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Rodando – Chega de firulas e vamos dar um rolê. Que maravilha dar na partida e sair rodando. Nunca mais afogador, nunca mais aqueles engasgos irritantes nos primeiros quilômetros. É só ligar e sair rodando. A posição de pilotagem não é muito diferente do da Twister, com guidão um pouco mais alto e pedaleiras recuadas. Para minha estatura (1,70m) ele serve como uma luva. Para os maiores de 1,80m os pés ficarão dobrados demais.

Assim que aciono o motor na ignição dura e difícil de inserir a chave, ouve-se um ruído biiiiiiiimmmm para avisar que a injeção está OK. O motor e escapamento são extremamente silenciosos, aliás toda a moto é silenciosa. As maiores reclamações em cima da Twister são com relação ao motor muito barulhento e à corrente de transmissão que faz uma zoeira infernal. Bom, o motor da Fazer com comando simples e duas válvulas é naturalmente mais silencioso do que o duplo comando multiválvulas da Twister. Quanto à corrente, a Yamaha optou por uma 428, enquanto a Honda usa uma 520. Quem prefere uma corrente mais durável e confiável terá de agüentar o maior ruído. Já quem prefere uma moto mais silenciosa terá de levar junto uma corrente que exigirá troca mais cedo e menos resistente. É a tal lei da compensação.

As respostas em baixa velocidade são imediatas e progressivas. Fiz um costumeiro teste que repito em todas as motos: deixo a rotação cair em última marcha até quase chegar na rotação de marcha lenta. Depois abro todo acelerador para ver como reage. Nas motos carburadas percebe-se claramente uma dificuldade para subir de giros. Nas motos injetadas (todas), a resposta é gradual e constante. A economia de gasolina vem daí, da facilidade de retomar a velocidade, sem exigir demais do câmbio.

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Protetor pequeno

Farol

Falando em câmbio, normalmente a última marcha (seja qual for o veículo) funciona como uma overdrive, ou seja, uma marcha de relação longa que tem a finalidade de manter o motor estável em uma rotação mais baixa na velocidade de cruzeiro para economizar gasolina. Só que, por ser uma redução “longa”, o overdrive é uma relação que não otimiza a retomada de velocidade. Por isso é comum recorrer à quinta marcha para aumentar a velocidade quando se pilota uma Twister, já que a sexta é a overdrive dela. Na Fazer, a quinta marcha faz o papel de overdrive, porém, por ser mais curta favorece a retomada, mas “mata” o motor em alta rotação. A relação final de transmissão secundária da Fazer é exatos 3:1 (coroa 45 e pinhão 15). Já na Twister, a relação secundária é mais longa: 2,846:1, por isso a Twister se mostra mais econômica na estrada e a Fazer leva vantagem na cidade.

Tive a chance de rodar à noite e confirmar que a iluminação do painel é muito bem balanceada e bonita. O duro é agüentar a lâmpada de 35/35W. Para se ter uma idéia é exatamente a mesma da CG 125 Fan e da Sundown Hunter 90. Para uma 250 de 10 paus podíamos esperar algo mais potente. Pior ainda quando se sabe que a TDM 225 tinha lâmpada de 60W! A favor do farol da Fazer é seu visual bem mais moderno, maior e lente mais difusa em relação à TDM.

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Como sempre, meu roteiro obrigatoriamente é cheio de curvas, meu prato favorito no cardápio motociclístico. Como eu já havia rodado na pista da Pirelli, após a realização dos testes da Moto do Ano, sabia que os pneus Pirelli Sport Demon têm um comportamento mais esportivo – embora necessariamente gasta com mais rapidez e custa mais caro na reposição. Também sabia que os pinos limitadores das pedaleiras são muito longos e raspam no asfalto com facilidade. O que é uma tremenda incoerência: adotam um pneu esportivo, mas limitam a inclinação! Para não devolver a Fazer detonada ao meu brother, tirei os pinos e controlei a inclinação no feeling mesmo. Todo pneu “avisa” quando o maluco inclina demais, basta ter a sensibilidade suficiente para “ouvir” este aviso. Nem adianta me perguntar como é isso, porque sensação não se ensina, se adquire com a experiência.

