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Que tal reduzir o tempo de recarga da bateria de uma moto elétrica de algumas horas para poucos minutos? Esta é a promessa de um novo produto para abastecer as motos elétricas. Trata-se de uma bateria de íons de lítio com nióbio, que vai equipar modelos em breve. A novidade surge de parcerias entre a empresa privada CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração) e fabricantes de motocicletas.

Bateria de nióbio brasileiro

Atualmente, uma das questões que empacam o sucesso das motos elétricas é o tempo dispensado para o carregamento de suas baterias. Em média, nada menos que de 4 a 5 horas em uma tomada de uso comum. A CBMM, empresa nacional especialista em tecnologia de nióbio, promete resolver esse problema.

Bateria de nióbio

Ferronióbio da CBMM – Acervo CVMM/Divulgação

A ideia é utilizar o metal nos ânodos de bateria de íons de lítio, na forma de óxido de nióbio. Uma vez que o elemento é estável, ele permite carregamentos de energia de forma mais eficiente. Segundo Rogério Marques Ribas, gerente do programa de baterias da CBMM, a novidade permite uma recarga total em menos de 10 minutos, sem causar danos à bateria.

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Em resumo, a tecnologia permite manter até 80% da carga por mais de 10 mil ciclos. Segundo a CBMM, as baterias mais antigas têm em média vida útil de 1.500 ciclos, as com fosfato de lítio ferro (LFP) duram 3 mil ciclos. De acordo com a empresa, a bateria que utiliza nióbio é resultado de mais de três anos de pesquisa e desenvolvimento. Tudo isso em parceria entre a CBMM e a Toshiba Corporation.

Bateria de nióbio

Bateria de nióbio promete uma capacidade de recarga em motos elétricas de apenas 10 minutos

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Moto elétrica com a bateria de nióbio chega em 2024

O protótipo que vai contar com a bateria com nióbio em sua composição será apresentado ainda este ano. Um modelo baseado na moto elétrica CR6 da fabricante chinesa Horwin. Enquanto isso, a expectativa é de que a nova geração da motocicleta chegue ao mercado brasileiro em 2024.

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Bateria de nióbio - horwin

Horwin CR6 será o modelo equipado no futuro com a tecnologia nas baterias

Atualmente, a naked elétrica tem motor de 6.200 W (8,5 cv) de potência e 150 quilômetros de autonomia. A CR6 usa duas baterias Panasonic para alcançar a autonomia de 150 quilômetros, sendo vendida por R$ 43 mil no país.

A Horwin anunciou sua chegada ao Brasil no Salão Duas Rodas 2019. Desde então, a empresa está estruturando uma planta fabril em Manaus (AM), de onde planeja montar cinco modelos elétricos.

Lightning e Volkswagen interessadas

A fabricante de motos elétricas Lightning Motorcycles também pretende utilizar a tecnologia das baterias com nióbio em suas motos. De acordo com Richard Hatfield, CEO e fundador, a empresa está pesquisando o material há algum tempo. Tudo isso para modelos mais leves e eficientes em termos de energia e carregamento.

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Hatfield reforça a o destaque no uso do nióbio

Além disso, a VWCO (Volkswagen Ônibus e Caminhões) anunciou ainda em setembro de 2021 que o nióbio será usado nas baterias de seus veículos elétricos. Segundo Roberto Cortes, presidente da companhia, a vantagem está na já referida possibilidade de reduzir o tempo de recarga. Ambas as empresas, VWCO e Lightning trabalham em parceria com a CBMM.

Nióbio no Brasil 

A CBMM sediada em Araxá (MG) é a empresa líder mundial na produção e comercialização de produtos de nióbio. Do local saem 80% de todo o material comercializado no planeta, vendido para mais de 50 países. Existem outros dois produtores que atuam no mercado mundial, a canadense Niobec e chinesa CMOC, que é responsável pela extração de nióbio na mina de Catalão (GO).

Mina de nióbio em Catalão, Goiás – Foto: ANM

Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), no país são quatro os estados produtores de nióbio, Minas Gerais, Goiás, Amazonas e Rondônia. Mas apesar do fato que o Brasil representa cerca de 98% da reserva global de nióbio, não se trata de um produto escasso na natureza, mas sim pouco explorado.

O material tem uma série de vantagens, mas também possui alternativas equivalentes, são elas o vanádio, o tântalo e o titânio. Por fim, e não menos importante, sua extração no entorno de minas de nióbio, apresentam desafios como a poluição do ar, contaminação de cursos d’água e impactos sociais.

Fernando Santos
Jornalista amante do mundo da moto, vivendo destinos e sons. Ávido por novidades e crescido com o cheiro de motor dois tempos. [email protected]