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Nikola Tesla, gênio croata da engenharia elétrica, com mais de 700 invenções a seu crédito, inclusive do motor AC, do rádio, da lâmpada fluorescente, do tubo amplificador a vácuo, da máquina de raios-X e de tantas e tantas outras, pensou muito em tirar eletricidade do ar – e por mil motivos não chegou lá.

Agora, porém, pesquisadores da Universidade de Campinas pensam que isso pode se tornar realidade. O químico e professor Fernando Galembeck lidera uma pesquisa das maneiras como a eletricidade se espalha pela atmosfera e como ela pode ser colhida. Ele diz: “Nossa pesquisa poderia pavimentar o caminho para coletar eletricidade diretamente da atmosfera, como uma fonte alternativa futura de energia.”

Por muito tempo os cientistas acreditarem que gotículas de água na atmosfera eram eletricamente neutras, mesmo após ter entrado em contato com partículas de poeira eletricamente carregadas. O Professor Galembeck e seu grupo de pesquisadores, porém, já demonstraram que isso não é verdade. Num experimento de laboratório, viram que partículas de sílica e de fosfato de alumínio ficaram respectivamente carregadas positiva e negativamente ao serem circuladas numa atmosfera de alta umidade.

“Isso é evidência de que a água na atmosfera pode acumular cargas elétricas e transferí-las a outros materiais com os quais entre em contato. Nós chamamos isso de ‘higroeletricidade’, ou eletricidade de umidade.”

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Os pesquisadores imaginam coletores, parecidos com células solares, que venham a coletar e distribuir higroeletricidade no ar. Assim como as células solares funcionam melhor em locais ensolarados, estes coletores funcionariam melhor em locais mais úmidos. Eles crêem até mesmo que, diminuindo-se a carga elétrica no ar, seus coletores poderiam evitar raios, principalmente quando montados em cima de prédios altos.

O grupo de cientistas de Campinas está atualmente fazendo experimenos com diversos metais, para descobrir quais funcionariam melhor na captura da eletricidade atmosférica e na prevenção de raios.

O Professor Galembeck diz que “São idéias fascinantes que novos estudos, nossos e de outros grupos de cientistas, sugerem serem agora possíveis. Ainda há um imenso caminho a seguir, mas os benefícios de se colher a higroeletricidade poderão ser substanciais no longo prazo.”

O trabalho do Professor Glambeck e seu grupo foi apresentado no duocentésimo encontro nacional da Sociedade Química Americana.

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José Luiz Vieira, Diretor, engenheiro automotivo e jornalista. Foi editor do caderno de veículos do jornal O Estado de S. Paulo; dirigiu durante oito anos a revista Motor3, atuou como consultor de empresas como a Translor e Scania. É editor do site: www.techtalk.com.br e www.classiccars.com.br; diretor de redação da revista Carga & Transporte.