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Honda Africa Twin chega ao Brasil no segundo semestre

Honda Africa Twin chega ao Brasil no segundo semestre

Andando nas Hondas de transmissão por dupla embreagem, DTC o uso nas ruas e estradas se mostrou excelente. Mas, particularmente na VFR 1200X notamos as dificuldades de utilizar o sistema em percursos de terra. É que a embreagem automática apenas funciona para as saídas, sendo impossível o controle delicado para superar obstáculos no off-road. Às vezes, é necessário um deslizamento para deixar a roda mais livre do motor para que a variação da rotação da roda não afete o motor a ponto de cortá-lo ou gerar um impulso demasiado grande à frente. Difícil controlar.

Em um test ride recente na África do Sul, foram demonstradas as motos para jornalistas do mundo todo. As duas versões, a MT (manual shift) e a DCT (Dual Clutch Transmission) foram disponibilizadas.
O motor, desenvolvido especialmente para esse modelo, produz sua potência com notáveis e imponentes pulsos produzidos pelos dois cilindros paralelos. Parecem toneladas de torque que propulsionam a moto, através do sensível acelerador. Seis marchas combinam flexibilidade e uma grande sensação de poder no controle das marchas, passando por todas as fases da aceleração.

O lay-out da moto provido por grande curso das suspensões, com os pneus de boas dimensões para uso off road, não decepcionou no uso on-road. Excepcionalmente estável, melhor do que se espera para uma moto com esse tipo de tendência “off”. A sensação de contato dos pneus sobre a superfície de asfalto se mostrou excelente, não provocando nenhuma hesitação ao despejar potência saindo de curvas. Dirigibilidade que gera confiança nas estradas asfaltadas é importante para o segmento Turismo-Aventura, o que a Africa Twin pretende atender e onde há grande competitividade no mundo todo.

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Marc Marquez e Joan Barreda testam a nova Honda CRF1000L Africa Twin

Mesmo cruzando continentes, a grande maioria das estradas são asfaltadas, portanto para viagens assim, prazer para longos percursos e conforto são requisitos importantes. A Africa Twin se mostrou ser top, nesses quesitos todos, não só performance.

CRF1000L Africa Twin – DCT e MT – Veja o que disse a seu respeito um dos pilotos Honda no test ride oficial na Africa do Sul

A dirigibilidade é prazerosa, ao sair de curvas ou deixar as intersecções, inclusive andando pelas estradas tortuosas ou trilhas de montanhas, você pode andar confortavelmente, como achar melhor. Rapidamente você vai perceber que a Africa Twin não só entrega top performance como uma moto de estradas, mas também você se sente muito seguro em estradas desconhecidas, mantendo a mente relaxada em termos de controle e performance nas frenagens.

Para Turismo de aventura a proposta deve ser a melhor possível

Para Turismo de aventura a proposta deve ser a melhor possível

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Depois da MT, andamos na Africa Twin equipada com o DCT (Dual Clutch Transmission). As impressões que se destacaram ao andarmos na MT se repetiram com a DCT. Dirigibilidade, suspensão e frenagem se mostraram com a mesma qualidade. Porém, ao sentar na DCT e andar com ela a impressão foi que ela era uma moto menor, mais compacta. A razão é que ao ligar o motor e selecionar o modo “drive”, andar nela se resumiu a simplesmente virar o acelerador.

Você não se preocupa em deixar o motor morrer ou errar de marcha, acaba por perceber então que a operação de mudar marchas e operar o câmbio aparece como uma função bastante complicada, e que você fica mais nervoso do que pensa ao ter que operá-lo.

Ao se ver livre dessa operação você começa a apreciar mais a paisagem, concentrar mais a atenção em coisas que realmente importam como o traçado e aceleração, deixando mais espaço ao coração e à mente para simplesmente curtir  andar de moto. É uma reprise daquela surpresa marcante quando se pilota pela primeira vez uma moto com DCT.

No segundo dia do test ride levamos a Africa Twin para o off road. Esse percurso foi no meio da natureza, parecia mais um teste especial de um Rali. Isso se deu exatamente após termos experimentado um dia inteiro curtindo essa grande moto pelas estradas asfaltadas. Me vi comparando essas condições, desses dois cenários e das condições dos percursos.

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No uso off-road suas qualidades impressionam até ao piloto profissional

No uso off-road suas qualidades impressionam até ao piloto profissional

Como no dia anterior, começamos com a versão MT, por uma grande reta inicialmente, seguida de subidas e descidas ocasionais, acompanhadas de curvas suaves. Grande paz de espírito. Ao passar com a Africa Twin por essas situações dava a impressão de que estava andando numa estrada asfaltada, com completa paz de espírito. Que sentimento prazeroso foi esse, tudo parecia ser exatamente igual, na estrada de terra, como foi no dia anterior, no asfalto. Suspensão atuava na superfície de terra quase tão bem como no asfalto. Livre de qualquer dificuldade nas acelerações ou nas desacelerações.

Pelas características do motor não se encontra nenhuma surpresa na aceleração, que seja inesperada, a potência é fácil de se controlar facilitando a pilotagem. Essa nova Africa Twin é mesmo excepcional.

A estrada ficava cada vez mais complicada e acidentada. A moto saltava sobre terrenos ondulados que eram assimilados perfeitamente pela suspensão e nunca transpareceu um comportamento estranho. Esse chassi excelente revela a performance que se transforma em prazer ao tocar a Africa Twin.

