Hoje pela manhã a Triumph anunciou à imprensa sua parceria com a Bajaj Auto India, o que levantou uma onda de hipóteses e suposições no mercado de motos. Inclusive nossa redação foi atingida por este êxtase. De um lado, a conhecida marca premium inglesa, responsável por nomes icônicos como a família Bonneville e também referência em motos trail e esportivas de alta cilindrada (que, inclusive, passará a oferecer motores ao mundial de Moto2, substituindo a Honda) e do outro a Bajaj Auto, uma grande marca indiana fabricante de motos pequenas. O que podemos esperar quando temos estas duas assinaturas no contrato?
Segundo as informações oficiais da Triumph, “o objetivo desta parceria, sem troca de ações, é o de entregar uma gama de motocicletas, beneficiando-se das forças coletivas de ambas as empresas”, bem como “permitir à Triumph expandir de forma significativa seu alcance global através da entrada da marca em novos segmentos de maior volume, especialmente nos mercados emergentes em todo o mundo. A Bajaj ganhará acesso à icônica marca Triumph e suas excelentes motocicletas, o que lhe permitirá oferecer uma gama mais ampla de motocicletas dentro do seu mercado doméstico e em outros mercados internacionais”. Além disso, as duas marcas “estão orgulhosas de anunciar a sua parceria global” e “entusiasmadas com as oportunidades desta parceria e a perspectiva de entrar em novos segmentos de mercado, atingindo um novo grupo de motociclistas em todo o mundo”. O material enviado à imprensa encerra com o trecho “detalhes adicionais a respeito desta nova e emocionante parceria serão compartilhados oportunamente”, antecedendo a assinatura do CEO, Nick Bloor.
Mercado em êxtase: parceria entre Triumph e Bajaj
Este tipo de transação, unindo marcas de esferas opostas em prol do bem de ambas, está efervescendo nos últimos anos… e rodando as ruas de vários países do mundo. De um lado a Bajaj terá acesso ao nome Triumph e seu mercado e seu mercado seletivo, e de outro a marca inglesa poderá lançar motos com preços mais acessíveis, especialmente em mercados emergentes. Este cenário está sendo vivido no mercado brasileiro hoje, por exemplo, com o lançamento da BMW G 310 R (e aguardando a chegada da irmã, a G 310 GS). Uma marca premium (BMW) firmou uma parceria com uma empresa especializada em motos de baixa cilindrada (TVS) e desenvolveu um produto com um pouco dos dois mundos que serve como entrada para a família BMW, diversificando seu produto e atingindo uma nova leva de usuários. Esta é a receita.
Esta não é a primeira vez que a Bajaj Auto estabelece uma parceria nestes moldes. Em 2007, o aperto de mãos entre a marca indiana e a austríaca KTM possibilitou a criação das pequenas DUKE’s. Na ocasião, a boa aceitação da 125 DUKE no mercado europeu (que vendeu mais de 10 mil motos em um ano) deu origem à diversificação da produção, com a chegada das 200 DUKE e 390 DUKE. Falamos mais sobre esta parceria aqui no Motonline em 2015, veja a reportagem. A expansão para o mercado de baixa cilindrada foi uma atitude essencial para a KTM atravessar a crise global que enfrentava naquela época.
Estaria então a Triumph planejando seguir os mesmos passos de outras marcas premium, com o objetivo de abocanhar parte do interessante mercado de motos em países emergentes (como é o caso do Brasil e da Índia)? Ao que tudo indica, sim, acendendo a luz de alerta à possibilidade de termos uma representante da marca na casa das 200 – 350 cilindradas em breve. Cabe também uma observação sobre as agressivas estratégias de mercado da Bajaj, que recentemente também foi cotada como uma das marcas interessadas em adquirir a Ducati.