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Uma pesquisa encomendada pela editora Santa Clara Ideiais junto ao Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) em maio deste ano descobriu que o carro já não exerce tanta atração sobre os jovens paulistanos. Foram entrevistadas 600 pessoas, com idade acima de 16 anos e os principais resultados são:

– 57% dos paulistanos deixaram de usar o automóvel como principal forma de locomoção;

– 19% abandonaram totalmente o carro;

– 38% restringiram seu uso aos fins de semana.

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Trânsito: ignorar a moto como alternativa é miopia

Trânsito: ignorar a moto como alternativa é miopia

A mudança tem um motivo simples. Mais da metade dos paulistanos entrevistados (58%) consideram o trânsito a maior causa de infelicidade em sua vida na cidade. Além desses, 27% veem o trânsito como “uma das principais causas de infelicidade” na vida da cidade, o que mostra que 85% dos moradores da a cidade são, em geral, infelizes por causa do trânsito na cidade.

A grande maioria dos entrevistados que abandonaram o carro optaram por andar a pé e de ônibus: são 78% e 70% (os pontos se somam porque as pessoas adotam várias opções), respectivamente, de onde se pode concluir que a maioria vai ao trabalho dessas duas maneiras (separadas ou combinadas).

O metrô também é bastante utilizado pelos paulistanos que abandonaram o carro: 61% utilizam o meio de transporte. Segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos, o número de usuários de metrô e trens aumentou em 1,2 milhões pessoas/dia nos últimos três anos, o que é muito significativo, considerando que a população da cidade de São Paulo está estável já há duas décadas alguns anos.

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Há também os que adotaram a bicicleta que, apesar de serem poucos, são os que se dizem mais satisfeitos com a opção tomada: deram nota 8,1, na pesquisa Ipespe, ao meio de transporte, enquanto que usuários do metrô e ônibus classificaram seus meios como 6,9 e 5,5 respectivamente.

Essa adoção de outros modais, como toda mudança de paradigma, é mais praticada pelos jovens. E essa não é apenas uma questão local paulistana. Montadoras de carro nos Estados Unidos também têm demonstrado preocupação porque não conseguem mais atrair o público jovem para o consumo de carros, antes sinônimo de liberdade entre a classe. Hoje, ao contrário, o carro representa engarrafamento, poluição e gastos.

Nota do Editor: É interessante notar que na pesquisa a motocicleta não aparece. Claro que é possível acontecer, mas é bem improvável que entre os 600 entrevistados, nenhum tenha decidido adotar a motocicleta como opção ao carro. Ou, visto de outro forma, será que nenhum destes entrevistados adotou desde sempre a moto como meio de transporte? Não sabemos a resposta e não é este o caso aqui.

O presidente do Sindimoto, Gilberto Almeida dos Santos, que representa a categoria dos motofretistas de São Paulo, disse no evento de divulgação da pesquisa da USP sobre os acidentes com moto exatamente isso: “As autoridades sempre que falam de mobilidade urbana, falam do ônibus, do trem, do metro, do carro, do pedestre, do ciclista e esquecem a moto. Parece que nós não existimos, basta olhar o que estão fazendo nas ruas, o estreitamento das faixas em todas as avenidas e a própria CET assume que as vias são feitas para veículos de quatro ou mais rodas”, falou Gilberto. Esta notícia serve de gancho para trazer à discussão o que nós que vivemos o dia-a-dia da motocicleta percebemos com clareza sempre que se trata de falar de mobilidade urbana e outras questão correlatas. A motocicleta é quase sempre ignorada.  Mas é preciso começar a encarar a realidade: a moto é uma excelente opção ao carro e ao péssimo sistema de transporte coletivo oferecido na maioria das grandes cidades brasileiras. Ignorá-la é jogar a sujeira para baixo do tapete e achar que a sala está limpa.

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