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Testamos a rainha das Honda: a Gold Wing. Para ver o potencial da Touring, rodamos mais de 2.200 km para testar todo seu conforto e tecnologia. A experiência incluiu, por exemplo, uma viagem de São Paulo até Foz do Iguaçu, no Paraná.

Desde 2019, a atual geração da GL 1800 Gold Wing mexe com o imaginário do motociclista que curte mototurismo. O mundo teve um gostinho do que seria essa grande moto no Salão Duas Rodas de 2017, quando a marca apresentou o modelo totalmente atualizado.

Mas, antes de falar sobre o desempenho do modelo nesses mais de dois mil quilômetros rodados na viagem, vou apresentar a Gold Wing e a irmã menor que precedeu a sua chegada. 

 

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Gold Wing: carro de luxo sobre duas rodas

Gold Wing

Rodamos de São Paulo ao Paraná com a Gold Wing

Quando falamos em um veículo com muito conforto, central multimídia, motor de seis cilindros, requinte, luxo, capacidade de levar bagagens, fácil de guiar, com freio de mão, marcha ré e assistente de saída em rampas, pensamos logo que estamos nos referindo a um carro, não é mesmo? 

Já imaginou todas essas qualidades em uma moto? A Honda conseguiu essa façanha com a veterana GL 1800 Gold Wing Tour, que mantém até hoje com a mesma filosofia da primira geração, lançada em 1975 como GL 1000.

Conhecemos o potencial premium do modelo

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Assim, o modelo veio recebendo ao longo dos anos atualizações e melhorias, sempre  visando conforto, segurança e exclusividade, características essas que a tornam cada vez mais a rainha das estradas! 

Para conhecer de perto seu potencial premium, passamos uma semana com essa bela e luxuosa motocicleta que é sonho de consumo de muitos motociclistas.

 

O luxo sobre duas rodas à primeira vista

gold wing

O modelo é sinônimo de conforto

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De início, a Gold Wing (Asa Dourada) se mostra grande em suas dimensões, aparentando ser pesada e desajeitada para pilotar. Seu top case de 50 litros de capacidade que consegue abrigar até dois capacetes chama a atenção assim como as belas malas laterais que somam mais 60 litros de capacidade, levando facilmente bagagem para uma viagem do piloto e passageiro. 

O painel de instrumentos é muito bonito e conta com indicador de velocidade grande e redondo do seu lado esquerdo, conta-giros do lado direito, ambos de fácil leitura e separados por uma tela de TFT 7”.

gold wing

O painel possui diversas funcionalidades

Continuando no painel, é possível acessar algumas funções da moto e ter o espelhamento do celular via Android Auto ou Apple Carplay que funcionam pela porta USB e Bluetooth e o aparelho precisa ficar conectado.

Quando ligamos a motocicleta o ronco do motor seis cilindros de 1.833 cm³ é suave e agradável, os espelhos retrovisores, que podem ser rebatidos manualmente, estão distantes do piloto mas muito bem posicionados, proporcionando uma excelente visão.

A bolha elevada cumpre a função de um para-brisa

Já a bolha de acionamento elétrico está mais para um pára-brisas quando está em sua posição mais elevada. Enquanto isso, o elegante e confortável assento do piloto e garupa fecha os pontos que mais chamam a atenção da motocicleta à primeira vista.

O acabamento feito pela Honda é muito bom, a cor vermelha é bonita e chama a atenção por onde passa. Dessa forma, a GL 1800 pode ser considerada um sinônimo de status e conforto para quem a conduz.

 

Como é rodar com a Gold Wing?

Ao sair para circular, o modelo não demonstra o peso que tem

Ao subir na moto, já se nota que o centro de gravidade é muito baixo, facilitando retirar a Gold Wing do descanso lateral. Assim, ao tentar engatar a primeira marcha percebemos a ausência do manete de embreagem e pedal, pois a versão Tour da Gold Wing possui o câmbio DCT – automatizado de dupla embreagem e sete velocidades.