A opção da suspensão traseira por elos progressivos foi outro acerto. Ironicamente, a Honda que tem a marca Pro-Link não usa elos progressivos, mas a Yamaha, que sempre foi conhecida por Monocross, usa este sistema. Vai entender estes japoneses. Aqui também vale uma explicação. No começo, nas primeiras suspensões monoamortecidas, os elos progressivos serviam para auxiliar o amortecedor. Mais tarde percebeu-se que um bom amortecedor substitui a necessidade dos elos, como fez, por exemplo, a KTM com suas motocross e algumas esportivas. Ou seja, ter, ou não, elos progressivos é só uma questão de opção por um amortecedor mais elaborado ou não. Como a Honda é dona da Showa, uma das maiores especialistas em suspensão do mundo, optou por uma suspensão traseira com amortecedor direto na balança de alumínio. Já a Yamaha, talvez na esperança de economizar e compensar o investimento no motor injetado, optou por amortecedor mais simples com elos. No final das contas funciona bem e a motoca é bem firma nas curvas e confortável nas ondulações.

A economia da Fazer está presente também na escolha por algumas peças da YBR, como manoplas, comandos elétricos e até a tampa do tanque de gasolina. A contensão de custos conseguiu colocar a Fazer em um preço pouco abaixo da Twister. O apelo de marketing é apresentar um produto pretensamente mais avançado por um preço mais baixo. Parece que está funcionando, porque no primeiro mês completo de venda a Yamaha conseguiu vender 3.028 unidades contra 3.679 Twister. Para a a tradicional diferença de vendas entre as duas marcas no Brasil pode-se até considerar um empate técnico. Vamos ver como o mercado vai reagir à chegada da Twister 2006 que começou a ser faturada agora em dezembro.

Em termos gerais, esperava-se mais da Yamaha ao provocar a concorrência na faixa de 250 cc. A estratégia da injeção foi acertada, até por ser o primeiro motor 250 da marca com este sistema de alimentação. Muito provavelmente a Yamaha do Brasil começará a exportar este motor para equipar outras 250 no resto do mundo, aproveitando os benefícios da Zona Franca de Manaus. Só faltou mais cuidado na escolha de alguns componentes, um estilo mais moderno e acabamento mais apurado. A Honda correu para entregar uma Twister 2006 com visual mais moderno e faz campanha em cima dos 24 cv, mas é bom começar a preparar uma Twister 2007 para chegar às lojas ainda em 2006 para não correr o risco de abrir um espaço muito grande à concorrente.

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Yamaha YS 250 Fazer

VELOCIDADE MÁXIMA Efetiva 128,7 km/h CONSUMO máximo 16,7 km/l mínimo

34,8 km/l médio 25,75 km/l

Ficha Técnica DIMENSÕES /CAPACIDADES

Tanque de combustível 19,2 litros

Comprimento

2.025 mm

Largura

745 mm

Entreeixos

1.360 mm

Altura do assento

805 mm

Peso (a seco)

137 kg

Capacidade de carga

167 kg CHASSI

Quadro

berço duplo de aço

Suspensão dianteira / curso

garfo telescópico/120 mm

Suspensão traseira / curso

monoamortecedor com link/120 mm Cáster 26,5° Trail 104,5 mm Freio dianteiro disco simples Freio traseiro tambor

Pneu dianteiro

Pirelli Sport Demon 100/80-17M/C 52S (33PSi)

Pneu traseiro

Pirelli Sport Demon 130/70-17M/C 62S (36 PSi) MOTOR

Tipo

4 tempos Cilindros 1 Disposição vertical Potência declarada

21 cv a 7.500 rpm Torque declaradi

2,1 kglm a 6.500 rpm Comando SOHC Válvulas por cilindro duas Refrigeração ar+óleo

Diâmetro e Curso

74 x 58,0 mm

Cilindrada

249,45 cm3

Taxa de compressão

9,8: 1 Alimentação injeção Denso AZ 112100-2710 Lubrificação

cárter úmido + radiador Ignição eletrônica Sistema elétrico 12V-6Ah Partida elética Vela NGK DR8EA Transmissão primária engrenagens de dente reto (3,083:1) Transmissão final corrente 428K (3:1) Embreagem multidisco em banho de óleo

Câmbio

5 marchas

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Tite
Geraldo "Tite" Simões é jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos BikeMaster e Abtrans.