/h de velocidade máxima real (pouco mais de 100 km/h no velocímetro). A mudança de velocidade se dá de forma constante e não se percebe alteração da rotação do motor enquanto a velocidade do veículo aumenta sem qualquer “troca” de marcha.

Ágil, leve e pequeno, o novo Burgman i manobra fácil em meio aos carros e congestionamentos. É preciso algum cuidado com os milhares de buracos e imperfeições das ruas das cidades, mas de maneira geral, as suspensões, apesar de pouco curso, estão bem calibradas para a realidade brasileira. O amortecedor traseiro conta com regulagem para a pré-carga da mola e isso é uma vantagem para adequar o comportamento da moto ao peso a ser carregado.

Para ter toda a agilidade e leveza nas manobras, o Burgman i paga o preço que é sofrer forte influência das imperfeições do piso. As motos esportivas também sofrem esta influência, pois isso é característica de motos com trail e entre eixos curto. É como se o piloto fizesse manobras no guidão e a moto reage imediatamente. Neste caso, até a pintura de faixas no chão “manobram” a Burgman i. Por esta característica, é preciso atenção permanente ao piso e segurar o guidão com as duas mãos sempre.

Nas estradas e avenidas

Nas vias expressas fique atento aos retrovisores para dar passagem aos veículos que trafegam em maior velocidade

Nas vias expressas fique atento aos retrovisores para dar passagem aos veículos que trafegam em maior velocidade

Pela versatilidade e economia, os pequenos scooters estão ganhando espaço também em vias de tráfego rápido, como avenidas expressas e rodovias. Mesmo não tendo sido projetado para ser usado nessas condições, o fato é que eles estão nas vias expressas e seus usuários devem ter consciência das suas limitações e conduzir de acordo com elas. Nas vias expressas a velocidade máxima é atingida rápida e facilmente. Trafegar nestas condições não há reserva de potência para se esquivar de alguma situação perigosa. Por isso o uso do Burgman i deve ser feito respeitando-se esses limites. Estar permanentemente de olho nos retrovisores – muito bons na Burgman i – para dar passagem aos veículos mais rápidos se torna uma premissa importante e até vital.

Análise técnica

Ciclística

 

Roda pequena e trail curto permite manobras rápidas sem perder estabilidade na reta

Roda pequena e trail curto permite manobras rápidas sem perder estabilidade na reta

De construção bem feita, a Burgman i tem no chassi bons atributos, melhores do que o anterior. É perceptível como ele se tornou mais estável, com menos flexões quando submetido a esforço proveniente de buracos, curvas em aceleração ou frenagem. Nessa condição a ciclística se mostrou muito melhor também, mesmo sendo 20 mm. mais curta. A impressão que dá é a mesma de uma moto mais longa no entre eixos, trail e/ou rake mais aberto ou seja, mais estável nos terrenos acidentados.

Motor

Muito linear, trabalha em rotação mais baixa que o antigo por causa do câmbio, mais longo. É um motor mais “quadrado” do que o anterior, passando de 52 x 58,6 para 53,5 x 55,2 no diâmetro e curso. A compressão diminuiu de 10,2:1 para 9,6:1. Com o sistema de injeção e os vários sensores distribuídos pelo motor, há um controle maior tanto nas emissões quanto no desempenho. E isso é facilmente percebido porque ela não perde em nada para a anterior e tem a vantagem da economia, um pouco mais de velocidade final e menos vibração. Com o novo projeto do motor, a verificação do óleo agora é mais fácil.

Câmbio

Tão bom quanto o anterior, apenas agora ele permanece atuando até uma velocidade maior. Assim, também consegue uma velocidade um pouco maior e o motor fica numa rotação mais confortável. “Pendura” mais no vento, ou seja: o motor fica sem força para abrir caminho no vento. Isso demonstra que a relação do câmbio está mais bem distribuída, aproveitando toda potência do motor.

Freios

Bons freios – disco na dianteira e tambor na traseira. Adequados ao tipo de veículo e são sempre muito exigidos pela pouca disponibilidade de freio motor. Mas o dianteiro estava um pouco “borrachudo” na unidade testada. Poderia ter uma pegada mais firme.

Suspensão

As suspensões seguem padrão para o veículo. Garfo telescópico na dianteira e amortecedor traseiro com ajuste na pré-carga da mola. Está mais bem calibrada para as situações ruins das ruas e avenidas das cidades brasileiras. Só que o ajuste da pré-carga da mola do amortecedor é serviço para oficina especializada, pois o acesso é impossível sem desmontar partes do scooter.

Acabamento

Praticamente todo em plástico, os encaixes das peças segue bom padrão. A pintura também tem boa camada e brilho. Como todos os componentes ficam escondidos sob os painéis plásticos, seria de se esperar que chicotes elétricos e outras partes estivessem com proteção precária. Mas isso não ocorre no Burgman i, onde os componentes elétricos e eletrônicos ficam bem posicionados e protegidos.

Um pino soldado no pedal de partida - solução simples

Tecnologia

Condizente com o projeto, a tecnologia aplicada alcança os objetivos principais e o resultado é um bom conjunto, equilibrado e com componentes integrados. Provê uma boa relação custo-benefício com qualidade e sem demandar excesso de manutenção. O pedal de partida poderia já ter sido eliminado, diminuindo peso. Ele ganhou um pino que impede que ele seja acionado quando a moto está com o cavalete central recolhido, o que acontecia no modelo anterior, muitas vezes quebrando engrenagens do sistema de partida.

Acessórios

O ótimo bagageiro e um bom porta-luvas completam as facilidades do uso no dia a dia. Sob o banco cabe apenas um capacete pequeno. Mas nada que um bauleto não resolva. Para o garupa, a pedaleira externa e retrátil foi uma solução inteligente.

Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, criamos um tópico no fórum para os motonliners. Clique aqui para acessar o tópico.