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Não dá pra falar da única moto genuinamente on-off-road ainda em produção no mercado brasileiro sem contar um pouco da riquíssima história das motos trail no Brasil. É uma história com a qual o Motonline está particularmente envolvido em função de dois personagens que fazem parte da equipe de Conteúdo: Bittenca e Harada.

Yamaha DT 250 DT1 a primeira moto realmente on-off road

Yamaha DT 250 DT1 a primeira moto realmente on-off road

O primeiro porque junto com Emílio Camanzi, Júlio Camargo Carone, Josias Silveira, Carlos E. E. Coachman e outros personagens do início do mercado off-road no Brasil e do jornalismo motociclístico nacional, foram pioneiros em inventar esses passeios por caminhos inexistentes – as chamadas trilhas. O segundo porque trabalhou na Yamaha desde a inauguração da fábrica no Brasil em 1974 e foi testemunha e fonte de informação para muitos fatos desta história. Entusiasta do segmento on-off-road, Bittenca é quem conta esta história, que começa no final dos anos 1960.

Que fique claro desde já que a Yamaha “inventou” essa classe de motos. É que havia muitos motociclistas que modificavam suas motos para uso na terra e a marca percebendo isso, formulou e colocou no mercado a DT  250, a DT1. Uma moto que definiria o estilo que passou a ser chamado de “Dual Sport”.

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Pioneiros das trilhas, da esquerda para direita: Júlio Carone, Carlos Coachman, Cinésio Fernandes, Emílio Camanzi, Bittenca; agachados: Luis Costa Filho, Charles Marzanasco e China

Pioneiros das trilhas, da esquerda para direita: Júlio Carone, Carlos Coachman, Cinésio Fernandes, Emílio Camanzi, Bitenca; agachados: Luis Costa Filho, Charles Marzanasco e China

Essa classe de motos foi especialmente desenvolvida para um duplo propósito. Uso no asfalto e fora dele. Daí também a denominação “on-off-road”. Começou com motores dois tempos, que era a “escolha” da Yamaha, pela simplicidade e desempenho. Poucos anos depois, mais exatamente em 1973, a Honda entrou na brincadeira com a XL 250R Motosport. Sua aposta na época era pelos motores quatro tempos. Mas não pelos motivos que depois levaram também a Yamaha a abolir os dois tempos – as emissões. Mas sim, porque diziam que era um motor mais resistente e durável. Verdade parcial porque os dois tempos eram de manutenção muito mais barata.

Honda XL 250 R Motosport; primeira moto trail de quatro tempos

Honda XL 250 R Motosport; primeira moto trail de quatro tempos

O Brasil experimentou a “febre” das motos on-off-road – novo nome para dual sport – na década de 1980. Na verdade, um ano antes a pioneira Yamaha lançava a primeira moto genuinamente de projeto brasileiro, a TT 125, com base no motor da RX 125. Atenta aos movimentos dos consumidores e do mercado, a Yamaha não demorou e lançou em 1981 a DT 180, moto quase obrigatória para quem quisesse, na época, se aventurar pelas trilhas do Brasil. Em 1982 a Honda entrou no segmento com a sua XL 250R, essa com motor 4T.

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As “Trail bikes” eram apropriadas para as trilhas, além do asfalto. Por isso muitos iam até onde se realizavam as provas de enduro ou motocross, retiravam espelhos e piscas, corriam, montavam tudo novamente para voltar para casa, às vezes até com pneus especiais para terra. Apesar do segmento de motos on-off-road nunca ter perdido sua importância, ao longo do tempo as fábricas perceberam que seus compradores poucas vezes se aventuravam por trilhas ou estradas de terra. A abertura do mercado para as importadas trouxe produtos mais adequados para quem quisesse fazer enduro ou trilha e as on-off-road perderam parte da força, mas ainda são bem procuradas.

A morte da Honda XR 250 Tornado deixou a Yamaha Lander XTZ 250 praticamente como a única e última opção para quem quer uma moto de 250 cilindradas, puramente trail ou on-off road. A aposta das fábricas nas motos estilo aventura, mais confortáveis e voltadas ao asfalto, fez mais sucesso. Aí estão a Honda XRE 300 e a Yamaha XT 250Z Ténéré. Agora, com a chegada da Honda CRF 250L a Yamaha Lander XTZ 250 terá companhia novamente.

Lander XTZ 250, a última legítima 250 Trail da Yamaha

Lander XTZ 250, a última legítima 250 Trail da Yamaha

Nessa configuração é que a XTZ 250 Lander se enquadra. Moto estreita, leve, com muita maneabilidade, suspensão que absorve bem grandes impactos e ergonomia que permite a “posição de ataque”, isto é: em pé nas pedaleiras, com os braços levemente flexionados e tronco sobre o bocal do tanque. Variações dessa posição se aplicam em curvas, onde sentado ou mesmo em pé, se  coloca o tronco na linha da manopla do lado de dentro da curva.

