a ultima yamaha rd 350lc 1a ultima yamaha rd 350lc 2a ultima yamaha rd 350lc 3a ultima yamaha rd 350lc 4a ultima yamaha rd 350lc 5a ultima yamaha rd 350lc 6Novos pneus. Esse é o maior segredo para transformar a Yamaha RD 350R em uma moto de comportamento bastante diferente. A partir da linha 91, o modelo recebeu uma série de modificações estéticas, mas a mais importante foi a adoção dos pneus Pirelli MT 75, que transformou a RD 350R numa moto mais estável, macia e confortável.

O motor permaneceu o mesmo bicilíndrico, dois tempos, de refrigeração líquida, com potência declarada de 55 cv a 9.000 rpm e torque máximo de 4,74 kgf.m a 8.500 rpm. Por mais que a fábrica insista em afirmar que o motor não sofreu modificações, ele parece estar mais redondo, mais gostoso de pilotar.

As mudanças estéticas atualizaram o estilo da RD, que permanecia a mesma desde março de 87, quando recebeu a carenagem integral como equipamento (inicialmente opcional e depois de linha). Nos anos seguintes ela foi ganhando novas cores e grafismos, até chegar no discutível modelo azul com faixas amarelas. Uma pesquisa de mercado rapidamente fez a Yamaha voltar atrás e lançar para a linha 91 uma moto de cor preta (a preferida dos consumidores do produto), com faixas cinza e vermelha, e com um acabamento visivelmente melhor.

Conforto exportação A fábrica garante que o motor não foi alterado, mas a RD 350R 91 melhorou em todos os aspectos. Está mais veloz (apesar de mais pesada), acelera mais e o motor trabalha com uma disposição incrível. Foi a RD 350R mais veloz testada por mim. Tendo alcançado 199,6 km/h e feito de 0 a 100 km/h em 5,1 segundos. O melhor mesmo é levá-la para a estrada.

Os novos pneus MT 75 deixaram a RD 350R ainda mais estável. Ela inclina nas curvas com uma segurança absoluta, porém, o mais impressionante é que a RD 350R não assusta mais o piloto quando passa em piso irregular. Antes, o piloto ficava com a adrenalina a mil por cento quando se deparava com a menor irregularidade em plena curva. Agora, a moto aceita até as esburacadas ruas paulistanas, depois do período de chuvas de março, sem sacolejar de um lado para outro.

A primeira boa impressão é que trata-se de uma moto totalmente nova, com nova calibragem de suspensão, mas na verdade parece que a melhora foi apenas em função dos pneus. Até os espaços de frenagens diminuíram bastante. Agora ela pára completamente em 18,1 metros quando está a 80 km/h, contra 21,5 da última medição. Durante os testes houve a oportunidade de rodar sob forte chuva e mais uma vez os novos pneus foram muito superiores aos antigos. Na estrada ela chegou a 170 km/h com bom nível de aderência. Nas curvas as características mudaram bastante com o piso molhado. Antes ela tinha uma forte tendência de desgarrar quando o motor transferia potência para o solo. Agora ela permite acelerar mais cedo e mantém-se firme. Quando o limite é superado ela desgarra com as duas rodas, num comportamento bem parecido com o da Honda CBR 4S0SR (que também utiliza Pirelli MT 7S).

Aliás, uma das brincadeiras mais divertidas com a nova RD 350R é abrir o gás no meio da curva para sentir o pneu tracionando com muita voracidade. Depois, o gás é aberto cada vez mais cedo para ver quando ela vai começar a desgarrar de traseira. Uma delícia. Pedaleiras e escapamento batem no chão em sinal de protesto, avisando ao piloto que chegou o momento de parar com a brincadeira.

A suspensão traseira agora tem cinco regulagens na tensão da mola (antes tinha quatro) oferecendo uma opção a mais para o usuário. Como conseqüência o conforto melhorou muito. Mesmo em viagens longas ela roda tão macio que o motociclista só tem vontade de rodar mais e mais. Enfim, dois pneus fazem tanta diferença que o melhor conselho para os donos de RD 350R até 1990 é: corram, troquem os pneus e sejam felizes.

