Uma moto foguete de três estágios – ou melhor de três cilindros. Com a Triumph Rocket III você pode acreditar que pode. O poder da pura potência que só um motor enorme pode proporcionar e como ela são poucas no Brasil. Há a Yamaha VMAX, a Ducati Diavel e Harley-Davidson V-rod. Poucas motos para um público pequeno mas exigente e que sabe o que quer.
Sua imagem não deixa dúvidas de que é poderosa inclusive pelo seu tamanho. A pergunta é inevitável: Qual a cilindrada? 2,3 litros – O que é isso, maior que meu carro? – Isso mesmo, maior que muitos carros que encontramos nas ruas, é como os americanos gostam de dizer. “There is no replacement for displacement” quer dizer: para se obter as melhores qualidades em termos de performance, não há nada melhor do que ter um grande deslocamento volumétrico no motor. E é a pura verdade, comprova-se nesse modelo da fábrica inglesa Triumph.
As suas linhas simples não deixam dúvidas quando se olha essa moto de perto. É grande e robusta, muito metal cromado faz contraste com partes pretas e o largo e volumoso tanque de gasolina reflete a necessidade de consumo por parte do poderoso motor, é o preço que se paga, pois fez 14,8 Km/litro no nosso teste.
Para o posicionamento do piloto a prioridade é o conforto. Posição natural, com os pés levemente adiantados e o tronco reto. Banco baixo permite alcançar o solo com facilidade, inclusive para os motociclistas de menor estatura, mas a largura da moto, soma-se ao grande peso que se faz presente, principalmente nas manobras em baixa velocidade. O grande radiador na frente impõe um espaçamento maior no transito das grandes cidades e irradia grande quantidade de calor. Consequência da grande cilindrada, melhor mesmo é escapar dali logo com ela e pegar uma boa estrada.
Nas estradas a Triumph Rocket III mostra todo seu potencial. O torque é fenomenal e em qualquer velocidade uma abertura a mais no acelerador provoca um grande impulso para frente. As trocas de marcha servem apenas para ajustar o motor à ampla gama de velocidades que cada marcha oferece. E há uma progressividade das borboletas, diferente da do acelerador, a sua abertura é mais lenta e progressiva do que pode ser o acionamento do acelerador. Para maior segurança o motor não responde com toda força ao comando do acelerador. Se fosse diferente, ao abrir muito rápido, poderia ser catastrófico. Não se trata de controle de tração mas de um atraso da resposta para dar mais tempo ao piloto na sua reação a uma eventual derrapagem. O motor entrega mais devagar a potência desejada, porque se fosse tudo de uma vez poderia ser incontrolável.
Estando em velocidade a retomada se mostra mais livre dessa restrição oferecendo mais possibilidades de uso do formidável motor. Assim o limite parece que você nunca vai alcançar porque a estrada ou a reta acaba muito rápido e a força que você tem que fazer, seja na arrancada ou em velocidade, para ficar em cima da moto por causa do vento, pode se tornar bem cansativo. Para quem gosta de grandes viagens em boa velocidade de cruzeiro, um para-brisa é um acessório interessante para essa motocicleta.
Bem estruturado esse chassi recebe colaboração indispensãvel da suspensão para oferecer respostas bastante neutras. As medidas de rake e trail são praticamente de custom, ainda mais com a grande distância entre eixos (1.695mm), ela se comporta como um foguete em trilhos na arrancada e ainda permite bons ataques nas curvas, até o limite das pedaleiras que avisam que as bordas dos pneus estão no fim.
Os garfos são invertidos KYB com 43 mm de diâmetro e cumprem bem o seu papel, assim como os dois amortecedores da traseira, ajustáveis na pré-carga das molas em cinco posições. Os freios já vem com ABS incorporados ao sistema e são de última geração, fato que permite que as frenagens utilizem de toda tração disponível, com rápida resposta. Afinal não poderiam ser fracos os freios para dar conta da velocidade que essa moto atinge e o peso que tem.
Toda essa elaboração no chassi e sua integração com a suspensão resulta em uma dirigibilidade que inspira confiança e grande conforto, mesmo em curvas fechadas e de piso mal conservado. Ela vai exatamente aonde você aponta a frente, deixando muito intutiva a pilotagem. Nem parece tão grande essa moto de mais de 350 Kg quando em movimento. Na verdade ela é grande para dar conta do enorme motor e isso é o que provoca a melhor sensação ao motociclista. Afinal, os americanos têm razão e os ingleses que sempre deram prioridade à dirigibilidade e ao prazer de pilotar mostram que também concordam com a máxima: “there is no replacement for displacement”.