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Em 15 anos o empresário Marcos Ermírio de Moraes, um apaixonado piloto de motos off-road, assumiu o controle do Rally Internacional dos Sertões e o transformou no segundo maior rali do mundo

Engenheiro florestal Marcos Ermírio de MoraesAos 47 anos, o engenheiro florestal Marcos Ermírio de Moraes, acionista do Grupo Votorantim e sobrinho do Antonio Ermírio de Moraes, é um executivo bem-sucedido. Ele bem que poderia ser apenas mais um dos destaques nacionais do agro business, um habitual participante das listas anuais de empresários de destaque. Isso, convenhamos, já não seria pouco. Mas acontece que o hobby de Marcos Moraes é acelerar motocicletas e carros off-road por trilhas sinuosas e enlameadas.

Nos negócios, ele sempre foi um típico Ermírio de Moraes: criou  serviços, empresas e formou a Fazenda Real, uma das maiores produtoras de laranjas do País. Também organizou fazendas de eucaliptos para alimentar as fábricas de cimento da Votorantim.

Só isso bastava. Mas, um belo dia, em 1996, Marcos Moraes arregaçou as mangas e meteu as mãos num negócio muito particular, que nasceu de sua paixão pela prática do off-road: ele criou a Dunas Race e assumiu o comando do Rally Internacional dos Sertões. Sob sua administração, o Sertões cresceu. E como!

Hoje é reconhecido mundialmente como um dos eventos mais completos do gênero. Na edição de 2010, a caravana de participantes contou com 1.700 integrantes, distribuídos por categorias: motos, carros (que inclui as picapes e as SUVs), quadriciclos (ATVs) e caminhões.

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Competidores, membros de equipe, pilotos, técnicos, engenheiros e autoridades desportivas do mundo inteiro já colocaram o Brasil na agenda e participam do Sertões, uma prova que, atualmente, só tem rival no tradicional Rally Paris-Dakar.

Marcos Moraes já conhecia por dentro e por fora o Rally Internacional dos Sertões, que sempre foi a mais longa, difícil e complexa prova off-road do País. Inclusive, após assumir seu comando como diretor geral, ele chegou a competir no rali por três vezes. Por lá, acelerou motos entre 2003 e 2005. E em 2006, competiu com um carro.

Sem dúvida, o ponto de partida desse empresário simpático e acessível, foram as motos. Moraes sempre acelerou motos em vários enduros, tanto de regularidade quanto de velocidade. E isso desde os tempos em que subia e descia as pirambeiras da então nascente Alphaville, em Barueri (SP), no início dos 80, segundo contaram alguns de seus colegas de trilhas.

Como piloto, Moraes tem oito títulos paulistas de enduro, cross country e um vice-campeonato do Rally de São Francisco. Acelerando uma moto, o piloto também conquistou a quarta colocação no “Los Pampas”, no Chile, e uma oitava posição no Rally da Tunísia.

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A coisa não ficou só nos enduros de motocicletas. Atualmente, o motocross também faz parte do cardápio de adrenalina. Recentemente, com o envolvimento do seu filho, Lucas Moraes, o “paizão” Marcos também foi acelerar as nervosas e magrelas crosseiras nas provas de motocross. E passou a praticar mais este esporte.

Haja fôlego!

“Em 1996, quando tive a oportunidade de adquirir os direitos do Rally Internacional dos Sertões, passei a realizá-lo de uma forma mais profissional e lucrativa” – contou ele. “A partir daí, o meu esporte preferido, o off-road, que era apenas um hobby, deixou de ser uma aventura pessoal pra se tornar em mais um bom negócio.”

Ao decidir mesclar seus genes de negócios com o radicalismo aventureiro das competições fora-de-estrada, Marcos Ermírio de Moraes adquiriu os direitos de organizar o Rally Internacional dos Sertões e passou a incrementá-lo sob seu ponto de vista empresarial.

Afinal, por ali havia – e ainda há — muito a ser explorado. Além de desenvolver produtos, como motocicletas, seus componentes e acessórios, havia a possibilidade de explorar o segmento de quatro rodas, aprimorando os carros, caminhões e outros veículos.

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O empresário sacou que havia muito mais. Como, por exemplo, o rico e ainda inexplorado filão do turismo ecológico.

Bem administrado, o Rally Internacional dos Sertões também serviria para promover a integração social de distantes regiões, elevar comunidades, expandir a visão do brasileiro sobre seu território, integrar culturas, recuperar a história de rincões quase perdidos no mapa, apoiar agronegócios e, claro, gerenciar a exploração equilibrada de nossa riquíssima e vasta flora medicinal.

Como os bandeirantes paulistas, que deram um pontapé nas convenções criadas pelos colonizadores espanhóis e portugueses no Século XVI e desenharam o atual mapa do Brasil, os motociclistas seguem na frente e abrem os caminhos com suas motos.

Marcos Moraes concorda com isso:

— As motos vivem rasgando o sertão, seja nas cercanias das cidades ou nas grandes aventuras. São as modernas montarias de todo tipo de aventureiros!

Nesta entrevista, o empresário piloto descreveu algumas de suas impressões sobre a parceria entre motos, aventuras e negócios ao Motonline.

— Onde termina o empresário e onde começa o piloto?

— Acho que, no caso do Sertões, sinto-me as duas coisas, tanto piloto como empresário. Ambas as coisas tem pontos em comum. Exigem competitividade, garra e muita dedicação em cada detalhe, ou a cada passo conquistado — comparou.

