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Com visual próprio, a Dafra NH 190 é uma moto que chama a atenção pelas linhas peculiares, diferentes do que estamos acostumados. Basta percorrer os olhos sobre as linhas do volumoso tanque, pela traseira curta e pelo enorme pneu traseiro para notar que ela aposta na personalidade para encarar um segmento historicamente dominado por Honda e Yamaha. Ao rodar com a motocicleta a sensação de que ela é diferente do convencional ganha ainda mais força.

A Dafra NH 190 é a primeira moto de uso misto vendida pela marca no Brasil. Seu preço sugerido é de R$ R$ 12.890

A Dafra NH 190 é a primeira moto de uso misto vendida pela marca no Brasil. Seu preço sugerido é de R$ R$ 12.890

Primeiro, a apresentação oficial. O modelo é fabricado pela taiwanesa SYM e montado no Brasil pela Dafra, dando continuidade a uma parceria que já obteve sucesso em outros casos, como na Next (antes 250 e hoje 300) e nos scooter Citycom 300, líder da categoria, e Maxsym 400i. A NH foi exibida em solo tupiniquim pela primeira vez em agosto passado, durante o Festival Duas Rodas, no Autódromo de Interlagos. Agora, está à venda nas concessionárias pelo preço sugerido de R$ 12.890.

Dafra NH 190 anda bem…

Como a própria Dafra informa, a NH representa o ingresso “da marca no segmento de motos de uso misto”. Para iniciar a história com o pé direito, o projeto é movido por um bem resolvido motor monocilíndrico arrefecido a líquido, um diferencial em relação às concorrentes e seus motores refrigerados a ar.

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A NH 190 é uma moto com peculiaridades. Além da frente volumosa e traseira curta, note como os longos suportes afastam o guidão da mesa

A NH 190 é uma moto com peculiaridades. Além da frente volumosa e traseira curta, note como os longos suportes afastam o guidão da mesa

Com 183 cm³ e 4 válvulas, ele produz 18 cv (8.500) e 1,6 kgf.m (7.500 rpm), apresentando funcionamento linear, progressivo e com pouca vibração. Considerando a baixa cilindrada, há potência suficiente para saídas ágeis no semáforo, ultrapassagens e retomadas.

Já o câmbio de 6 velocidades reduz a rotação na hora de pegar a rodovia, diminuindo o consumo e ampliando o conforto. Neste cenário, ela atinge com facilidade os 120 km/h e acaba pedindo para reduzir à 5ª marcha em alguns aclives, mas nada que comprometa o prazer de pilotar. Falando em autonomia, no nosso teste (de aproximadamente 500 quilômetros) ela registrou 34,56 km/litro de média, sendo que rodamos 70% do tempo em perímetro urbano.

O motor arrefecido a líquido é um dos pontos altos do modelo. Trabalhando com o câmbio de 6 velocidades ele permite uma condução prazerosa tanto na cidade quanto em rodovias

O motor arrefecido a líquido é um dos pontos altos do modelo. Trabalhando com o câmbio de 6 velocidades ele permite uma condução prazerosa tanto na cidade quanto em rodovias

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… e tem bons equipamentos

Para atrair consumidores, a Dafra NH 190 tem lá suas cartas na manga. Destaque ao painel digital (que informa sobre marcha engatada, velocidade, conta-giros, hodômetros total e parcial, relógio, combustível e até um incomum marcador de voltagem da bateria) e, logo abaixo dele, uma funcional tomada USB. O conjunto ótico também deve ser lembrado, afinal é full LED – outra exclusividade na categoria.

Painel digital e completo, com conta-giros, hodômetros, indicador de marcha engatada e até um inusitado marcador de voltagem da bateria

Painel digital e completo, com conta-giros, hodômetros, indicador de marcha engatada e até um inusitado marcador de voltagem da bateria

Falando no sistema de iluminação, o farol se mostrou um aliado na hora de pilotar. O equipamento ilumina bem tanto na luz baixa quanto na alta, sempre com feixe de luz concentrado e forte. As setas também apresentam bom funcionamento, mas emitem um ruído alto, que pode ser ouvido até mesmo do veículo que vem atrás – ainda que seja uma moto e o indivíduo esteja com a audição limitada pelo uso do capacete: tec tec tec tec…..