Dessa forma, os comandos para engatar a primeira marcha estão no punho direito, apertando o botão D o indicador de marchas já demonstra que a primeira marcha já foi engatada. É importante explicar que o câmbio DCT é um câmbio automatizado e não automático.

Além disso, a Gold Wing possui freio de mão e marcha ré

Assim, o DCT possui a estrutura de um câmbio manual com um robô que efetua a troca das marchas. Com isso, em primeira marcha parado, ao se soltar o freio a motocicleta não começa a andar e, caso esteja em um aclive, a moto pode ir para trás.

 

Tecnologia que previne acidentes 

gold wing

O modelo tem design marcante e inconfundível

Contudo, o que ajuda a prevenir esse possível acidente é o HSA Hill Start Assist que segura a moto por alguns segundos ao soltar o freio em aclive ou declives. Você sente e escuta as mudanças de marchas que são suaves, rápidas e precisas. 

Também é possível alternar para o modo “manual” onde você comanda o quando subir as marchas e descer (que também é feito de forma automática conforme vai diminuindo a velocidade), com o dedo indicador da mão esquerda é possível subir as marchas e com o polegar reduzir.

Dessa forma, essa ação no modo manual funciona como um câmbio sequencial e que lembra os paddle shift de um carro. Leva um tempo para se acostumar, mas como tudo que é bom logo já estamos habituados. 

 

Freio de mão e estabilidade na pista

O freio de mão que fica próximo a perna esquerda do piloto

Como desligamos a moto sempre desengatada, posição N no indicador de marchas, o modelo possui um freio de mão que fica próximo a perna esquerda do piloto e ajuda a manter a moto parada com segurança.

Ao engatar a primeira marcha e acelerar, toda a impressão dos seus 369 kg a seco somem. O motor de 126 cv a 5500 giros e 17,3 kgf.m a 4500 rpm dá conta do recado esteja sozinho ou com garupa e bagagem.

Além disso, o centro de massa próximo ao solo deixa a moto muito na mão e passa uma confiança que não se tem somente ao olhar para ela. Assim, é possível manter velocidades extremamente baixas sem precisar ficar buscando equilíbrio, fazer curvas e mudar de direção que, por incrível que pareça, é fácil.

Sua largura atrapalha o deslocamento nos corredores

No entanto, andando na cidade a Gold Wing não vai bem nos corredores pela sua largura. As suspensões eletrônicas trabalham bem, porém o modelo deixa evidente que não gosta de buracos e lombadas.

Mas em auto estradas e rodovias a moto se sente em casa. Assim, o motor trabalha em um regime baixo de giros, trazendo muito conforto. Além de não existir nenhuma vibração transmitida pelo motor, o torque está muito presente desde cedo e todas essas características fazem da GL 1800 uma motocicleta fácil de pilotar!

Veja também:

Conectividade e sistema de som

gold wing

A tela TFT tem sete polegadas

A conectividade do smartphone com a moto permite ver o mapa na tela e ouvir músicas pelo alto-falantes instalados na moto para rodar com som personalizado e ambiente  (que funciona muito bem até mesmo em altas velocidades). 

Dessa forma, é uma experiência diferenciada e chama a atenção dos carros e outras motos que passam por você. A conectividade presente na Gold Twin também permite fazer e receber ligações, ver sua lista de contatos e últimas chamadas.

 

A touring da Honda e seus 4 modos de pilotagem

O modelo possui 4 modos de pilotagem

O modelo conta ainda com 4 modos de pilotagem bem diferentes entre si, que alteram bastante o comportamento da moto. Sendo assim, os modos são tour, sport, eco e rain.

O Tour é um modo padrão voltado para viagens com ou sem garupa. Enquanto isso, o modo Sport que, do meu ponto de vista, é o mais divertido pois a entrega de potência fica no máximo, as trocas de marchas mais longa, suspensões mais rígidas para um desempenho mais empolgante. No entanto, na cidade ele dá muitos trancos e a suspensão mais dura judia nas lombadas e buracos.

