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Não é mais segredo pra ninguém. O Brasil tem o mercado de motos premium que mais cresce no mundo. Em alguns segmentos a concorrência chega a ser brutal e até autofágica, com marcas que tem duas motos no mesmo segmento. E é esse o caso das Big Trail entre 600 e 800 cc, onde entra agora a Triumph Tiger 800 XC.

A menor big trail da Triumph é na verdade uma 800

A menor big trail da Triumph é na verdade uma 800

Números da Fenabrave mostram equilíbrio em 2013

Números da Fenabrave mostram equilíbrio em 2013

Ela chega e adiciona mais dúvidas na cabeça do consumidor pois trata-se de segmento onde as motos que estão na briga tem boa munição e conseguem dividir bem as vendas. Note no quadro que a Yamaha lidera o segmento mas é porque tem duas motos – XT 660Z Ténéré e XT 660R. A BMW também possui duas motos no segmento, mas neste caso diferentes. De qualquer maneira é briga de gente grande, o que é muito bom para o consumidor.

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Triumph Tiger TR7T de 1981

Triumph Tiger TR7T de 1981

Essa moto vive numa concorrência que tem história e tradição. Começou nos anos 80 na Europa e de lá acabou por ser exportada para cá. As Triumph começaram em Coventry, passaram a ser fabricadas em Meriden até a fábrica atual em Hinkley. Nesses anos, desde 1902 em Coventry a 2012 em Manaus essa indústria produz motocicletas que se comparam às melhores marcas do mundo. Já em 1981 a Tiger trail com a sigla TR7T foi vitoriosa no Raly dos Pirineus, época em que as BMW R80 GS faziam das suas também no ISDT (International Six days Trail) e no Paris-Dakar (1985).

Inspirada nessa tradição, foi relançada em 2010. A grande qualidade desenvolvida na Tiger 800XC é a versatilidade.

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Moto competente no off-road com destaque da suspensão e grande torque do motor

Moto competente no off-road com destaque da suspensão e grande torque do motor

Essa característica se sustenta na motorização atual de três cilindros em linha, para grande potência e torque. Na verdade essas qualidades definem essa classe de motos e algumas são mais apropriadas ao “off” e outras mais ao “on”. A Triumph Tiger 800XC tem no nome a sua vocação – XC se traduz em Cross country, que remete às competições de Raly ou Enduros. O motor compacto torna-se um componente essencial a essa proposta, bastante competente na terra.

O motor tem três cilindros e duplo comando no cabeçote e eixo balanceador

O motor tem três cilindros, doze válvulas, duplo comando no cabeçote e eixo balanceador – produz 94 bhp no virabrequim

Isso porque um perfil mais estreito permite grande mobilidade. Qualidade essencial nas “big trail”. Em número de cilindros assim se classificam: um é pouco ou às vezes suficiente,  dois é bom e três. Será demais? – Quatro com certeza, fica sim muito largo. Mas esse tricilindrico não é tão mais largo do que a maioria das bicilíndricas, porque o câmbio e embreagem definem uma largura mínima que no caso da Triumph representa praticamente a mesma largura do virabrequim. Dessa forma ela não se mostra mais larga no motor do que a maioria das Big Trail de um ou dois cilindros paralelos.

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Numa Trail muitas vezes menos é mais e esse motor de “apenas” 800cc, se mostra bastante compacto e entrega quase 100 cv, com um peso na ordem de 215 kg. Você tem pouco mais de 2 kg para cada cavalo levar. Isso para uma moto Trail representa uma ótima relação peso/potência, quase demais para se controlar na terra onde a tração sempre é limitada.

Alojado no cockpit de comando dessa moto se percebe como a posição de conduzir é relaxada e natural. Pedaleiras bem posicionadas deixam bom posicionamento para pernas e braços e uma boa postura para a coluna. O banco tem ajustes, para adequar uma posição mais de ataque ou que privilegie o conforto.

Posição natural recebe boa proteção do para brisa

Posição natural recebe boa proteção do para brisa

O banco é separado para piloto e garupa e para o piloto há quatro posições de ajuste

O banco é separado para piloto e garupa e para o piloto há quatro posições de ajuste, com duas alturas na parte dianteira e duas na traseira que podem ser ajustadas independentemente uma da outra

Isso se transfere também para a terra, com posição de pilotagem confortável, quase como uma off-road especializada. Permite boa transição de sentado à posição em pé e as quatro posições do assento propiciam uma adequação mais ajustada ao conforto ou à dirigibilidade, focando maior esportividade quando permite avançar mais sobre o tanque.

Bons equipamentos também ajudam na pilotagem. ABS desconectável para andar na terra e um computador de bordo que presta todas as informações pertinentes, como média de consumo, distância para o próximo abastecimento, manutenção programada, marcha engatada e dois hodômetros parciais.

