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Audi TT autônomo sobe Pikes Peak

Um Audi TTS autônomo completou em setembro passado a famosa subida de Pikes Peak de 19,6 km, em 27 minutos. Um piloto de primeira linha o faria em 10 minutos a menos. Mas é importante lembrar que há alguns anos muita gente não acreditava que um computador pudesse bater um enxadrista campeão, isso já aconteceu faz bastante tempo e ninguém mais se arrisca a enfrentar uma máquina dessas.

O ser humano, apesar de pensar exatamente o oposto, não é muito bom à direção de um automóvel – basta ver os mais de um milhão de mortos nas estradas mundiais. Somos facilmente distraídos, virtualmente incapazes de executar mais de uma tarefa a cada vez, temos um campo de visão muito pequeno (mínimo quando comparado ao ideal de 360 graus), bebemos, fumamos, tomamos drogas, sentimos fome, sede, frio, ficamos irados, preocupados, cansados, somos naturalmente imprudentes e tantas outras coisas que minimizam fortemente nossa capacidade de dirigir – e nunca aceitamos essas e tantas outras limitações.

Um computador, por outro lado, pode ter visão de 360 graus, não se cansa, não fica zangado, lida com milhares de variáveis ao mesmo tempo, é extremamente atento, calcula cada risco, e quando erra o faz sempre no sentido do maior cuidado, conforme programado.

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Os três maiores fabricantes de automóveis, Toyota, GM e Volkswagen, gastam fortunas diárias no campo de veículos autônomos, buscando a segurança. A subida de Pikes Peak com um carro autônomo é apenas um pequeno mas forte exemplo deste campo de pesquisa.

O TTS desenvolvido pela Volkswagen/Audi em conjunto com a Universidade de Stanford e a Oracle, fez sua primeira subida ao topo da montanha de 4.300 metros de altitude naqueles 27 minutos, sem parar. Naquela mesma semana, fez outras cinco subidas, com pausas entre cada uma delas para checar os dados da rota.

A probabilidade é que os tempos baixem a cada posterior coleta de dados e que isso aconteça muito rapidamente – mas sempre com muito cuidado, já que piloto algum está competindo com outro. Muito piloto já errou curvas da montanha, quase sempre com resultado funesto, mas nesta pesquisa com um carro sem motorista o principal é a segurança. Como diz a própria Audi:

O Audi TTS Autônomo de Pikes Peak reflete a estratégia Stanford-ERL (Electronic Research Lab, laboratório de pesquisa eletrônica) de conduzir pesquisas em camadas que investiguem intimamente as tecnologias necessárias a executar diversas tarefas autônomas de direção, que vão desde manobras de baixas velocidades em ambientes urbanos a agilidades a altas velocidades sobre superfícies variadas num curso altamente desafiador.

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Quando as pesquisas começaram no projeto autônomo de Pikes Peak, há pouco mais de um ano, o caminho era claro: empregar novos software, algoritmos e eletrônica que ajudem o motorista comum a se manter em controle, seguro na estrada, mesmo em condições extremas.

O alvo desta pesquisa era desenvolver uma tecnologia que ampliasse a capacidade do motorista, da mesma maneira que os sistemas computadorizados dos jatos ajudam seus pilotos.

O Professor Chris Gerdes, da Universidade de Stanford, diz que “Não estamos tentando substituir o motorista. Em vez disso, queremos aprender como os melhores pilotos controlam o carro, para que possamos desenvolver sistemas que ajudem nosso motorista robótico e, mais tarde, você e eu.”

O Audi TTS Pikes Peak Autônomo integra algoritmos avançados, o sistema Oracle Jawa de tempo real (Java RTS), o Oracle Solartis e o GPS com sistemas de segurança e de navegação encontrados nos modelos TTS normais para manter o controle a um extremo físico de desempenho.

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Os sistemas Java e Oracle fornecem um avanço significativo sobre os modelos de execução tradicional em termos de confiabilidade, transparência, capacidade de resolver problemas de programação, instalação e funcionamento, características previsíveis de tempo de resposta e custo. Usando o modelo de programação e a funcionalidade do gerenciamento de memória padrão Java, os desenvolvedores puderam programar o TTS Autônomo de maneira a facilmente diferenciar processos de acordo com sua importância e determinar precisamente quando funções críticas de tempo devem ser executadas.

“O Oracle Java RTS é a primeira solução de classe empresarial a lidar especificamente com os assuntos de latência e de tempos de resposta imprevisíveis para aplicações Java, e estamos vibrando por ser parte deste projeto de pesquisa,” diz Greg Bollella, principal arquiteto da Embedded Java, da Oracle. “Para o TTS Autônomo, o Java foi usado para adquirir as coordenadas de posição do GPS e distribuí-las por todos os componentes do sistema. Servirá também como controlador de segurança do veículo, responsável por trazê-lo a uma parada graciosa se algum dos sistemas tradicionais funcionar mal.”

Definir a localização dos testes foi fácil, já que a rota de Pikes Peak oferece aclives fortes, curvas em ziguezague e superfícies variadas. Pikes Peak foi também o lugar onde a tecnologia da Audi tornou-se legendária no mundo das corridas de rali uma geração atrás, em grande parte devido à revolucionária tecnologia quattro, que este ano celebra seu 30º aniversário.

O Audi TTS Pikes Peak Autônomo conseguiu atingir seu objetivo este ano na montanha. A próxima etapa neste projeto de pesquisa envolverá estabilidade a altas velocidades sobre superfícies pavimentadas. O grupo de pesquisas está avaliando pistas de corridas onde possa conduzir a próxima fase. Como em todos os testes desta tecnologia, o grupo de pesquisas trabalhou com autoridades locais para conduzir os testes em pista fechada, o que enfatiza a segurança pública.

Para celebrar o acontecimento, a Audi colocou o TTS Pikes Peak no dia da inauguração no show da SEMA, que abriu dia 22 último em Las Vegas.


José Luiz Vieira, Diretor, engenheiro automotivo e jornalista. Foi editor do caderno de veículos do jornal O Estado de S. Paulo; dirigiu durante oito anos a revista Motor3, atuou como consultor de empresas como a Translor e Scania. É editor do site: www.techtalk.com.br e www.classiccars.com.br; diretor de redação da revista Carga &
amp; Transporte.