Já o Eco visa a economia  de combustível, reduzindo a potência e antecipando as trocas de marcha. Por fim, o modo Rain aumenta o controle de tração e reduz a potência com foco em maior segurança para pisos molhados. 

 

Componentes da ‘nave’

o motor possui 126 cv a 5500 giros e 17,3 kgf.m a 4500 rpm

As suspensões eletrônicas funcionam muito bem e são de fácil ajuste. Com a motocicleta parada, você escolhe entre piloto e piloto mais garupa e bagagem, assim a motocicleta faz a leitura do terreno e modo de pilotagem escolhido e vai se adaptando.

Na frente possui o sistema double wishbone que evita o afundamento da dianteira em frenagem tornando mais segura, controlada e confortável. O HSA (Hill Start Assist) funciona quando paramos em locais íngremes para deixar a moto parada e segura.

O sistema ‘idling stop’ – componente conhecido na modesta PCX – desliga o motor da moto quando ficamos parados por mais de 3 segundos com o câmbio na posição D e religa assim que giramos a manopla do acelerador. Esse recurso gera uma boa redução no consumo da moto. 

Assim, já o walking Mode é utilizado para manobras em baixa velocidade, com a moto na posição N e o manete de freio acionado apertamos o botão walking Mode e utilizando os mesmos botões para subir e descer marchas no punho esquerdo, um motor elétrico movimenta a motocicleta lentamente para frente e para trás, facilitando muito esse tipo de manobra. 

A Gold Wing possui ainda chave de presença, controle de tração e ABS com acionamento combinado e bolha de acionamento eletrônico onde é possível regular inclinação e altura. 

Além disso, o modelo ainda tem aquecedores de manoplas, aquecedor de banco independente para piloto e garupa, faróis full LED, indicadores com desligamento automático e piloto automático completam o vasto pacote tecnológico da moto.

 

Testando a Gold Wing na estrada 

Uma máquina como essa pede uma longa viagem! Por isso, resolvemos passar o feriado de 7 de setembro em Foz do Iguaçu. Seriam mais de 2200 km para testar todo o conforto e tecnologia da Gold Wing.

Dessa forma, saímos na sexta no final da tarde de São Paulo com o trânsito pesado e pegamos a Rodovia Castelo Branco, bom asfalto e intermináveis retas até a cidade de Assis. Nesse primeiro dia rodamos uma boa parte à noite e podemos testar os excelentes faróis full LED que iluminam muito bem.

Além disso, os punhos e botões do console central com iluminação ajudam muito a se achar no escuro. Nesse primeiro dia rodamos um pouco mais de 400 km e chegamos inteiros ao destino e sem nenhum cansaço.

No dia seguinte, logo após o café da manhã, encontramos o Chicolau, que seria nosso companheiro pelo restante da viagem, rodamos neste dia 70% do tempo por estrada simples e com poucas curvas, muito calor e sol.

Mesmo assim, o calor do motor é pouco sentido nas pernas do piloto, a proteção aerodinâmica é excelente. Com a Bolha na posição mais alta quase não se sente vento e existe um pequeno dispositivo logo acima do painel que desvia um pequeno fluxo de ar para o piloto.

 

Gold Wing: consumo e autonomia 

O painel permite acompanhar o consumo da moto

Com paradas somente para abastecimento e o tanque de combustível de 21 litros somados ao consumo médio da viagem, que foi de 17.2 km/litro, nos dava uma autonomia média de 360 km.

Para abrir o tanque é necessário estar com a chave próxima a moto, abrir o “porta treco” do lado direito da moto e apertar o botão para abrir a portinhola de acesso ao tanque. 

Chegamos no final do segundo dia com aproximadamente mais 700 km rodados sem nenhuma dor no corpo. O conforto na Gold é impressionante! A posição é perfeita tanto para o piloto como para o garupa, que conta com uma verdadeira poltrona com descanso para os braços e um belo encosto.