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A Lander tem visual com estilo dedicado ao off-road

A Lander tem visual com estilo dedicado ao off-road

Assim se obtém mais controle da frente que nessas motos são bastante leves. Mais ainda ela permite. Em descidas íngremes você desloca o corpo para trás para evitar que a traseira suba (RL) e tracionar bem com a frente, no freio. Toda essa liberdade de movimento sobre a moto é necessária para o off-road que, fora as especiais de enduro e motocross, apenas essa classe de moto oferece. Assim, também o visual trás esse foco em performance, por manter a moto com linhas leves, mas com curvas radicais. É o caso das grandes áreas brancas sob o banco e sobre o farol que permanece como o espaço para se colocar o adesivo do número do piloto.

Motor compacto e versátil_400x

Motor compacto e versátil entrega potência adequada para uma moto 250cc

Por isso tudo o conforto não é o seu forte. A posição, o banco, a suspensão, enfim, todo conjunto convida a manter o foco em performance e nessa proposta o conforto pode ficar um pouco comprometido. Mas um piloto em boa forma pode ficar o dia inteiro andando nela sem problemas. A maciez da suspensão é mais voltada a baixas velocidades, então vamos deixar os saltos extremos para as motos especiais de enduro ou mais ainda, as de motocross. Essa não é a sua praia, você tem um meio termo entre conforto e performance dado o ajuste feito na suspensão e características da ciclística.

O motor de 250cc entrega boa potência. São 20,7 cv a 8000 rpm. Porém a entrega é de forma gradual e progressiva. Para maior aceleração deve-se usá-lo em rotação alta, mas já em baixa, a partir de 4000 rpm, já há bastante torque, para que o motor esteja sempre pronto a responder.

Filtro de ar de poliuretano embebido em óleo é de fácil manutenção

Filtro de ar de poliuretano embebido em óleo é de fácil manutenção

Porém não espere grande aceleração nesse momento. Para isso há que se colocar o motor em alta rotação. Pelo menos acima 5000 rpm.
Nessas condições o câmbio se torna bem versátil, praticamente em qualquer marcha você pode tocar a moto, mesmo nas mais altas em baixa velocidade. Mas novamente, para maior aceleração deve-se usar as marchas com o motor em alta e às vezes o auxílio da embreagem é bem vindo para isso. As trocas são bem precisas, pode se usar o câmbio sem muita atenção. Apenas um pouco caloso (duro) para os mais sensíveis, mas o resultado é bom e o escalonamento é perfeito.

Típico da Yamaha é a facilidade de manutenção de uma moto trail e essa não é diferente. O filtro de ar, por exemplo, é de espuma de poliuretano embebido em óleo, as peças são de fácil acesso e as ferramentas adequadas, mas já foram melhores no passado. Hoje são estampadas e não mais forjadas como antigamente.

A condução da Lander é fácil. Normalmente numa trail é fácil perceber como os movimentos do guidão são ampliados para se verificar o esterço. Por isso esse tipo de moto é bastante usada nos cursos de pilotagem para demonstrar o contra esterço. Isso é: quando se vira para um lado a moto se inclina para o outro, iniciando uma curva para o lado oposto ao esterço. Assim é que funciona a mudança de direção de uma motocicleta e nas trail essa característica é muito ampliada. A medida do trail de 103mm associado à distância entre eixos de 1.390mm dá essa característica de lentidão nas respostas da Lander XTZ 250. Permite superar obstáculos com estabilidade, passando de preferência em linha reta sobre eles, mas ainda assim, por causa de sua leveza e rigidez no chassi ela se comporta bem nas curvas. Aceita bem grandes inclinações desde que o piloto se posicione na posição de ataque nas curvas também.

Geometria da XTZ 250 Lander - Ótima combinação de estabilidade com maneabilidade para trilhas e situações urbanas

Geometria da XTZ 250 Lander - Ótima combinação de estabilidade com maneabilidade para trilhas e situações urbanas

Outra boa característica da XTZ 250 Lander é a economia e a consequente autonomia que o tanque permite. Obtivemos uma média de 28,09 Km/litro de gasolina no teste em percursos urbanos, rodovia e em trilhas rápidas, mas leves. Como o tanque tem capacidade de 11 litros essa moto pode percorrer 309 Km sem ter que abastecer. Nada mal para uma moto trail.

Urbana: economia e versatilidade também na cidade

Urbana: economia e versatilidade também na cidade

A chegada da XT 250Z Ténéré causou queda nas vendas da Lander. Seu ritmo que era próximo a 8 mil motos por mês caiu para quase 6 mil. Mas agregou mais compradores para a marca com a “Ténérézinha”. Essa queda também não significa que a moto perdeu espaço, pois mesmo com oscilações de mercado ela mantém ritmo de venda próximo de 800 motos por mês.

Para uma 250 que oferece muita versatilidade para o uso, o preço sugerido de R$11.930,00 é competitivo. Sua mecânica robusta aliada com a economia de combustível  a Yamaha Lander XTZ 250 segue como praticamente a única escolha que há no mercado para uma verdadeira trail. Se isso vai continuar assim, a chegada da Honda CRF 250L em meados do ano que vem.

Se você tem uma Yamaha Lander XTZ 250, opine sobre ela!
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