Da nova série das clássicas, a Triumph Bonneville Street Twin é a menor e mais em conta. Mas não se iluda, ela agrega tanta engenharia quanto as suas irmãs mais caras e sofisticadas (T120, T120 Black e as reeditadas Thruxton e Thruxton R).
O que mudou?
O motor é novo, o chassi e tudo que lhe agrega também, mas novo motor não significa mais potência. Ele segue a nova tendência onde se procura facilidade de condução e controle nas emissões. Apesar do aumento da cilindrada, de 865cc para 900cc, os 68 cv @ 7.500 rpm se transformaram em 54 cv @ 5.900 rpm e o torque de 6,96 kgf.m @ 5.800 aumentou para 8,15 kgf.m em apenas 3.230 rpm. Note que esses números mostram que não se busca pico de potência e sim a qualidade dela: a rotação mais baixa do pico, associado ao torque maior em rotação menor mostra a existência de uma curva plana, tanto de potência quanto de torque. Isso se verifica como característica importante para uso corriqueiro.
Lidar com um motor ao redor de um pico alto de potência é trabalhoso para o piloto. Há que se ter atenção no giro do motor para adequar a marcha correta à velocidade da moto. Muito uso da embreagem, trocas frequentes de marcha e grande atenção do piloto é um custo muito alto para a maioria dos motociclistas que na verdade usam a faixa mais baixa de rotações e a primeira metade do curso do acelerador. A busca pela máxima aceleração e velocidade é uma operação trabalhosa que na maior parte do tempo o motociclista comum não executa.
Seguindo essa premissa, novas abordagens estão sendo utilizadas no desenvolvimento dos motores. Mais “verdes”, quer dizer menos emissões e menos radicalismos na pilotagem. Busca-se o prazer e facilidade no uso corriqueiro com economia. Menos potência nesse caso se traduz em mais facilidade e “usabilidade” da motocicleta como um todo.
Motor
Dois cilindros em linha a 270º, quatro válvulas por cilindro, 84.6 mm x 80 mm de diâmetro e curso (super quadrado), embreagem assistida mecanicamente, controle de tração e ABS completam o conjunto. O grande instrumento que agora ocupa o painel não conta mais com tacômetro, haja vista essa grande facilidade de conduzir a moto, onde a rotação do motor não se torna importante para entrega da potência, em qualquer marcha e em qualquer rotação a aceleração é previsível e constante. Mas não se engane, o ronco do motor com 270º de defasagem nas explosões adiciona pimenta nas suas viagens e o controle de tração soma mais segurança pois não é pouco torque o que esse motor oferece. E ao se desligar esse equipamento pode-se verificar como é importante, porque fica bem fácil sair a traseira durante uma aceleração mais forte, principalmente em saídas de curvas fechadas.
Estilo
O estilo continua o mesmo e nos detalhes é que se notam as principais diferenças: nova pintura sobre o novo tanque estilo “teardrop” (gota de lágrima); o grande instrumento único no painel; os escapamentos lindamente tratados em aço inox escovado; o grande farol redondo; lanterna e para-lama traseiros discretos; para-lama dianteiro recortado como nas Café Racers e as linhas finas do banco que se não fosse pela altura maior para o garupa ter mais conforto, seria uma réplica dos originais dos anos 60 e 70; as rodas em liga leve é que destoam de toda ideologia tradicional das Triumph de tempos passados, mas nos outros modelos estão presentes as rodas raiadas. O curioso “carburador”, imitação de um KeiHin CV não está mais lá e agora há uma cobertura que protege e esconde o sistema de injeção.
A moto em movimento se mostra insistentemente britânica: banco estreito, posicionamento levemente à frente contra o vento, e pedaleiras que oferecem apoio numa posição bem natural. Para um garupa a posição é clássica, com um pouco mais de conforto por causa da altura maior na parte traseira do banco. Os apoios para os pés estão numa posição bem natural, mas não há pontos de apoio para se segurar, bem como nas motos da época, onde o garupa tinha que se firmar no piloto. A ausência do tacômetro já é facilmente compreendida ao sair com ela. O motor parece elétrico, aceleração constante e muito, mas muito torque em baixa rotação.
