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Quando elas surgiram aqui no Brasil muita gente torceu o nariz. Que isso? Se não é scooter e não é moto, o que é? É um Cub, mais precisamente uma motoneta. Na verdade o nome “Cub” (Cheap Urban Bike) pode ser traduzido como Moto Urbana Barata (ou econômica) e se generalizou a partir do sucesso que fez a Honda Super Cub, lançada em 1958 e que segue a mesma receita até hoje: simplicidade. Outras marcas logo seguiram a mesma receita e a Yamaha T115 Crypton é um bom exemplo.

Yamaha T115 Crypton

Yamaha T115 Crypton – Rodas grandes para “engolir” os buracos urbanos – Freio a disco é a melhor opção

O Crypton foi lançado no Brasil em 1997, também na esteira do sucesso do concorrente Honda C 100 Dream., que surgiu aqui em 1993. Aquele Crypton tinha 105 cc e para a Yamaha naquele momento foi um grande sucesso, pois foi na verdade a primeira opção de moto pequena que a Yamaha introduziu equipada com motor 4 tempos. Descontinuado em 2005, o Crypton voltou em 2010 com 10 cc a mais e visual renovado sob a sigla T-115.

Distribuição do mercado brasileiro de motos por segmento (Fenabrave-2013)

Distribuição do mercado brasileiro de motos por segmento (Fenabrave-2013)

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Essa fórmula de simplicidade inclui necessariamente economia, resistência e durabilidade. No mundo todo ela é perfeita para se dar o primeiro passo no mundo das duas rodas e aqui no Brasil não é diferente. O segmento cub é o de segundo maior volume de vendas e isso comprova que a fórmula está correta e é muito eficiente. Em 2013 foram emplacados quase 368 mil cub no Brasil, 25% do total do mercado e o Crypton vem em terceiro, atrás da Biz e da Pop.

A Yamaha Crypton está com um visual renovado desde 2012 e traz linhas modernas que lembram as esportivas da marca. A versão avaliada é a topo de linha e vem com partida elétrica e freio dianteiro a disco. Esse item, apesar de encarecer a moto, é importante para a segurança do piloto, porque é mais potente e modulável, mas precisa de menos manutenção. Se é para que a moto seja a porta de entrada ao mundo das duas rodas, melhor que seja assim, um pouquinho mais caro e muito mais seguro.

No Crypton dois itens podem ser considerados diferenciais positivos no modelo. O indicador de quarta marcha engatada no painel (Top) e o suporte da pedaleira da garupa fixado diretamente no chassi tipo underbone. São dois itens muito importantes para o piloto e para um eventual garupa, que terá mais firmeza no apoio dos pés, que não se movem junto com a roda nas oscilações da suspensão.

T115 Crypton: Agilidade com pouco peso

T115 Crypton: Agilidade com pouco peso

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As rodas de 17 polegadas garantem encarar as ruas brasileiras com mais tranquilidade e segurança, contrariamente a um scooter. Por outro lado, essa roda maior na traseira maior limita o espaço embaixo do banco a um buraco que cabe poucos pequenos objetos, ao contrário dos scooters, onde se pode por um capacete. Também sob o banco está a tampa do pequeno tanque de combustível (4,2 litros) e as ferramentas encaixadas na parte debaixo da estrutura do banco.

Pedal de cambio favorece a troca apenas pressionando com a ponta do pé, na parte dianteira e traseira da alavanca

Pedal de cambio favorece a troca apenas pressionando com a ponta do pé, a parte dianteira ou traseira da alavanca

Outra característica do Cub é a embreagem automática, que facilita a condução. Troca-se as marchas sem precisar acionar a embreagem com a mão esquerda e as marchas saem do tradicional “primeira pra baixo e outras pra cima” e adotam a simplicidade do “todas pra baixo”. Essa embreagem automática ajuda bastante na saída, mas exige cuidado quando se engata a marcha. É que a embreagem é acionada no pé esquerdo junto com o pedal de engate de marchas.

Ao deixar o pedal apertado a embreagem fica acionada e só é liberada quando o pedal retorna à sua posição normal. Se nesse momento o motor estiver acelerado a moto pode dar um pulo e lhe deixar em uma situação perigosa, principalmente na primeira marcha. Importante então é deixar o motor em marcha lenta ao engatar e sair com ela. A forma de usar o pedal do câmbio também é diferente e se usa apenas a ponta do pé, pisando na frente para aumentar marchas e pisando na parte traseira do pedal para reduzir marchas pois não é possível colocar a ponta do pé por baixo do pedal, o que preserva o calçado.

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Motor

O Motor fornece 8,2 cv em 7.500 rpm e 0,88 Kgf.m de torque em 5.500 rpm

Um “pecado” do Crypton é não ter ainda a injeção eletrônica de combustível. Mas isso não significa que ela seja ruim ou implique nalguma anomalia no funcionamento. O motor é alimentado por carburador e o curso do acelerador é pequeno. É quase um sistema binário, com duas posições de acelerador – aberto ou fechado. Para o motorzinho mostrar sua força, a aceleração tem que ser vigorosa. Mas mesmo acelerando sempre forte para fazer o Crypton andar, uma de suas grandes virtudes é a economia de combustível, que na unidade avaliada, que chegou praticamente zero km, foi melhorando a medida que o motor foi amaciando.