Estilo exportação A nova RD 350R foi projetada para se atualizar dentro do mercado externo, já que ela é exportada para italianos, espanhóis, ingleses e alemães. Isso acabou favorecendo a sua qualidade para o mercado brasileiro, com sensíveis melhorias no acabamento. A principal mudança visual foi a adoção da carenagem integral, que agora esconde totalmente o motor e o quadro. A exemplo da Ducati Paso 906 e da linha CBR da Honda, a Yamaha vestiu a RD 350R no estilo clean (limpo), sem deixar cabos e componentes mecânicos do motor à mostra.

O encaixe da carenagem com tanque e lateral ficou muito bom, sem folgas nem vibrações barulhentas. A bolha (pára-brisa) da carenagem foi mantida, mas os espelhos retrovisores foram trocados por peças menores e mais atuais, embora a eficiência seja prejudicada pela posição muito próxima à carenagem: os espelhos refletem mais o motociclista do que o que há atrás dele.

O farol retangular deu lugar a dois faróis com lentes redondas de 130 mm de diâmetro cada, com lâmpadas de 35/35W. A iluminação melhorou muito; mas utilizar o farol alto na estrada só é possível se não houver nenhum outro veículo por perto, em direção contrária. Até nas estradas com pista dupla os motoristas ao longe reclamam do ofuscamento.

O guidão, na verdade, dois semiguidões, agora são forjados e com acabamento bem superior ao componente utilizado anteriormente. Inclusive com o requinte de uma tampinha de plástico para encobrir o parafuso Allen. Quem se lembra do velho guidão da RD 350R nem vai acreditar na nova peça. A posição permaneceu a mesma, ou seja, boa para pilotar na estrada, mas um pouco cansativa no anda-pára do trânsito urbano intenso.

Completando a lista de alterações, o afogador passou para o lado esquerdo da carenagem, em local de fácil acesso. Antes ele era colocado diretamente no carburador o que exigia um certo contorcionismo para acioná-lo. Os comandos elétricos foram substituídos por um conjunto “de padrão internacional”, segundo a fábrica. Mas dificilmente esse sistema de buzina integrada com lampejador de farol pode ser bem aceito em qualquer lugar do mundo. A buzina foi projetada para ser utilizada em emergência, mas na RD 350R seu acionamento é tão complicado (o projeto ergonômico dificulta o acionamento) que é melhor esquecê-la. Por que não utilizar o velho, bom e prático botão?

A única novidade que foi unanimemente rejeitada foi a barra de apoio do garupa cromada. Uma moto esportiva que sempre evitou os cromados, de repente aparece com uma reluzente peça cromada. Dá a sensação de que alguém instalou uma peça errada, de outra moto. Todas essas mudanças a mais engordaram a RD 350R, que passou de 160 para 167 quilos (peso seco).

a ultima yamaha rd 350lc 7a ultima yamaha rd 350lc 8Motor exportação Muita gente defende a teoria de que as motos até 350cc devem ter motor dois tempos. Essa teoria seria suficiente para encher páginas e mais páginas sobre a eterna diferença entre quatro e dois tempos. Em suma, no caso da RD 350R o motor dois tempos de exatos 347cc cai como uma luva para o uso em estrada e na cidade. É claro que suas características são bem diferentes do quatro tempos. E uma das deficiências é a retomada de velocidade, um pouco preguiçosa e o consumo de gasolina, mais alto do que um quatro tempos (na estrada ela faz 14,5 km/l e na cidade, 16,0 km/l). Mas qual motor quatro tempos tem uma potência específica de 158 cv/litro, um dos números mais altos de todas as motos nacionais e importadas? A título de comparação, a Honda CBX 750F Indy tem potência específica de 109,7 cv/litro.

A diferença está na distribuição da potência. Na RD 350R o motor não gosta muito de trabalhar em baixo regime. A válvula YPVS do escapamento (que controla a saída de gases e aumenta o torque em baixas rotações) permite rodar até cerca de 3.500 rpm sem problemas. Acima disso o motor fica preguiçoso e exige mais gás até chegar nos 6.500 rpm, quando a agulha do contagiros dá um salto rumo à faixa vermelha numa aceleração assustadora.

A RD 350R testada estava meticulosamente regulada, com pouca emissão de fumaça pelo escapamento e o funcionamento mais redondo que este modelo já apresentou durante os testes. Mas ainda poderia ser melhor se a fábrica adotasse uma primeira marcha mais curta. Fazer a RD 350R sair da imobilidade requer um pouco de rotação a mais do que o normal, ou, queimar a embreagem quando carregando duas pessoas. Talvez se fosse adotada a primeira mais “curta”, ela ficaria melhor de pilotar na cidade.