Painel de fundo negro e computador de bordo

Painel de fundo negro e computador de bordo

Quando a estrada se estreitou e se tornou mais pedregosa começamos a perceber o peso de pilotar uma moto dessa envergadura nessas condições. Se não mantivesse o acelerador aberto, um tanto, perderia muita velocidade e a moto passaria a se tornar instável e isso era o que eu não queria numa situação daquelas. Manter a marcha correta em todas as situações se tornava uma questão importante e não podia perder o embalo e tinha que manter o acelerador acionado sempre que possível. Controlar o acelerador para não perder o momento do movimento. Também o uso conveniente da embreagem se tornou uma questão importante, assim que a tocada foi se complicando.

A necessidade era escolher uma linha que evitasse que a roda dianteira fosse abordada por alguma pedra maior e tirasse a moto de sua condição estável. Tinha que controlar a moto nessas condições tensas enquanto mantinha o controle com o movimento do corpo.

Assombrado por essas condições extremas a Africa Twin acelerava por seu caminho através dessas condições extremas. A ansiedade que eu experimentava ao pilotar sobre superfícies desse tipo foram transformadas em alívio e satisfação. Uma sensação de prazer tomou conta de mim.

Controles como na VFR 1200 as mudanças de marchas são controladas automaticamente

Controles como na VFR 1200 as mudanças de marchas são controladas automaticamente

Depois de um descanso fizemos o mesmo trajeto com o modelo DCT da Africa Twin. Por ter gostado de pilotar a versão MT e ter andado na DCT no asfalto no dia anterior a minha expectativa era boa. Mas também por conhecer as limitações quando andei nas VFR1200 e os modelos NC com esse tipo de transmissão eu tinha certo para mim que a versão DCT da Africa Twin seria melhor do que aquelas que tinha andado antes. Vamos aos fatos.

Para testar a operação do DCT a primeira coisa foi encarar uma subida molhada bem inclinada. Abri o acelerador e encarei o plano bastante inclinado sem perder nenhuma força de tração, proveniente de alguma derrapagem indesejada. A sensação de tração segura sobre uma superfície lisa imediatamente extinguiu qualquer ansiedade que eu tinha antes. Senti uma real sensação de conquista ao subir o talude de uns 10m de altura.

Por longos anos de pilotagem off-road aprendi por tentativa e erro, fui literalmente lançado fora da moto em várias situações. É normal para pilotos profissionais enfrentar dificuldades em manter controle preciso na operação do acelerador e embreagem. Há que se ter perfeita sintonia e os modelos DCT da Honda fazem isso automaticamente. Por exemplo: derrapagem da roda traseira por soltar a embreagem muito rapidamente ou se perder numa subida íngreme que cale o motor. A moto para o movimento e acaba por cair por sobre o piloto ou sobre um de seus lados quebrando o manete de freio ou embreagem, no processo.

Se o motor se cala numa rampa pode ser muito difícil para o piloto manter o controle apenas com um dos pés. Ele tem que conseguir virar a moto e descer novamente. A roda traseira deve ser travada com o motor para que a moto não volte morro abaixo, você tem que ficar do lado mais alto para “dar pé” na manobra de virar a frente para baixo – A coisa é complicada.

Pequenos erros no off-road podem se tornar acidentes graves que resultam em grandes estragos. A presença do DCT numa moto off-road pode resultar em uma boa opção.

Depois dessa, dei uma outra volta com a Africa Twin DCT no curso de terra. A terra estava mais seca, a poeira começava a se espalhar por onde eu passava, subindo a trilha da montanha. Dessa vez as curvas fechadas estavam marcadas por erosões que dificultavam a passagem. Era difícil o controle se a velocidade fosse muita, mas também se fosse pouca demais acabava por dificultar o equilíbrio. Nessa seção era importante saber onde manter, aumentar e diminuir a velocidade para ter máximo controle sobre o terreno acidentado, o uso do posicionamento do corpo é a chave do sucesso nessa hora, passando por essas erosões.

Com o DCT fiquei liberado do controle da embreagem, podia fazer o que era preciso sem aplicar tanta força no guidão, porque meus braços podiam estar mais relaxados eu pude concentrar o foco em escolher a melhor linha, com mais liberdade e isso é básico na técnica de se fazer boas curvas.

A subida acidentada era estreita, mal dava para passar um carro pequeno, peguei a linha da esquerda da estrada, que tinha muitas erosões. Quando escolhi essa mesma linha no modelo MT, em algumas vezes me distraí em demasia com a minha atenção focada na embreagem e acabei por errar a manutenção dessa linha. Por outro lado, andando com a DCT podia focar minha atenção no percurso e seguir a linha mais claramente, com a minha visão adiante, que é também uma das bases da pilotagem de motos. Estar livre da operação da embreagem facilitou manter minha compostura na trilha.

Pegamos depois uma trilha que levava ao fundo de um vasto deserto. Pensei que viajar tranquilamente através de um ambiente desses foi mais um sinal do grande potencial da Africa Twin. Quando a concorrência souber que o off road pode ser tão gratificante e relaxado e em um ritmo tão rápido com a versão DCT eles vão ficar um pouco chocados.

Para andar na terra, em situações escorregadias e lidar bem em paradas súbitas deve-se ter grande habilidade. A transição entre o uso do acelerador e freios se torna ainda mais importante. A forma que a Africa Twin equipada com DCT permite ao piloto concentrar-se nessas operações é rara nas motocicletas.

A Africa Twin com câmbio manual é fantástica. Entretanto, a versão DCT é ainda mais impressionante. Se a Africa Twin de vinte anos atrás tivesse o sistema DCT ela teria atacado as dunas do Paris-Dakar com muito mais compostura e não teria elevado o nível de ansiedade dos seus pilotos a patamares tão altos.

Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.