O primeiro tanque rodou 132 km com 3,5 litros – 37,8 km/l; o segundo rodou 162 km com 3,6  litros – 44,9 km/l; o terceiro rodou 156 km com 3,4 litros – 45,8 litros, uma marca muito expressiva. E essa média foi mantida nos abastecimentos seguintes, mostrando que após o amaciamento ela é realmente muito econômica. Ao mesmo tempo, com o motor mais solto, o desempenho melhorou e a moto conseguiu crescer sua velocidade com mais rapidez e alcançar velocidades máximas próximas dos 110 km/h (no velocímetro), o que representou algo pouco abaixo dos 100 km/h de velocidade real, o que não é nada mal para a categoria.

No painel há luz indicadora da última (top) marcha engatada

No painel há luz indicadora da última (top) marcha engatada

Como se trata de uma moto urbana e quase utilitária, uma melhoria que poderia ser feita é o aumento da capacidade do tanque de combustível, pois os 4,2 litros de capacidade, mesmo sendo econômica, garantem uma autonomia pequena, abaixo dos 200 km. O marcador de combustível do painel, como em quase todas as motos que tem este equipamento, é pouco preciso e mostra reserva muito cedo, o que acaba antecipando os abastecimentos.

O pouco peso (94 kg) torna seus 8,2 cv de potência suficientes para empurrar a moto com facilidade. Mas sem exageros, pois o baixo torque de 0,88 kgf.m pede muita rotação para mostrar que existe. Por isso a necessidade de aceleração forte quase o tempo todo. Com estes números definitivamente o Crypton não é um veículo para trafegar em estradas, mas nas ruas e avenidas das cidades ele vai muito bem. Trafega com desenvoltura por entre os carros, mesmo em corredores mais apertados e espaços estreitos, pois é fininha e curtinha, com seu entre eixos de 1235 mm.

Geometria da Crypton - Se fosse uma moto grande seria uma esportiva com esse tipo de geometria. O pouco peso favorece a utilização dessas medidas, a estrutura do chassi suporta bem

Geometria da Crypton – Se fosse uma moto grande seria uma esportiva com esse tipo de geometria. O pouco peso favorece a utilização dessas medidas e a estrutura do chassi suporta bem

Os pneus finos fazem pouca resistência à rolagem e favorecem a economia. Para a ciclística isso também ajuda fazendo com que as manobras fiquem rápidas. O ângulo de rake (26,5°), combinado com a medida do trail (76mm) e com a distância entre eixos de 1.235 mm favorecem muito isso. A moto é rápida nas manobras e esperta nas curvas, sendo que em linha reta ainda mantém boa estabilidade. Os limites de estresse do chassi se tornam mais atingíveis quando a moto está levando mais peso, como a maioria das pequenas. Com pouca carga ela se comporta bem, sem movimentos parasitas em velocidades e piso normais.

Freio a disco

Freio a disco

Os freios são compatíveis com o peso da moto. O disco dianteiro atua muito bem, provocando até algum mergulho excessivo em alguns casos no garfo dianteiro. Na traseira, o tambor, se estiver bem regulado e limpo funciona bem. A suspensão traseira não tem ajustes, porém é progressiva o suficiente para levar um piloto e um garupa não muito pesados. O bom amortecimento proporciona um rodar confortável e na frente não é diferente. Apenas nas frenagens mais fortes você vai reparar um mergulho maior das bengalas.

A Yamaha capricha no acabamento de sua Cub. Nota-se bons encaixes das peças plásticas, muita qualidade nas partes metálicas brilhantes e muito bom nível de qualidade na pintura. Por ser uma moto barata, seria até perdoável algum deslize nessa área, mas isso não ocorre com o Crypton, que segue o padrão da marca em todas as categorias e segmentos. Até cavalete central ela tem, junto com o descanso lateral, além de um excelente farol dianteiro e o escudo frontal que não vibra como acontece com alguns scooters. Faltou apenas posicionar os espelhos retrovisores melhor, já que os dela obrigam você a tirar o cotovelo para enxergar quem vem atrás.

Molas traseiras não têm ajuste de pré carga - O cavalete cenral é de boa ajuda na regulagem do freio traseiro, corrente e nos estacionamentos

Molas traseiras não têm ajuste de pré carga – O cavalete central é de boa ajuda na regulagem do freio traseiro, da corrente e nos estacionamentos

A Yamaha divulga o preço para a versão ED, em R$5.300, 00, mas a tabela FIPE de 22/7 mostra R$5.580,00 como preço praticado no mercado para a Crypton T115 ED e R$4.590,00 para a Crypton T115 K, sem partida elétrica e freio a disco dianteiro. Diferenças à parte, existe um mercado importante e que gosta destas motinhos tipo “pau pra toda obra” e que encaram qualquer motociclista e qualquer qualidade de piso.

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Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.