Saindo com ela se percebe como a primeira marcha é longa. Ao soltar a embreagem em baixa rotação, ainda em primeira marcha a moto deslancha bastante, fazendo com que um piloto

Boa potência de pico e curva plana de torque facilita pilotagem

Boa potência de pico e curva plana de torque facilitam a pilotagem

O coletor em forma de tridente numa Triumph tem tudo a ver mas serve para deixar a curva de torque mais plana - O catalizador bem próximo dispensa a válvula de injeção de ar (PAIR)

O coletor em forma de tridente numa Triumph tem tudo a ver, mas tem utilidade. Serve para deixar a curva de torque mais plana – O catalisador bem próximo dispensa a válvula de injeção de ar (PAIR). Importante a proteção do cárter mas poderia proteger melhor

pouco experiente possa sentir dificuldade no ponto de deslizamento da embreagem e deixá-la morrer, mas logo acostuma. A segunda entra com facilidade e rapidez e com boa abertura do acelerador a velocidade cresce rápido. Você passa rapidamente por todas as marchas, de forma que em poucos instantes você chega a uma boa velocidade, em geral maior do que você estaria imaginando, você não percebe o quanto já está rápido.

Chassi em tubos de aço, tem barras periféricas com duplos tubos na configuração em curva que se tornou clássica nas Triumph. Participação intensa do motor na estrutura otimiza a rigidez sem grande aumento de peso

Chassi em tubos de aço, tem barras periféricas com duplos tubos na configuração em curva que se tornou clássica nas Triumph. Participação intensa do motor na estrutura otimiza a rigidez

Por causa do grande torque e potência do motor, somados às boas relações das seis marchas resultam nessa aceleração muito rápida e constante, que alcança uma velocidade grande quase sem se perceber, pela grande afinidade com que o câmbio e o motor trabalham.

Isso acaba por exigir muito do resto da moto e ela não faz por menos. O conjunto chassi-suspensão trabalham muito afinados, mantendo sempre a rota em que o piloto aponta a frente, e a traseira acompanha com muita previsibilidade, mesmo com baixa tração, na terra e em grandes ondulações onde não se atinge o limite do curso das rodas.
Os pneus Pirelli Scorpion tem grande participação nisso, assim como a dimensão da roda dianteira. O aro 21″ ajuda muito na dirigibilidade em terreno acidentado, seja no asfalto ou na terra. Um recurso não muito frequente nas concorrentes.

O chassi é em tubos duplos periféricos treliçados, onde o motor integra a estrutura. A fixação em pontos estratégicos aumentam a rigidez sem incremento de peso. Ajuda na redução de peso e estabilidade na condução a balança de dois braços em alumínio fundido, só faltou fazerem a secção traseira do chassi removível.

A geometria para uma trail deve favorecer ultrapassar obstáculos e nada melhor do que um longo trail e um rake perto dos 30º para isso.

Um exemplo bom é a Honda CRF450X. Essa moto é especialmente feita para uso exclusivo no off-road e para isso ela tem 27,1º de rake e 110mm de trail numa distância entre eixos de 1.480mm. Uma geometria própria para terrenos acidentados.

Geometria de uma moto especialista em trilha adaptada para o seu peso e uso no asfalto

Geometria de uma moto especialista em trilha adaptada para o seu peso e uso no asfalto

Mas a Triumph Tiger 800XC conta com medidas de 24,3º de rake e 95,3 mm de trail, na distância entre eixos de 1.545mm. Comparando esses números podemos verificar como a Triumph resolveu lidar com o grande peso e ao mesmo tempo manter as qualidades de moto street, sem ficar tão longe de uma puro-sangue off-road. Essas medidas na Triumph, configuram uma moto estável, mas ao mesmo tempo com alguma rapidez na resposta da direção, o que permite boa manobrabilidade nas ruas e estradas. Fizeram o trail menor, o ângulo de rake mais fechado para respostas mais rápidas e a distância entre eixos maior, para manter a estabilidade.

Suspensão mono amortecida na traseira tem amplos ajustes

Suspensão mono amortecida na traseira tem amplos ajustes

Suspensão: Excelente, com as bengalas invertidas na frente ficou super bem estruturada, sem flexões. O discos duplos no freio da frente mantém o equilíbrio durante as frenagens mais fortes que avançam um pouco no mergulho das bengalas. Elas tem curso longo, de 220mm para absorver grandes impactos quando provocados pelos obstáculos, assim também nas frenagens no asfalto tendem a mergulhar um pouco. É um preço a se pagar pelo conforto e maior aptidão ao uso na terra, mas não chega a criar nenhuma situação desfavorável. Ajustes da compressão ou pré-carga das molas seriam bem vindos nessa hora.
Mas na traseira eles estão lá, tanto na pré carga da mola quanto no retorno do amortecedor, que tem reservatório de óleo remoto para evitar aquecimento e degradação do fluido hidráulico.

Freios: Potentes e sensíveis, a primeira impressão é que são um pouco pesados no acionamento, principalmente o dianteiro, por causa do ABS. Mas se acostuma logo e se pode modular a sua força de frenagem com muita suavidade, mas é desejável desligar o sistema ABS ao levar a moto para terra. As respostas não são apropriadas a esse uso desligá-lo é providencial pois na terra você não vai querer a sua interferência. No asfalto, as respostas são satisfatórias, mas também em ondulações tipo costela de vaca, muito comuns nas nossas vias, ele perde referência e solta por demais. Esse sistema dá melhores resultados quando o piso é bem conservado. Caso contrário é melhor usar desligado.

A Triumph Tiger 800 XC é uma moto que se coloca junto com as melhores da categoria e entrega bastante qualidade pelo preço cobrado. Deve ter o sucesso garantido, dependendo do serviço pós venda que as concessionárias, recentemente implantadas no país conseguirem implementar. O produto é tudo de bom.

Se você tem uma Triumph Tiger 800XC, opine sobre ela!
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