Antes de irmos ao próximo tópico, outro elogio. Freios. O sistema combinado (FH-CBS) conta com disco simples nas duas rodas, mas com pistão duplo na dianteira e simples na traseira, bem dimensionados e regulados, e com flexíveis em malha de aço. O sistema cumpre satisfatoriamente o papel, mesmo em situações emergenciais.

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Visual (nem tão) próprio

Logo (literalmente) de cara a Dafra NH 190 remete à Honda CB 500X. O farol tem as luzes (alta e baixa) sobrepostas e está logo abaixo de uma pequena carenagem, que visualmente lembra uma bolha. O tanque, envolto por uma carenagem de plástico, é volumoso só do lado de fora e comporta apenas 11 litros de gasolina. Dali para trás, com a traseira curta e ascendente, lembra uma naked.

Visual da Dafra NH 190 remete à CB 500X, com as volumosas carenagens no taque e farol com luzes sobrepostas

Visual da Dafra NH 190 remete à CB 500X, com as volumosas carenagens no taque e farol com luzes sobrepostas

O acabamento é um paradoxo. Se por um lado os plásticos imitam fibra de carbono (como no suporte da placa), por outro desencaixavam em alguns pontos, como na carenagem do painel, mesmo tendo a unidade testada menos de dois mil quilômetros rodados. Interessante também notar a escassez de emblemas da Dafra na motocicleta.

E tem o escapamento. Inexplicavelmente afastado do chassi e da balança ele merece um parágrafo só para si. Não bastasse ser desproporcional e posicionado de modo a criar um irritante espaço em branco logo após o motor, ele ainda é baixo – como em uma naked, ao invés de contornar o propulsor até sair alto, logo abaixo do banco, como acontece na maioria das trail.

Desproporcional, distante do motor e balança, baixo e ainda com detalhes cromados. O escapamento merecia ser revisto

Desproporcional, distante do motor e balança, baixo e ainda com detalhes cromados. O escapamento merecia ser revisto

Suspensões para esquecer

Este é o momento em que o atacante entra na área do próprio time, pula no escanteio e faz um gol contra. Se a Dafra NH 190 apresenta um conjunto equilibrado, motor eficiente, painel completo, bom sistema de iluminação e até alguns mimos como a tomada USB, tudo isso a um preço competitivo, as suspensões ameaçam todo o prestígio que estava sendo construído. Considere que a Dafra lança a NH 190 como uma trail urbana, mesmo segmento onde está Honda Bros e Yamaha Crosser S.

Suspensões são o "calcanhar de Aquiles" da NH. Rígidas, não há link ou sequer ajuste de pressão na mola traseira

Suspensões são o “calcanhar de Aquiles” da NH. Rígidas, não há link ou sequer ajuste de pressão na mola traseira

O curso é pequeno para uma trail, com apenas 135 mm na dianteira e 145 mm na traseira – para fins de comparação, a Honda Bros 160 possui 180 mm e 150 mm, respectivamente. Além disso, a dianteira é mais rígida do que deveria para a proposta e atrás não há link (o amortecedor está diretamente fixado na balança), com funcionamento demasiadamente duro. Dura, essa é a definição. Dura a ponto de não copiar as imperfeições do asfalto, tampouco as da terra e sem ajuste de pré-carga na mola. A suspensão traseira precisa ser revista.

Rodando está mais para naked

Motos de uso misto, como o nome já diz, precisam estar preparadas para qualquer cenário… E não são só as suspensões demasiadamente rígidas que nos fazem questionar a identidade trail da NH 190. Há outros detalhes, também, como o banco curto, a ausência de cavalete central e até mesmo de um simples suporte para bauleto.

