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A BMW Motorrad segue celebrando os 40 anos de seu maior case de sucesso, a família GS. Por isso, desenvolvemos três reportagens sobre o tema, explorando em diferentes perspectivas as Gelände Strasse, referência em aventura em todos os continentes. Na segunda mostraremos como a sigla se tornou sinônimo de inovação – relembre a primeira aqui.

 

BMW GS: 40 anos de inovação

Ao falarmos da GS logo vem à mente conceitos como Telelever ou Duolever, soluções desenvolvidas especialmente aos modelos da linha e que se tornaram suas marcas registradas. Também, na vasta tecnologia embarcada nas versões mais modernas.

A BMW GS surgiu da necessidade de inovar e logo tornou-se referência em novas tecnologias

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Entretanto, basta olhar para a história para compreender que esta veia inovadora não nasceu nos anos 2000 e muito menos com a chegada da R 1250 GS. A família GS surgiu da necessidade de inovar e desde antes mesmo de sua primeira descendente ganhar as ruas adicionou o pioneirismo à sua essência.

Era hora de surpreender

Na década de 1970 as fabricantes japonesas aperfeiçoaram seus produtos e começaram a se alastrar pelo mundo. Se no nicho de esportivas modelos como a tetracilíndrica Honda CB 750F (lançada em 1969) preocupavam montadoras europeias, nas aventureiras o problema eram as monocilíndricas.

R 80 G/S tinha a missão de frear o ímpeto das japonesas no fora de estrada. Deu certo, modelo faturou quatro títulos do rali Paris-Dakar

Ágeis, leves e resistentes, rapidamente elas conquistaram a preferência dos pilotos à medida em que, também, dominaram competições de fora de estrada. Aliás, foi nos anos 1970 que o off-road explodiu, originando eventos em diferentes continentes e iniciando provas aclamadas até hoje. O Dakar, maior rali do mundo, teve sua primeira edição em 1979 – e foi vencido por uma Yamaha monocilíndrica, a XT 500.

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Diante do fortalecimento das japonesas, a BMW sentiu que precisava desenvolver um novo produto. Deveria ser tão confiável e rápido na terra quanto uma XT e ter um diferencial próprio, inovar. Que tal aliar a vocação aventureira ao uso em vias bem pavimentadas, com potência, desempenho e conforto não visto entre as dirt bikes? Bingo.

R 80 G/S: a primera bigtrail

Esse pensamento deu origem à R 80 G/S, lançada em 1980, a primeira moto com as características que hoje rotulam uma bigtrail. O nome era uma união das iniciais de Gelände Strasse (campo e estrada, em alemão) ao numeral em alusão ao tamanho do motor. Já o R indicava o uso do boxer de dois cilindros, como é até hoje.

GS nasceu com para garantir bom desempenho independente do uso e terreno. Deu certo

A primeira GS oferecia um desempenho superior às trail da época graças ao motor boxer de 797,5 cm³ de dois cilindros. O conjunto entregava 55 cv a 6.500 rpm e 5,7 kgf.m de torque a 4.000 rpm, potência suficiente para acelerar até perto dos 200 km/h – ante menos de 150 km/h de modelos como a XT.

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Já a boa desenvoltura no fora de estrada ficava a cargo da ciclística. O modelo conciliava um chassi de berço duplo a supensões de longo curso, com 200 mm na frente e 170 mm atrás, onde também trazia o sistema Monolever – uma inovação da qual falaremos no próximo texto -, e ao baixo peso, de 200 kg. Para garantir longa autonomia em aventuras ou ralis, o tanque tinha 20 litros de capacidade.

Suspensão monobraço surgiu junto da primeira geração da GS e logo se tornaram uma marca registrada do modelo

O resultado nós já sabemos. A boa aceitação do mercado veio na carona com o sucesso que o modelo fez nas competições off-road. Venceu provas como o rali Baja Califórnia e, claro, o Paris-Dakar. Foram quatro títulos no evento (em 1981, 83, 84 e 85), com direito a uma dobradinha em 1984, numa história de sucesso que seria continuada por outra GS, a F 650, já nos anos 1990.