Perguntado sobre como está o off-road no atual ‘mundo verde’, Moraes comentou que essa modalidade esportiva está bem mais valorizada.

— Nesse ponto, o Rally dos Sertões abre as portas para as novas empreitadas, que misturam negócios e ecologia. Uma delas diz respeito à exploração sustentável da imensa riqueza oferecida pelas espécies vegetais brasileiras – disse.

— A flora brasileira, por exemplo, chama a atenção. A farmácia natural “Made in Brazil” pode ser um negócio muito rentável – afirmou o empresário, que já bateu seu olho de empresário nas farmácias populares que surgem aqui e ali, perdidas nos fundões dos vilarejos remotos por onde passa o Sertões.

Outro “aspecto verde”, desvendado especialmente pelas motos, está relacionado aos cenários fantásticos que aparecem pelo caminho.

— O turismo ecológico está em franca expansão. Já há inúmeros vilarejos onde surgiram pousadas naturais. Elas geram empregos e atraem turistas do Brasil e do Exterior, melhorando a qualidade de vida e a consciência da população. Essas localidades e suas belezas só foram descobertas graças ao Rally dos Sertões, diz Moraes.

Como exemplo, ele cita a fantástica região do Jalapão, no estado do Tocantins, que mais parece um pedaço do paraíso.

— Foi o rali que projetou aquela reserva para o Brasil. O pessoal da Rede Globo acompanhava o Sertões e descobriu a área, que ficava no nosso roteiro. A partir disso, registrar aquela beleza e produzir um documentário foi um passo natural.

Vários pilotos de motos, em conversas anteriores com esse repórter, já haviam revelado que sua chegada em certos lugarejos parecia uma coisa de outro mundo: eles se sentiam mais ou menos como astronautas, trajando seus macacões e capacetes, com o povo aglomerado ao redor de olhos arregalados.

Isso foi dito ao empresário. Marcos Moraes riu desse choque entre dois mundos, que acontece em todas as edições do Sertões:

— Isso acontece sempre. São realidades completamente distintas, e uma fica olhando a outra, frente a frente!

Recentemente, Moraes declarou que muitos dos pilotos e pilotas que participam do Sertões aceleram forte de dia, mas buscam o conforto de uma boa pousada de quatro ou cinco estrelas para dormir à noite. Segundo ele, esses esportistas são uma espécie de “empresários aventureiros”.

Perguntamos se ainda há espaço para motociclistas raçudos, como por exemplo um Klever Kolberg e um André Azevedo, que foram participar de seu primeiro Rali Paris-Dakar lá na metade dos anos 80, equipados apenas com uma mochilinha amarrada nas costas.

— Sim, claro! Ainda existe espaço para esse tipo de piloto! São eles que dão o sangue e fazem a prova se tornar realmente emocionante!

Por fim, a pergunta que não podia faltar: como o empresário Marcos Ermírio de Moraes vê o futuro dessa competição, com a entrada do combustível genuinamente brasileiro, o etanol, abastecendo carros, caminhões e motos?

— Isso já está previsto. Inicialmente deverá ocorrer só nos carros. Com a popularização mundial das motocicletas, carros e caminhões verdes, do tipo flex, e do próprio etanol como combustível limpo, sua absorção pelo Rally dos Sertões acontecerá naturalmente.

Por fim, uma dica: vá ao site  www.rallydossertoes.com.br e mergulhe fundo. Vale a pena. Boa viagem!

Fotógrafos: Ricardo Leizer, Daivid Santos Jr, Gabriel Barbosa e Marcelo Maragni.

O 18° Rally Internacional dos Sertões em números

Os dados da última edição da prova, realizada em agosto de 2010, mostram as proporções desse mega-negócio esportivo, organizado pela Dunas Race, do empresário Marcos Ermírio de Moraes:
 

  • Distância percorrida: 4.486 quilômetros
  • 95% do trajeto passou por trilhas e locais inéditos
  • 52,7% do roteiro foi marcado por trechos especiais
  • Seis Estados foram cruzados (Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Maranhão, Piauí e Ceará)
  • Quatro regiões do Brasil integram o roteiro (Centro-Oeste, Sudeste, Norte e Nordeste)
  • Após sair de Goiânia, os competidores pasaram por outras dez cidades: Caldas Novas (GO), Unaí (MG), Alto Paraíso de Goiás (GO), Dianópolis (TO), Palmas (TO), São Felix do Tocantins (TO), Balsas (MA), Teresina (PI), Sobral (CE) e Fortaleza (CE)
  • Participaram 155 veículos, entre motos, carros, picapes, caminhões e ATVs
  • Foram 235 competidores
  • 12 países estavam representados (Brasil, Argentina, Bélgica, Chile, França, Holanda, Estados Unidos, Portugal, África do Sul, Venezuela e Uruguai)
  • 19 estados brasileiros estiveram presentes, além do Distrito Federal (Goiás, Rio Grande do Norte, São Paulo, Ceará, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraíba, Santa Catarina, Rondônia, Tocantins, Pernambuco, Goiás, Rio De Janeiro, Piauí, Pará, Maranhão e Alagoas)
  • A caravana que acompanhou o Rally contou com 1.700 pessoas
  • 3 helicópteros sendo 2 para resgate e 1 para filmagem.
  • Foram utilizadas 57 picapes Mitsubishi L200 para transporte da organização
  • O total de patrocínios foi de R$ 10 milhões (somadas todas as cotas)

 

Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, criamos um tópico no fórum para os motonliners. Clique aqui para acessar o tópico.

 

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