 

Chegada em Foz do Iguaçu

Seu bagageiro permite levar malas e as compras da viagem

Em Foz encontramos o Valdecir, Deise e Lorenzo, amigos do Bando do Macaco. Turistamos pela cidade por dois dias, sendo que no primeiro visitamos o parque Nacional do Iguaçu do lado brasileiro mais o parque das aves (ambos valem muito a pena) que estão funcionando somente com compras antecipadas pelo site. E no outro dia contratamos uma Van para ir até o Paraguai ver como estavam os preços.

 

Mais de mil quilômetros no conforto

O assento do passageiro mais parece uma poltrona

Chegava o dia de voltar e a prova de fogo para a Honda em rodar mais de 1100 km em um único dia, saímos logo após o café e seguimos para estrada. O modo sport ajuda muito em pista simples para efetuar ultrapassagens, a subida rápida do giro e o alongamento das marchas deixam a situação divertida. 

O Cruise control auxilia ainda mais no conforto ao pilotar. Logo após passarmos por Assis a noite caiu e seguimos viagem até a capital. No final do dia não tínhamos nenhuma dor no corpo e o cansaço era normal para uma viagem dessa quilometragem.

Ficamos extremamente surpresos com o conforto da moto. Assim, seus assentos são muito bem projetados, realmente uma motocicleta para encarar longos deslocamentos por asfalto em boas condições.

 

Problemas encontrados na viagem

Botões distantes do guidão

Como nem tudo são flores observei que os comandos não estão tão bem posicionados e a Honda poderia melhorar a visualização de alguns indicadores. Por exemplo, para trocar entre trip 1 e 2, ou para trocar entre visualizar a velocidade programada no piloto automático ou a temperatura ambiente é necessário apertar alguns botões no console central.

Essa ação necessita retirar a mão do guidão, a manopla é longa e para alcançar alguns botões exige um certo alongamento. Tivemos alguns problemas de conexão com o Android Auto que por vezes se desconectava sozinho e era preciso descer da moto, abrir o top case, desconectar o cabo e reconectar novamente.

gold wing

A Gold Wing  pode ser divertida no modo sport com muitas curvas, anda forte e inclina bem

A Bolha por algumas vezes travou, não subia nem descia, e era necessário ligar e desligar a moto algumas vezes para o sistema voltar a funcionar. Nada sério e não sei dizer se somente na unidade avaliada, mas que incomodam pelo luxo, requinte e preço dessa motocicleta.

 A altura do solo assustou algumas vezes principalmente ao passar por lombadas estreitas, a parte debaixo da moto pegava com certa facilidade nessas condições.

Rodamos também por estradas vicinais onde pudemos comprovar que a Gold Wing  pode ser divertida no modo sport com muitas curvas, anda forte e inclina bem, chegando fácil no limite das pedaleiras.

Por fim, a mudança de direção, apesar de não parecer, é muito boa (dado o peso, dimensões e proposta da moto), isso a torna uma motocicleta muito divertida em diversas situações.

 

Considerações finais

Se você quer viajar por estradas com bom asfalto, por retas e curvas com requinte, status e exclusividade, essa motocicleta irá lhe atender plenamente. Assim,  sua posição de pilotagem e o conforto proporcionado fazem dela realmente a rainha das estradas.

Dessa forma, você não irá passar despercebido com a Gold Wing pois todos torcem o pescoço para apreciar seu belo visual e imponência. Itens de luxo, alguns encontrados somente em carros topo de linha fazem dela uma motocicleta única. 

 

Preços e versões da Gold Wing

A Gold Wing possui duas versões, sendo a primeira com menos acessórios. Essa versão de entrada custa R$145.237 e perde principalmente o câmbio DCT, air-bag, top case, mantendo as principais características do modelo Tour.

A versão avaliada foi a topo de linha, a Gold Wing Tour, que tem preço sugerido de R$166.509. Um preço alto, mas que lhe concede a exclusividade de poder rodar com uma das motos mais confortáveis do mercado.

Ricardo Kadota (Rock)
@rock_sp_motociclista -> Amante das duas rodas desde muito cedo! Mototurista que curte uma boa estrada e as amizades que ela traz. Apaixonado por aventuras e sem noção de kilometragem.