Lançamento da R 80 G/S aconteceu em 1980, no Sul da França. Jornalistas se impressionaram com o desempenho do novo modelo mas não sabiam como classificá-lo, afinal, era confortável e rápido demais para uma trail

Assim, a R 80 G/S deu início a uma longa trajetória de êxitos em competições, de vendas, em todos os continentes. Foi continuada pelas R 100 GS, R 1100 GS, R 1150 GS, R 1200 GS e R 1250 GS. Em paralelo, também pelas menores F 650 GS, G 650 GS, F 700 GS, F 750 GS, F 800 GS e F 850 GS. Ainda, pela caçula G 310 GS, lançada em 2016.

Inovação: suspensões

Além da proposta, a R 80 G/S inovava por outro fator: a suspensão traseira. Foi o primeiro modelo a adotar um monobraço que era, ao mesmo tempo, a transmissão por eixo cardã e a balança. Uma solução leve, resistente e inédita. Surgia assim o conceito Monolever, que logo se tornaria marca registrada do modelo.

Detalhe da suspensão monolever, primeira a conciliar no mesmo sistema eixo cardã e balança traseira

O sistema foi aprimorado e, em 1987, deu origem ao Paralever. A novidade equipava a R 100 GS e seguiria presente em todas suas descendentes, inclusive a atual R 1250 GS.

Trata-se de um monobraço oscilante que incorporava o conceito de paralelogramo deformável, equilibrando resistência no fora de estrada e conforto em piso liso. Ou seja, o novo conjunto conseguiu eliminar incômodos na transmissão de forças de tração do motor ao conjunto da suspensão traseira.

Ilustrações mostram as diferenças no funcionamento dos dois sistemas, Monoloever e Paralever – utilizado até hoje

Ainda em 87 a BMW desenvolveu o sistema ABS para motocicletas, outra novidade que em breve chegaria às GS. Pouco depois, em 1993, era a vez da Telelever. Neste modelo de suspensão dianteira cada uma das bengalas tinha uma função própria, uma de amortecimento e outra de mola, gerando mais conforto e diminuindo consideravelmente o espaço das frenagens.

Detalhe da Paralever de geração atual

Cinco anos mais tarde, em 1999, a Duolever passaria a equipar a R 1150 GS. Inspirada no automobilismo, a suspensão dianteira usa só um amortecedor, central, ligando as bengalas ao chassi, desempenhando o papel de mola e amortecedor. Assim, se vale da ideia do Duplo A, ou Double Wishbone. Resistente e confortável, o sistema é utilizado até hoje.

Duolever é um sistema de suspensão dianteira completamente diferente do tradicional garfo telescópico

  • O vídeo ilustra o funcionamento de duas suspensões dianteiras. À direita a telescópica, convencional, e à esquerda temos a Duolever.

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Inovação: eletrônica

O desenvolvimento de novas versões da BMW GS acompanhava a evolução do segmento que em breve se tornaria um dos mais promissores e disputados do mercado de motos, posto que ocupa atualmente. Logo, além de bom desempenho tanto no asfalto quanto longe dele, as bigtrail também precisariam oferecer mais conforto e comodidades aos motociclistas, beneficiando sobretudo o uso em longas viagens. Entrava em cena a eletrônica.

Com a popularização e atributos das bigtrail elas logo passaram a um novo patamar, sendo utilizadas em viagens de todas as distâncias

Mais uma vez a marca se esmeirou para manter seu produto como referência no segmento. Além do já citado ABS, a aventureira passou a contar com outros equipamentos a partir da R 1150 GS, começando pelos punhos aquecidos e tomada 12v da versão Adventure. Aliás, o modelo topo de linha ainda contava com diferenciais como tanque maior (de 30 litros), pneus de uso misto, banco único, suspensões com curso alongado, alforjes e top case em alumínio, protetores de mão e câmbio de 6 velocidades reescalonado.