Outro item que preocupou no uso em trânsito intenso foi a refrigeração do motor. Com a nova carenagem integral, o motor trabalha numa temperatura mais elevada do que no modelo anterior. A situação fica pior quando a moto circula em baixa velocidade, chegando a entrar na faixa vermelha do termômetro. A solução para melhorar o arrefecimento seria instalar o ventilador elétrico comandado por sensor térmico. Sem a ventilação, a única saída quando o motor esquenta é parar e esperar que ele voltar à temperatura normal.

Detalhes A RD 350R 91 evoluiu bastante. Mas ainda pode ficar bem melhor se forem corrigidos alguns pequenos detalhes que ficaram esquecidos. O maior deles é a partida elétrica. Uma moto tão bonita não combina nem um pouco com aquele feioso pedal de partida. É mais uma questão estética, porque fazer a RD 350R pegar no pedal é facílimo.

O contato da ignição parece problema congênito nas Yamaha. Essa RD 350R veio de fábrica com o contato tão folgado que a chave precisava ficar presa com um barbante para não perder-se no caminho. Finalmente, o painelzinho com as luzes-espia é bastante benevolente, permitindo a entrada de água sem impor muita resistência.

Esta moto chega às revendas em junho e até o começo de maio a Yamaha não havia definido seu preço. Deve, no entanto, ser cerca de 10% mais cara que a RD 350R 90, que estava com preço sugerido de Cr$ 1,8 milhão na primeira semana de maio. Com isso, a nova RD 350R deve chegar ao mercado por volta de Cr$ 2 milhões (na tabela), ou seja, 25% a menos de que a Honda CBR 450SR (que na primeira semana de maio estava com preço sugerido pela fábrica de Cr$ 2,5 milhões). Com isso, a RD 350R 91 pode vir a se tornar a papa-CBR, já que ficou tão gostosa de pilotar quanto a concorrente, mais rápida, mais estável e segue o mesmo estilo. Para quem gosta de emoção, o mercado agora fornece um bom item no cardápio. Geraldo Simões (maio de 1991)

P.S. importante Este teste foi escrito em 1991 e você pode notar que havia mais liberdade para comentar os problemas das motos. Mesmo assim o efeito kick-back que sempre foi crônico na RD 350LC foi levemente mencionado. No modelo 1991 em diante o problema foi parcialmente reduzido em função dos pneus MT 75, mas a solução sempre foi o amortecedor de direção. Curiosamente, em competições nós continuamos usando o MT 90, de desenho mais antigo, mas de melhor performance na pista. Para rodar na rua o novo Pirelli é muito mais eficiente.

Fazer o motor dessa moto era fácil e barato. Com poucas mexidas minha RD de corrida pegava fácil 212 km/h (cronometrados). Depois de alterar as curvas de escape (fora do regulamento, é claro) e descobrir as palhetas de carbono, ela ganhou mais velocidade ainda e chegou a 220 km/h. Tudo isso num quadro que torcia loucamente, uma suspensão de Tonka e freios de matar qualquer cardíaco!

Outro dado importante sobre a RD 350 é com relação aos freios. Os discos eram fixos, por isso às vezes a frenagem se tornava um exercício de sorte e coragem. Como a frente dela sempre foi problemática, ao pegar alguma ondulação, a roda dianteira ficava doida de um lado pra outro. Como os discos eram fixos, eles torciam e empurravam as pastilhas. Na frenagem seguinte era preciso bombar a manete para o fluido empurrar as pastilhas de volta pro lugar. Imagine isso durante uma corrida! E mais, na pista antiga de Interlagos, com 7.960 metros e retas gigantes. Antes de cada frenagem forte eu já vinha bombando o freio, mesmo assim foram vários passeios pela grama. Uma coisa não posso negar: a RD 350 foi uma das motos mais emocionantes da minha vida e é admirada até hoje em vários países. Hoje em dia eu teria uma RD 350LC pré-91 (não gostei do farol duplo), com todas aquelas receitas de veneno (que não adianta pedir, porque não vou falar!) mas só para passear de vez em quando, com gasolina avigas e óleo 2T sintético. Foi uma moto que deixou muita saudade e várias marcas pelo corpo, algumas em raio-x!

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