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A população mundial está ficando mais velha e as estatísticas mostram que o número de motoristas homens com mais de 70 anos dobrará nos próximos 20 anos, enquanto o número de motoristas mulheres com mais de 70 triplicará.

Recentemente, um deputado brasileiro quis apresentar um projeto de lei que impediria qualquer pessoa acima de 70 anos de dirigir. A gritaria contra e a percepção que os mais velhos também podem votar, fizeram com que a infeliz proposta desaparecesse.

Do outro lado do mundo, na Inglaterra, a maneira de olhar o caso foi totalmente diversa e correta: o Instituto de Motoristas Avançados, IAM, fez um estudo em profundidade da acidentalidade dos motoristas mais velhos, dos mais novos e dos ‘do meio’. O estudo não deixa dúvidas: os motoristas com mais de 70 anos são consideravelmente mais seguros que os jovens de até 29 anos, os primeiros sendo 8% do total de motoristas e tendo 4% dos acidentes com vítimas, enquanto os segundos são 15% e têm 34%. Outro dado interessante: o automóvel é básico para manter a mobilidade dos mais velhos, e os homens de mais de 70 fazem mais deslocamentos como motoristas do que os homens abaixo dos 30 anos.

Os mais velhos são mais seguros em curvas e em ultrapassagens do que os de 50 anos de idade, mas têm mais riscos em rotatórias, junções e longas retas de alta velocidade. Em algumas situações de tráfego, os motoristas mais velhos têm menos probabilidade de entrar numa colisão, porque tendem a adotar um estilo mais cuidadoso e comedido. Nenhuma idade em particular foi identificada em que apareça um súbito aumento no envolvimento de acidentes. Os mais velhos se auto-regulam, fazem menos deslocamentos em autoestradas, sob condições de má visibilidade, de piso molhado ou em horários de pico. Já os motoristas acima dos 85 anos de idade têm quatro vezes mais probabilidade de serem responsáveis por uma colisão do que de ser uma vítima inocente dela. As colisões causadas por motoristas mulheres mais velhas ocorrem cerca de cinco anos antes que com os homens mais velhos.

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Resultado do estudo: “O IAM recomenda que, em vez de impedir os mais velhos de dirigir, precisamos fazer com que percebam os riscos que correm, e oferecer-lhes ‘dicas’ de como enfrentar esses riscos.” Neil Greig, diretor de política e pesquisas do instituto, termina dizendo que “O IAM acredita fortemente que não há caso para retestar compulsoriamente os motoristas mais velhos, a uma idade arbitrária. Mais pesquisas são necessárias quanto à melhor idade para renovar as licenças de dirigir e precisa haver um debate mais amplo quanto à introdução de licenças com restrição.”


José Luiz Vieira, Diretor, engenheiro automotivo e jornalista. Foi editor do caderno de veículos do jornal O Estado de S. Paulo; dirigiu durante oito anos a revista Motor3, atuou como consultor de empresas como a Translor e Scania. É editor do site: www.techtalk.com.br e www.classiccars.com.br; diretor de redação da revista Carga & Transporte.