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Olá amigos Motonliners, meu nome é Carlos Kelm, 56 anos. Sou aficcionado por veículos de duas rodas desde a infância quando ganhei a minha primeira bicicleta – e depois dessa a segunda e várias outras.

Carlos Kelm

Carlos Kelm

Quando completei 18 anos tive a minha primeira motocicleta, uma Yamaha RD 50 vermelha, ano 1975. Foi a materialização de um sonho há muito residente no coração de um jovem que parava para admirar qualquer moto que passasse na rua.

Depois dessa pequena 50cc que foi minha escola de pilotagem, tive outras como as Yamaha RS 125, DT 200 e RD 350; Honda CG 125, CG 150, CB 400, CB 450 e CB 500; Kawasaki Vulcan 800 Classic; e finalmente duas Suzuki DL 1000 V-Strom, sendo que a primeira teve perda total em um acidente do qual saí ileso, apenas com um dedo do pé fraturado.

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Apesar da longa vida motociclística, ainda não tinha feito nenhuma grande viagem. O mais longo passeio foi de Curitiba-Buenos Aires-Curitiba. Mas o desejo de se aventurar em alguma longa viagem permanecia latente na minha alma.

Acredito que todo motociclista de coração deveria fazer pelo menos uma grande viagem na vida. Quando falo em longa viagem, me refiro à alguma que exija pelo menos 15 dias de estrada, percorrendo milhares de quilômetros.

Navegando pela internet acabei conhecendo Antonio Cabral, motociclista de Florianópolis que estava para partir solitariamente em direção a Ushuaia, no sul da Argentina. À bordo de uma Kasinski Mirage 650, ele passaria por território chileno e voltaria pelo interior da Argentina. A viagem estava programada para 25 dias e 13000 km.  Ofereci-me para acompanhá-lo e, depois de um longo interrogatório, fui aceito como companheiro oficial na odisséia que estava para se iniciar em poucos dias.

E é essa a história que passo a relatar a partir de agora, esperando que você viaje conosco em nossa aventura. Como a história é muito longa, a dividimos em capítulos, separando-os inicialmente pelos preparativos, importantíssimo para quem for fazer viagem semelhante, e por dia de viagem (que poderá ser acompanhada clicando no link no final da página).

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Preparativos para a viagem

Não tive muito trabalho para planejar a viagem. Isso porque o Antonio já havia feito o planejamento por quase 2 anos, tendo programado praticamente todo o trajeto e os detalhes técnicos que a viagem exigia.

Mapa da viagem

Mapa da viagem

Minha moto ainda é relativamente nova, o odômetro registrava apenas 8 mil km rodados, por esse motivo não tive muita preocupação com ela, apenas trocando o óleo, filtros e o pneu trazeiro – que coloquei no dia anterior à partida.

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Dediquei maior atenção a itens indispensáveis para um percurso tão longo. São eles:

Na moto:
Calibragens de pneus, regulagem de corrente, fixação do bauleto e alforjes, lubrificação de cabos e chave reserva. Arrependi-me de não ter instalado na moto uma bandeirinha do Brasil. Quando deixamos o solo do nosso país nosso sentimento nacionalista aflora. Se você pretende fazer uma viagem semelhante, sugiro que instale uma antes de partir: o que aqui pode ser considerado brega, lá fora é visto como orgulho de sua origem. Você irá descobrir como o povo Chileno e Argentino gosta e é hospitaleiro com nós, brasileiros.

Documentos e acessórios:
Autorização de viagem com firma reconhecida do proprietário (minha mulher, uma vez que a moto não está no meu nome), celular liberado para uso internacional com carregador, cartões de crédito e bancários liberados para uso internacional, passaporte (não necessário mas fizemos questão de levar para registrar nossa viagem nas aduanas), carteira de identidade original, carteira de habilitação original, documentos da moto originais, câmera fotográfica com carregador, caderneta para anotações, canetas (no plural, porque sabíamos que perderíamos muitas, como de fato aconteceu), lanterna de led sem bateria (funciona por friccção), dois canivetes, duas luvas de malha para proteger as mãos caso fosse necessária alguma manutenção na moto( que teve um uso mais importante como falarei na sequência do relato, óculos de sol, papel higiênico (importantíssimo porque nos estabelecimentos à beira da estrada raramente tem ou quando tem é de péssima qualidade: do tipo tripla função, que limpa, coça e penteia ao mesmo tempo); roupa de chuva; kit talher; flanela amarela; analgésicos; manual da moto (importante) e cuecas e meias em número suficiente para todos os dias previstos para a viagem – se levar em menor quantidade, terá que lavá-las no hotel e não terá tempo para secá-las.

É importante tirar fotocópias autenticadas de todos os documentos e guardá-los em local diferente dos originais, pois em caso de extravio dos originais as fotocópias serão úteis.

Seguro carta-verde:
Em outra viagem que fiz até Buenos Aires, por inexperiência e falta de informação, fiz o seguro com uma corretora aqui no Brasil, o que me custou U$ 80 para apenas 7 dias. Desta vez, como viajava com alguém mais experiente, deixei para fazer o seguro na primeira aduana argentina, processo que acontece sem nenhuma burocracia, por apenas R$ 25,00 para um período de 30 dias. O posto da seguradora onde fizemos o seguro fica 500 metros (aproximadamente) após a aduana em Passo de Los Libres-AR.

Bem, chega de papo e vamos viajar . . .  clique aqui

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Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, criamos um tópico no fórum para os motonliners.
Clique aqui para acessar o tópico.

Mário Sérgio Figueredo
Motociclista apaixonado por motos há 42 anos, começou a escrever sobre motos como hobby em um blog para tentar transmitir à nova geração a experiência acumulada durante esses tantos anos. Sua primeira moto foi a primeira fabricada no Brasil, a Yamaha RD 50.