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Em 1976, o governo reconhece essa posição e tenta reverter proibindo a importação, e posteriormente levantando a bandeira de uma política de reserva de mercado, que acabaria sendo nociva a nossa indústria de eletrônicos.

Afinal tínhamos que ter uma postura para se salvar a industria nacional e equilibrar a nossa balança de pagamentos, o que de certa forma aconteceu; pena que durou mais de uma década.

As motocicletas fabricadas no Brasil praticamente inexistiam, e os amantes da velocidade e das viagens se viram órfãos da noite para o dia. O mercado de usadas, seminovas, ou ainda as novas que se tinham nos estoques das revendas simplesmente viraram ouro.

Passado os furacão, a nação tinha que continuar a andar, e o segmento das motocicletas também … e se existe nesse nosso mundo um povo criativo e de alto poder de adaptação; esse povo é o brasileiro !

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Não poderia ser diferente pois o sonho nunca termina, afinal o ronco harmonioso das 750 Four se transformaram em lamentos nas ruas brasileiras, aos ouvidos da então adolescência.

O que nunca poderíamos imaginar é que com essa inventividade e perseverança, acabaríamos descobrindo um brasileiro que projetaria uma motocicleta que seria referência mundial, e que iria ditar uma tendência que vive ate hoje mundo afora … as MUSCLE BIKES.

Com muitas tentativas de fundo da garagem de quintal, com quadro de uma Indians, motores VW e muita gana, nem imaginávamos o que estava por nascer. Muito tempo, muito trabalho e muito dinheiro foram gastos, mas não existiam mais opções prontas para motocicletas velozes e estradeiras.

Temos também que lembrar que também não adiantava se comprar uma moto importada usada pois a importação também estava interrompida para as partes e peças que iriam ser usadas nas manutenções necessárias, e as que restavam tinham um preço astronômico.

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Foi ai que surgiu Guilherme Hannud Filho entrando em cena, que ficou mundialmente reconhecido e respeitado pela qualidade de seus produtos, demonstrando os seus dotes de empresário e abre a AME – Amazonas Motocicletas Especiais; produzindo a motocicleta Amazonas que contava com quadro próprio, motorização VW a ar de 1600 cc, cambio de 4 marchas, e para a época a inusitada marcha a ré, alem de outras tantas soluções únicas que orgulhosamente foram desenvolvidas por brasileiros, no Brasil.

Com o forte apelo de durabilidade, manutenção barata e fácil entre longos intervalos, robustez, imponência em um estilo único; conseguiu-se romper as barreiras e exportou com sucesso para o Japão, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, e outros paises, mesmo com uma modesta produção anual.

Vale lembrar que muitos de nós pudemos ver a Amazonas engordando os quadros de viaturas tanto do exercito ladeando as tradicionais Harley Davidson, alem de vê-las constantemente patrulhando as estradas junto a nossa Policia Rodoviária.

Evidentemente, a imprensa especializada mundial teve um choque frente a aquela que era na ocasião, “a maior motocicleta em produção” do mundo, gerando até casos muito interessantes como o da eleição das DEZ PIORES MOTOCICLETAS DO MUNDO, feita pela revista americana CYCLE WORLD, onde a brasileira Amazonas participou somente por fotos e sem ter sido pilotada por ninguém. Mas o que não contavam é que vingança seria breve, com um sabor de vitória, e porque não dizer, com o melhor do marketing reverso que já se teve noticia.

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O fabricante foi ter com o editor da Cycle World em Houston no Texas, que após uma viagem de 3000 kms ainda reclamou por ser lenta. Porem, ainda sem se desistir, a motocicleta teve seu motor preparado, ficando com uma potencia maior que a moto mais potente da época, a VMax; ou seja, 150 contra 145 HPs … daí “AMAZONAS, das florestas do Brasil, aterrorizando as estradas americanas”, como chamada de uma nova matéria. Bem, mas eu mesmo digo ao meu filho, nada é eterno na vida ! Mesmo com sucesso, a AME que já tinha problemas com as alíquotas de impostos aplicados (leia-se ai, tal qual a GURGEL, não tinha o mesmo incentivo das multinacionais), e a mesma razão de seu sucesso, mesmo a importação sendo apenas liberada nos anos 90, o crescimento do mercado externo que a fez menos atrativa a exportação, entre outras tantas coisinhas mais, teve a sua produção encerrada em 1990.

Mas quem é rei nunca perde a majestade, e o ícone será eterno e lembrado por todos brasileiros como um exemplo, e pelo mundo como um marco no motociclismo. Ainda podemos encontrar vários clubes da marca e seus aficionados não as trocam por nenhuma BOSS HOSS !

” Antes de DESTRUIR, PRESERVE “