Publicidade

Acidentes de trânsito não acontecem por acaso

Em menos de 24 horas dois acidentes graves matam 20 pessoas e deixam 37 feridos.

Um ocorreu no Estado de Goiás e envolveu um ônibus escolar e dois caminhões, no dia 1º de fevereiro, causando a morte de 12 crianças e adolescentes, além de deixar sete feridos. No dia seguinte, um ônibus perdeu o controle na Fernão Dias atravessou para a pista contrária e atingiu um caminhão e um carro. Oito pessoas morreram e 30 ficaram feridas. Duas tragédias que nos deixam atônitos e nos fazem pensar como o trânsito no Brasil é perigoso, cruel mesmo.

No caso do acidente na rodovia Fernão Dias, há indícios de que o motorista dirigia em alta velocidade e perdeu a direção. O delegado que investiga o caso agiu com rigor e decretou a prisão do motorista por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Porém, depois que passa a comoção gerada pela mídia, não se fala mais no assunto e o caso cai no esquecimento até surgir outro acidente com as mesmas proporções ou até com estragos ainda maiores. A solução do caso que aponta a causa, muitas vezes, não é divulgada devidamente. Até porque depois desse acidente milhares de outros já terão acontecido.

Publicidade

Segundo levantamento do IPEA, 35 mil pessoas morrem por ano no trânsito brasileiro, sem falar nas milhares de vítimas que ficam com seqüelas graves permanentes. Não é por acaso que o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking dos países que possuem o maior número de acidentes no trânsito, de acordo com dados da OMS – Organização Mundial de Saúde.

E nada é feito para mudar essa dramática situação que tornam rodovias e avenidas do País em campos de guerra. Não podemos mais admitir que acidentes trágicos ocorram com tanta freqüência. Além de apurar com rigor as causas dos acidentes, é preciso punir severamente os culpados.

Mais do que isso. A fiscalização é essencial para evitar acidentes. A prevenção pode salvar milhares de vidas por ano. A lei seca é bem-vinda e já surtiu efeito, mas não é suficiente para resolver um problema tão complexo que envolve vários fatores e que podem ser provocados pelo condutor, pelas condições da via e pelo veículo ou a junção de dois ou dos três itens ao mesmo tempo.
Para criar um programa mais abrangente, é necessário levar em conta esses três itens. No caso do condutor, deve haver mais orientação e maior rigor em punições aos infratores. As vias devem ser bem sinalizadas e apresentarem boas condições para o tráfego.
Além disso, o governo deve implantar um programa como já existe em mais de 50 países para fiscalizar as condições dos mais de 37 milhões de veículos – automóveis, caminhões e ônibus, comerciais, e motos – que trafegam em ruas e estradas brasileiras. A falta de manutenção do veículo pode causar acidentes de trânsito. Veículos devem estar em boas condições de uso para poderem trafegar. Do contrário, continuaremos a ficar estarrecidos vendo acidentes em que ônibus se descontrolam, perdem freios provocando a morte de pessoas.

*Antônio Carlos Bento é coordenador do GMA – Grupo de Manutenção Automotiva, formado por entidades do setor de reposição de autopeças (Sindipeças, Andap, Sincopeças-SP e Sindirepa-SP) e responsável pela criação do programa Carro 100% / Caminhão 100% / Moto 100% que visa conscientizar o motorista sobre a importância da manutenção preventiva como forma de garantir mais segurança no trânsito.

Publicidade