Publicidade
Sistema viário privilegia o carro

Sistema viário privilegia o carro

A população paulistana cresce 8% em uma década. A motorização, 19%. A facilidade para se adquirir carro e a mobilidade social das classes D e E para a C, auxiliam a entender tal aumento veicular, da ordem de 2,3 vezes mais do que o aumento em habitantes. Completam este quadro fomento ao consumo e status. Congestionamento.

A capacidade viária não suporta o modelo solitário. Ao viajante urbano, pouca alternativa. Ao buscar o metrô paulistano, não encontra linha e estação próximas. Em contrapartida, encontra 10 passageiros por metro quadrado, o mais lotado do mundo. Sua extensão aumenta 50% em 10 anos. Atinge 74 km. Insuficiente. Precisaria de 200 km para gerar desejo de deixar o carro em casa.

Desta forma, resume-se o transporte público paulistano ao ônibus. Em dez anos, a demanda cresce 150%, mesmo tendo contrapontos como demora e menor confiabilidade de horário. Bunching explica a baixa confiabilidade. Demoram a chegar. De repente, passam juntos.

Publicidade

O usuário avalia o transporte em função da velocidade máxima. Mas, o que importa é chegar mais rápido. Para tanto, velocidade de percurso maior, que leva em conta os tempos de parada, aceleração e desaceleração. Ônibus com velocidade de percurso idêntica ou superior à dos automóveis, gera adesão, compensa a falta de malha do metrô. Para tanto, corredores exclusivos, na forma de faixas segregadas de outros veículos, maximizam a velocidade e o aproveitamento de recursos financeiros. Custam menos do que metrôs. Sistemas como o Bus Rapid Transit (BRT), com bilhetagem externa e linhas expressas em períodos de pico, tal como no modelo curitibano, atingem alta capacidade e velocidade de percurso elevadas.

A velocidade máxima do metrô de São Paulo é de 100 km/h. A de percurso, 30 km/h. Ônibus em velocidade máxima de 50 km/h, tal como a preconizada para alguns corredores, reduzida em função da sobrecarga na rede e falta de melhorias, gera velocidade de percurso da ordem de 15 km/h, em proporção idêntica à do Metrô. Caso recursos possam gerar velocidade máxima de 70 km/h, acarretariam a de percurso da ordem de 20 km/h. Por outro lado, a estagnação destes sistemas exige releitura. O tráfego crescente já permite observar ônibus com velocidade da ordem de 4 km/h, em cenário a ilustrar o esgotamento do modelo motorizado. Coletivos tão rápidos quanto o caminhar a pé.