Anda muito bem
E não se iluda imaginando que ela não anda. A nova Street Twin anda muito bem, principalmente porque você consegue aproveitar todos os recursos do motor, sem ficar procurando na faixa de giro a melhor fatia desse bolo. Já está lá, qualquer que seja a velocidade a marcha correta e a resposta vem do motor com muita firmeza e definição. O acelerador é “ride by wire” e também gerencia a desaceleração, ao permitir o freio motor até o ponto em que a marcha lenta assume, sem oferecer dificuldade no momento de soltar o motor com a embreagem e para encontrar o neutro, numa parada, por exemplo. A administração do acelerador com controle eletrônico é bastante importante nessa questão de facilitar a pilotagem, e ainda permite o controle de tração. Tanto torque em baixa rotação pode se tornar perigoso, dependendo da tração oferecida pelo piso e inclinação. Essa intervenção se mostrou ser importante nessa moto por causa das novas características do motor.
Nas curvas
Curvas para uma inglesinha dessas não podem criar dificuldades. Na verdade oferecem muito prazer. Firme e previsível, a ciclística da Street Twin está mais atualizada, não tão clássica, com respostas mais rápidas que o modelo anterior. Ela reage com mais prontidão aos comandos do guidão, sem sofrer interferências da suspensão, mesmo em piso ruim. O chassi é tipo berço duplo, onde os tubos que descem pela frente do motor tem uma parte removível e para firmar melhor o setor frontal do chassi há uma boa fixação que se estende do canote da direção ao cabeçote do motor.
Freios
Se destacam pela neutralidade. Na frente por ser disco único, apresenta um pouco de torção nas pegadas mais fortes, sem que isso se torne muito notável ou prejudicial de alguma forma. O ABS atua com razoável velocidade e apenas nas reduções mais fortes é que ele interfere com a redução, no freio motor. Poderia atuar um pouco mais tarde para permitir um uso melhor do freio motor em combinação com o freio normal.
Suspensão
Macia sem oferecer descontrole nas abordagens de trechos piores em velocidade maior; é uma característica de suspensão bem acertada. Na Street Twin você pode andar com boa velocidade sobre trechos não tão bem conservados e a moto continua estável e com um mínimo de interferência no chassi. Pela característica dos componentes (telescópico convencional e balança com dois amortecedores) o resultado é excelente.
Tanta eletrônica numa Triumph, a mais simples de toda linha dela se torna uma surpresa. E se a Triumph pode outras marcas também podem: acelerador eletrônico permite integrar outras funções importantes como controle de tração e outras coisas que pouco ou nada encarece. Atenção concorrência, o futuro a desafia.
Ficha técnica Triumph Bonneville Street Twin |
|
Motor e transmissão |
|
Tipo | Dois cilindros paralelos, virabrequim a 270º arrefecido a líquido, 4 válvulas por cilindro |
Capacidade | 900cc |
Diâmetro x curso | 84.6 mm x 80 mm |
Razão de compressão | 10.55:1 |
Potência máxima | 54 cv @ 5.900 |
Torque máximo | 8,15 kgf.m @ 3.260 rpm |
Alimentação | Injeção eletrônica multiponto sequenctial |
Exaustão | Escapamento duplo em aço inox escovado |
Transmissão final | Corrente com anéis em X |
Embreagem | Discos múltiplos em banho de óleo de acionamento mecanicamente assistido |
Câmbio | 5 velocidades constantemente engrenadas |
Chassi |
|
Tipo | Berço duplo em tubos de aço |
Balança traseira | Em aço tubular com dois braços |
Roda dianteira | Fundida em liga de alumínio 18 x 2.75 polegadas |
Roda Traseira | Fundida em liga de alumínio 17 x 4.25 polegadas |
Pneu dianteiro | 100/90-18 |
Pneu traseiro | 150/70 R17 |
Suspensão dianteira | Telescópica – Kayaba 41mm, 120mm curso |
Suspensão traseira | Amortecedores duplos Kayaba com ajuste de pré-carga das molas , 120mm de curso na roda |
Freio dianteiro | Disco simples 310mm com pinça flutuante de 2 pistões Nissin, ABS |
Freio traseiro | Disco simples 255mm pinça flutuante de 2 pistões Nissin, ABS |
Instrumentos | Velocímetro analógico e mostrador em LCD com indicador de posição de marcha, medidor de combustível, autonomia, indicador de serviço, relógio, computador de bordo, botão “scroll” no guidão, preparação para TPMS e manoplas aquecidas, consumo de combustível, mostrador de status do controle de tração |
Dimensões e peso |
|
Largura | 785 mm |
Altura sem espelho | 1.114 mm |
Altura do assento | 750 mm |
Distância entre eixos | 1.415 mm |
Rake | 25,1º |
Trail | 102 mm |
Peso seco | 198 Kg |
Capacidade do tanque | 12 litros |
Disponibilidade |
|
cores | Aluminium Silver, Jet Black, Cranberry Red, Matt Black, Phantom Black |
preço | R$ 36.500,00 |