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Um dos fatores primordiais para um bom rolê, em minha opinião, é o ritmo. Tudo que é vivo, pulsa. Tudo que pulsa, determina um ritmo.

Três fatores comprometem o ritmo no rolê:

– A “personalidade” dos participantes – O numero de paradas (obrigatórias ou não) – O nível dos equipamentos (não necessariamente, mas eventualmente)

Sobre as personalidades, existem aqueles caras que gostam de observar as plantas, e aqueles outros que gostam de plantar.

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Plantar, os cravos na terra!!!

É legal, quando se tem a sorte , de andar com um grupo onde todos estão no mesmo “mode”, na mesma “vibe”, qualquer que seja ela. As paradas, são outro fator preponderante. Rolês com muitas porteiras ou enroscos exagerados, normalmente torna-se monótonos. Dá sono esse negócio de para anda, para anda, para anda… Difícil manter-se concentrado e “aquecido”, diante de tantas interrupções. Gosto de andar em reflorestamentos e monoculturas.

Nestas áreas, a gente não enche o saco de ninguém (gente ou bicho) e, melhor, não carboniza as motinhos…!!! Saca?!?!

O nível dos equipamentos não é um fator preponderante ou determinante, mas é legal quando todos têm algo “compatível” à disposição.

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Aliás , falando em equipo , neste rolê conheci um figura que lava a bike com uma mistura de querosene e formol. Interessante… A bike do cara tem mais de dez anos, mas parece zero… Tipo de motinho que, quem não conhece, não dá nada. Mas , a bicicrétinha parece uma moto elétrica…

Silenciosa, despeja potencia de forma tão linear que parece tracionar até em azulejo ensaboado. Isso é bom!

Show de trail bike! Puta custa X benefício. Brigadeiro Tobias ou Inhaíba, é o nome do município. Talvez ambos façam parte do circuito. Região de um tipo de solo muito característico. Um minério, algo parecido com camadas de rocha sedimentada. Lugar bom de tração. Pouca lama e, algumas pedras grandes. O rolê serpenteia por trilhas e aceiros de um reflorestamento de eucalipto.

A topografia é perfeita. Morras, vales e pequenos riachos de pedra.

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É um rolê com certo nível técnico, por conta das infinitas curvas, árvores, erosões e riachos. Há trechos constantemente cobertos pela sombra, que ocasionam variações abruptas de tração e colaboram para elevar o nível da brincadeira.

De repente … , cê tá vindo num trecho de alta, de terceira ou quarta e, se aproxima de uma curva numa destas “sombras”, onde a característica de tração muda completamente….

Isso é legal! Deixa o rolê mais “imprevisível”, “divertido” !!! Por outro lado, o circuito “flui”. São pouquíssimas as porteiras, e trechos “travados” de “mata” fechada. O lugar é bom de andar. Segunda terceira. Terceira quarta, e … , tudo pra baixo e pra cima outra vez! Rápido! Esse “paraíso”, é pontuado hora ou outra por uma morra onde o solo erodido, expôs meia dúzia de pedrões que servem pra separar os homens dos meninos. Nada absurdo ou impossível.

Se vier na velocidade certa e não amarelar, vai parar lá em cima. Se “embaçar”, vai ter que subir no braço. Mas, nada intransponível. Mesmo pra quem nunca foi lá, é um rolê que não judia. Apesar de “estranhos” (havia caras de três cidades diferentes), a sintonia logo se estabeleceu e todo mundo curtiu o rolê. Não faltou, nem sobrou pra ninguém.

Isso é fato raro num rolê de “estranhos”, num lugar incomum (não comum a todos). Mas foi exatamente assim. Democrático. Divertido. Rápido. Técnico.

Talvez alguém tivesse achado que poderíamos ter feito algo mais técnico. Talvez alguém tivesse achado que poderíamos ter andando numa média um pouco mais alta.

Mas, no final do dia, qualquer eventual dúvida a este respeito se dissipou, na constatação de que ninguém havia se machucado, na verificação dos equipamentos sem avarias e …., na cerveja com misto quente.

Foi muito bom! Me chamou atenção, mais uma vez, a cordialidade do treieiro brasileiro. É costume, quando recebemos visitas, lhes oferecer o que temos de melhor. Não? Pois é, o treieiro dá prova de sua educação quando o assunto é etiqueta.

Os caras sempre te oferecem “o melhor”. Evidentemente, melhor pra treieiro bom, é igual a, mais rápido ou mais técnico (dependendo da disciplina regional).

E assim foi.

Logo no início, ficou claro que nossos anfitriões eram parte da mais distinta família do enduro. Com as motos ligadas, já na entrada da primeira trilha, ouço trechos do diálogo que se segue:

– E então? Vamos fazer o quê?

– Não sei…. vamos subir o “downhill” e depois fazemos o “lazarento”!

Silencio…. só os motores….

– Mas …? Subir o “downhill”??? E aquele degrau do “lazarento”? Tá passando?

Naquele momento , tive a certeza de que nossos anfitriões iriam se esforçar ao máximo , para nos proporcionar a melhor estadia possível. Tive também certeza que, nós, “hóspedes”, teríamos que nos esforçar para retribuir tanta gentileza…

E assim foi!! Amém! Ao final, o horímetro apontava exatas 3:20min de motor ligado. Talvez uns 60 ou 70km de trilha. Not bad for a day! Not at all…!!! O rolê foi tão bom , que mesmo depois que acabou, ninguém demonstrou muita pressa de ir embora.

Pra dizer a verdade, depois de duas cocas estupidamente geladas e dois mistos quentes prensados daqueles (bem passados e com muito orégano), lembrei que estávamos no horário de verão… , que ainda haveria luz até as 20:00 e que …., de repente, dava tempo de fazer mais uma session…

No enduro é assim, fora do seu quintal você “dança” conforme a música. As vezes toca uma merda de som qualquer e …. não há outra coisa a fazer se não pedir uma gelada e tentar abstrair … Por outro lado, tem dia que dá sorte, a banda é boa, a acústica do pico é perfeita, o lugar tá “florido” e o bom e velho rock´n´roll, come pelas beiradas!!!!

Aí é bão!!!

Nesse caso compadre : Aumenta que isso aí é rock´n´roll !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

MOTOHEAD