Com as pedaleiras levemente recuadas e suspensões rígidas, ao rodar com a NH 190 percebemos que ela está mais para naked do que para trail

Com as pedaleiras levemente recuadas e suspensões rígidas, ao rodar com a NH 190 percebemos que ela está mais para naked do que para trail

A posição de pilotagem tem um leve ar de esportividade, graças a posição ligeiramente recuada das pedaleiras. Isso se mantém, inclusive, considerando a excessiva largura de seu guidão, que está posicionado sobre estranhos (e grandes, com cerca de dez centímetros) suportes fixados na mesa. Outro detalhe que atrapalha é o enorme pneu traseiro, muito largo (130/80-17) e que deixa a moto pesada, lhe custando um pouco em agilidade

São pequenos detalhes que mudam a sensação ao guidão e acabam nos aproximando mais de uma street do que de uma moto essencialmente trail, algo que acaba soando contraditório àquilo que o modelo se propõe. Não é à toa que em vários mercados (como na Colômbia) a SYM comercializa a NHX 190, versão naked da ‘nossa’ NH 190 com direito até a rodas de liga.

Então, a Dafra NH 190 vale a pena?

Apesar de discordamos de sua vocação trail, pelo posicionamento da marca e do produto a NH 190 briga por espaço no nicho de motos de uso misto. Aliás, é um cenário grande, responsável pelo segundo maior número de emplacamentos em 2019: mais de 214 mil, atrás apenas das street (veja mais sobre o assunto aqui).

Ou seja, é um mercado tradicional, já dominado pela Honda Bros 160, a terceiro moto mais vendida do País em 2019, atrás apenas de CG 160 e Biz, com mais de 122 mil unidades nas ruas. Depois, há a Yamaha Crosser 150, com 24.570 motos comercializadas. O páreo fecha com mais uma Honda, a XRE 190, com 20.597 motocicletas.

Olhando assim o pneu traseiro parece imenso, né? E é. Tem 130 mm de largura, calçando a roda aro 17". Na frente, é 19"

Olhando assim o pneu traseiro parece imenso, né? E é. Tem 130 mm de largura, calçando a roda aro 17″. Na frente, é 19″

Os preços: Bros custa R$ 12.860, a Crosser S sai a partir de R$ 12.800 e o preço sugerido pela XRE 190 ABS é de R$ 14.490. A NH 190, por seus R$ 12.890, tem valor competitivo e, como já dissemos, apresenta conjunto equilibrado, bom nível de equipamentos com painel completo, tomada USB, iluminação full LED, motor de respostas precisas e uma pegada própria. Torcemos para que a novidade também encontre seu espaço.

Ficha Técnica Dafra NH 190

Motor 4 tempos, monocilíndrico, 4 válvulas, arrefecimento líquido
Capacidade 183 cm³
Diâmetro x Curso 63,5 mm x 57,8 mm
Potência máxima 18 cv a 8.500 rpm
Torque máximo 1,6 kgf.m a 7.500 rpm
Transmissão Corrente (47 x 15)
Sistema de partida Elétrica
Taxa de compressão 11,1:1
Combustível Gasolina
Lubrificação Forçada por bomba trocoidal
Embreagem Multidisco em banho de óleo
Ignição Eletrônica
Sistema elétrico 12 V – 8 Ah
Chassi Diamond, em tubos de aço
Suspensão dianteira Telescópica, 135 mm de curso
Suspensão traseira Mono-amortecida, 145 mm de curso
Rodas Raiadas de aço / 19″ dianteira – 17″ traseira
Pneu dianteiro 100/90-19 57H
Pneu traseiro 130/80-17 65H
Sistema de freios Disco nas duas rodas com CBS
Capacidade do tanque 11 litros (4,2 litros na reserva)
Capacidade de óleo no cárter 1,0 litro
Capacidade máxima de carga 150 kg (piloto + garupa + bagagem)
Peso em ordem de marcha 152 kg
Peso seco 141 kg
Ângulo de caster 26,05º
Trail 145 mm
Altura 1357 mm
Largura 900 mm
Comprimento 2068 mm
Altura do assento 820 mm
Distância entre eixos 1405 mm
Altura mínima do solo 180 mm
Patriarca
Enfermeiro socorrista por profissão, mecânico por esporte e motociclista por paixão, Patriarca é moderador do Fórum e também pauteiro (não confundir com "paupiteiro") da redação do Motonline.