Primeira BMW GS Adventure surgiu em 2002, com a R 1150

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As modernas BMW GS 1200 e 1250

A R 1200 GS marcou um salto em tecnologia. Os itens da geração anterior passaram a dividir espaço, ao longo dos anos e versões, com acelerador eletrônico, controle automático de estabilidade (ASC), sistema de monitoramento da pressão dos pneus (RDC), cruise control, partida sem chave (smart key), assistente de partida em aclive, luzes em LED e Shift Assist (quick shifter).

Quando surgiu a R 1200 GS ainda tinha vários traços da sua antecessora. Porém, logo o design e tecnologia lhe colocariam em outro patamar

Também foi a 1200 quem estreou a adoção dos modos de pilotagem, com cinco opções para domar o motor que neste momento entregava 125 cv, 12,7 kgf.m de torque e tinha arrefecimento a líquido – outra novidade do modelo. Ainda, essa BMW GS passou a contar com o ajuste eletrônico da suspensão (ESA), possibilitando configurar ações como compressão e retorno com simples toques em um botão.

A 1200 deu um salto em tecnologia. Contava, por exemplo, com ajuste eletrônico da suspensão, cruise control e modos de pilotagem

Por fim, na atual R 1250 GS tudo foi aprimorado. Shift Assist Pro, ABS otimizado para curvas, controles dinâmico de tração (DTC) e de freios (DBC), painel TFT colorido, novos modos de pilotagem ainda mais refinados. Tudo está lá. Além disso, a 1250 de 2019 trouxe mais duas novidades.

Na eletrônica, houve adoção da moderna suspensão ajustável Dynamic ESA. Na prática, o sistema atua como uma suspensão ativa, configurando os recursos dianteiro e traseiro automaticamente para obter melhor desempenho de acordo com o peso da carga e uso que está recebendo.

A suspensão ajustável Dynamic ESA é arma da R 1250 GS na acirrada briga entre as bigtrail. Claro, sua reputação e status de modelo mais vendido do mundo também contribuem

Já o motor, de 1254 cm³ e que entrega 136 cv e 14,5 kgf.m de torque, passou a contar com o igualmente atual comando de válvulas variável. O BMW ShiftCam possui dois ressaltos para cada uma das quatro válvulas no eixo comando, assim um sistema elétrico faz a seleção de qual usar após a abertura do acelerador – adotando os comandos menores para rotações baixas e médias e os maiores para rotações elevadas. Na prática, significa o melhor desempenho e maior controle em qualquer situação.

BMW ShiftCam: comando de válvulas têm ressaltos exclusivos para baixas e altas rotações, selecionados eletronicamente pelo motor

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Série especial BMW GS 40 anos

A BMW GS, mais importante família de motos da marca alemã, celebrou 40 anos em 2020. Em virtude da data foram realizadas ações e, em julho, apresentada a Edition 40 Years, uma série especial que contempla toda a atual gama de aventureiras da empresa. A novidade agora é a vinda da linha ao Brasil, com direito a produção local na fábrica de Manaus.

#SpiritofGS: R 1250 GS e R 100 GS lado a lado

A edição comemorativa está disponível em toda a família GS, composta pelas G 310, F 750, F 850, F 850 Adventure e R 1250. Entre os itens exclusivos está a pintura e grafismos que mesclam tons de amarelo e de preto, em alusão aos modelos dos anos 1980. Algumas também têm aros dourados, em alumínio.

Sob o novo visual, os modelos 2021 das aventureiras sem alterações. Segundo a BMW, sua família GS coleciona mais de 1,3 milhões de clientes em todo o mundo. Além disso, as R 1200 e R 1250 GS são as big trail mais vendidas do planeta.

Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza