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O roteiro do casal que parte dia 31 de julho

O roteiro do casal que parte dia 31 de julho

O casal de motociclistas Guga Dias e Elda se prepara para uma viagem de moto de São Vicente (litoral de SP) até a região de Machu Picchu (Peru), percorrendo cerca de 11 mil quilômetros em um período de cerca de 50 dias. Essa antiga trilha é conhecida por Caminho do Peabiru e foi construída pelos incas por volta do ano 400 DC. Enquanto finaliza os preparativos para a partida, que acontecerá dio 31/7/2011, o casal decidiu comentar e compartilhar com outros motociclistas um pouco das questões sobre os documentos necessários para realizar esse tipo de viagem pela América do Sul com motocicleta, para evitar problemas com fiscalização de outros países. Acompanhe o relato a seguir.

“Para viajar pela América Latina – nosso roteiro passará por Paraguai, Bolívia, Peru, Chile e Argentina – são necessários uma série de documentos, lembrando que cada caso é um caso, um documento, uma exigência que às vezes não passa de solicitação equivocada e em alguns casos pedidos sem cabimento algum. Em viagens por terra, é necessário dar entrada e saída dos países visitados. Então é prudente levar ao menos duas cópias de cada documento para cada país percorrido e não há nada que impeça de ser novamente parado e as cópias solicitadas.

Viajando de moto, você pode se enquadrar em três situações distintas:

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1 – Moto quitada no seu nome
2 – Moto de terceiro (quitada ou financiada)
3 – Moto alienada (financiada)

Para as três situações a Carta Verde é obrigatória. Ela é um seguro contra acidente com terceiros que é válido nos países do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai). O Chile é um pais associado ao Mercosul mas não integrante. Aceita a Carta Verde, diferente da Bolívia que não exige tal documento. Já o Peru, apesar de ser também associado, mas não integrante, exige outro documento de seguro que falarei a seguir.

A Carta Verde pode ser tirada em seguradoras ou despachantes e seu custo é calculado com base no número de países e dias de viagem. Nosso grupo providenciou este seguro com a Consede Seguro e para três países e 50 dias de rodagem o custo ficou em R$ 310. Se a sua moto estiver em seu nome e quitada, você pode tirar a Carta Verde nas fronteiras. O custo cai bastante, mas vale lembrar que o documento só vale para o país que você estará ingressando. Ao cruzar outra fronteira terá que tirar nova Carta Verde.

É a velha história que o barato sai caro. Nesse esquema você pagará em média R$ 60 por Carta Verde, mas vai ficar tomando um chá de cadeira além de correr o risco de ser achacado… Sabe como é, já que tá ali… a ocasião faz o ladrão! Na situação de moto alienada, financiada por bancos, com posse desta Carta Verde, você deve entrar em contato com o banco financiador e solicitar uma Autorização para circular com a moto por países estrangeiros.

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Cada banco chama essa autorização de um nome… no Bradesco ela é “Declaração de Viagem ao Exterior”. No caso do Bradesco o pedido pode ser feito por e-mail ou fax, e são solicitado cópia do CNH, CRLV e Carta Verde. A autorização é enviada para o seu endereço em até 10 dias úteis. Mais uma vez tire cópias desta autorização.

Eu liguei nos consulados do Peru, Chile e Bolívia e quase cai para trás diante de tanta burocracia. Todos me pediram que eu enviasse CNH, CRLV e Autorização do banco para o Itamaraty legalizar e só então, com posse dos carimbos do Itamaraty, eu levaria ao consulado para chancelar essa autorização. Acontece que o contato com o Itamaraty só se dá via Correios e pode levar até 20 dias úteis. Um absurdo em tempos onde a digitalização de documentos pode ser encontrada em cada esquina e que talvez não haja um ser adulto no mundo sem e-mail!

Enfim, burocracia ao extremo e que não acabava por ai. No consulado da Bolívia eu ainda tinha que mandar traduzir estes documentos com um Tradutor Juramentado e só depois deveria ir ao consulado pagar uma taxa de R$ 60 e aguardar 24h. Quando disse que eu tinha pouco tempo para isso, fui informado que – “não há garantias que tais documentos sejam cobrados na Bolívia” (sic) – então vou para estrada assim mesmo.

Consultando o Atie, do Buena Vista MC, um velho amigo meu que já rodou a América Latina em todas as direções possíveis, me informou que durante a viagem nada disso é pedido, que ao sair do Brasil solicitarão autorização do banco e demais documentos, mas que depois a nossa procedência não será mais o nosso país de origem e que a partir disso o que vale é os documentos da moto e pessoais.

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Nosso terceiro caso é o mais chato, é a moto em nome de terceiros. Seja no nome do seu pai, esposa ou da empresa, neste caso será preciso uma declaração do proprietário autorizando você a circular com a moto pelos países X, Y, Z… essa declaração deve ter firma reconhecida e a ela somada cópias autenticadas. Em posse delas, aí sim deve-se ir nos consulados pegar a chancela que valida tal documento. Mesmo assim, esqueça esse papo de levar no Itamaraty… isso não pegou ou sei lá o que.

• Passaporte. Ele não é exigido no Paraguai, Argentina, Uruguai, Peru e Chile onde apenas a Identidade (RG) é solicitada, porém, o mesmo tem que estar em perfeito estado e sua data de emissão não devem ultrapassar 10 anos.

• Carta Internacional de Habilitação – PID – é outro documento que não é cobrado… é bom tirar por via das dúvidas, mas são poucos os motociclistas que declaram que foram solicitados a apresentar. Custa em média R$ 250 e tem a validade da CNH usual.

No Peru como dito acima, não é aceito a Carta Verde e em seu lugar foi instituído o SOAT em janeiro de 2011. Esse seguro contra acidente de terceiros pode ser tirado na Aduana Peruana. Conversando com o amigo Policarpo que segue para o Alaska na Jornada 3 Américas, em Cusco custa barato, U$ 13.

• Certificado Internacional de Vacinação constando a vacina de Febre Amarela.

A partir daí, BOA VIAGEM! Na volta eu relato o que me pediram e o que sequer apresentei!”

Para saber mais sobre isso, acompanhe o site www.diariodemotocicleta.com.br. Se quiser, escreva para Guga Dias no email [email protected].

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.