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Antes de mais nada é preciso ter em mente qual moto e modelo vai comprar, para não correr o risco de acabar rodando com uma trail, quando na verdade se prefere street, por exemplo. O biotipo do motociclista é importante, porque algumas pessoas muito altas não ficam confortáveis em motos baixas e vice-versa. Uma pessoa pesada e sedentária pode ter dificuldade ao pilotar uma moto grande e alta que exige força física, por exemplo. Ou seja, defina o que deseja antes de tudo.

O melhor a fazer antes de sair de casa para procurar é fazer uma busca no Guia de Motos do Motonline para encontrar as melhores opções disponíveis e definir as motos que mais encaixam no que você deseja. Identificadas as motos, faça seu roteiro e vá olhar todas elas antes, mas ainda há muito a ser feito e verificado antes de fechar o negócio.

Antes de sair, consulte o Guia de Motos do Motonline para encontrar as melhores opções e não perder tempo

Antes de sair, consulte o Guia de Motos do Motonline para encontrar as melhores opções e não perder tempo

O passo seguinte é pesquisar os preços do mercado para então sair a procura da melhor opção. Se for comprar moto de particular procure ser o mais fuxiqueiro possível e faça uma discreta entrevista com o vendedor para saber o que faz, onde trabalha e outros dados que revelem sua personalidade.

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Hoje em dia pode-se verificar pelo número do Renavam a história da moto, se há multas ou se a moto é uma bela e gorda cabrita. Eu costumo dizer que mais importante do que a moto usada é QUEM está vendendo a moto. Uma pessoa honesta não terá intenção de vender uma moto sabidamente ruim, mas pode rolar de o próprio vendedor desconhecer os problemas da sua moto.

Chega a hora de avaliar a moto. Todos os profissionais que trabalham com compra e venda de motos são unânimes em afirmar que a boa aparência é praticamente tudo numa moto. Em primeiro lugar saiba que algumas quedas não provocam nada de grave na moto, além de arranhões. Recusar uma moto que sofreu uma queda é a mesma coisa que recusar uma esposa porque ela não é mais virgem! Se o conserto (na moto) foi bem realizado, ela ficará exatamente como nova, mas as vezes o motociclista opta por deixar a manete ou pedaleiras, que denunciam a queda.

Comece por uma olhada rápida no estado da pintura do tanque, laterais, rabetas e pára-lamas. Pontos de ferrugem não são bons sinais, podem representar despesas futuras. Os pneus devem estar em bom estado, com desgaste regular, porque o desgaste irregular aponta para desalinhamento na moto. Confira cuidadosamente os instrumentos de painel, que são peças caras. Para não ser enganado por falsa quilometragem, deve-se verificar a relação coroa/pinhão/corrente: dentes gastos significam muito uso.

Outras formas de avaliar se a moto está mais rodada é olhar as borrachas das pedaleiras, porque elas se gastam, mas demora muito para aparecerem os sinais. Uma moto com 2.000 km rodados não pode ter pedaleiras gastas. Quando abaixar para ver as pedaleiras aproveite para ver se elas estão raladas, que pode ser sinal de excesso de ânimo nas curvas! Se a moto não tiver borrachas nas pedaleiras, olhe cuidadosamente a pedaleira de metal, porque ela também gasta. Num segundo exame, faz-se uma avaliação da parte mecânica e elétrica. Verifique discretamente se o motor está aquecido. Se estiver, enrole o vendedor até esfriar completamente.

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A primeira ligada da moto é muito importante para detectar se o motor está “comendo” óleo. Se sair uma fumaça azul pelo escapamento fuja imediatamente. Quando o motor está frio as folgas se dilatam e aí o óleo começa a entrar no cilindro pelas sedes das válvulas e se queima com a gasolina. Depois de aquecido essa fumaça não aparece. Mas não confunda com uma fumaça escura que algumas motos soltam na primeira ligada, porque essa é normal. Mas se soltar fumaça depois de aquecida saia correndo porque os anéis do cilindro foram pro espaço!

Dê uma olhada pelo visor do cárter para ver como está o nível e cor do óleo. Um motociclista cuidadoso troca o óleo antes de colocar sua moto à venda. Se não tiver visor, puxe a vareta e faça o exame visual. O ruído do motor deve ser uniforme, sem barulhos estranhos. A parte elétrica deve estar funcionando perfeitamente e não se acanhe em tirar a tampa lateral para verificar o estado da bateria, que precisa estar limpa, sem zinabre. Deixe o motor funcionando por muito tempo com a moto no cavalete central ou descanso lateral e procure possíveis vazamentos nas juntas do cilindro, no cabeçote e escapamento.

Numa terceira fase, analise o alinhamento geral: rodando, ela não deve pender para nenhum dos lados quando se tira a mão do guidão. Com a moto no cavalete central, gire as rodas e verifique se não há torções ou amassados. No caso das motos com roda de liga leve é preciso examinar para detectar possíveis rachaduras na liga da roda de alumínio ou magnésio. Se a moto tiver acessórios, exija as peças originais, porque você vai precisar na hora de revendê-la.

Pequenos tombos não afetam a estrutura da moto e uma boa oficina é capaz de deixar uma que tenha caído com aparência de zero km. Portanto, não é preciso sacrificar uma boa moto só porque ela já caiu. De qualquer maneira um bom negócio sempre depende da experiência e bom senso de quem vende e de quem compra, seja em uma loja ou direto de particulares. Portanto é um momento de tentar esquecer as emoções e tratar friamente o negócio. Comprar uma moto por impulso pode trazer arrependimento mais cedo do que se pensa.

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Falando em arrependimento, lembre-se de que o código de defesa do consumidor protege o comprador e o vendedor. Até 24 horas após a compra pode-se desistir e desfazer o negócio. Se você é vendedor não esqueça de preencher e copiar o recibo de venda para evitar multas futuras. Se você é o comprador não seja pentelho e passe logo a moto para o seu nome. Participar do mercado de usadas não é apenas uma opção para quem não tem dinheiro para comprar uma moto zero quilômetro, mas também uma forma de se ter uma boa moto por um preço mais atraente.

Leia a continuação (parte 2) desta matéria:  clique aqui


Geraldo Tite Simões, jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos SpeedMaster e ABTRANS. Foto do Tite: Mário Bock. As outras são do próprio autor. Contato: [email protected]

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Tite
Geraldo "Tite" Simões é jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos BikeMaster e Abtrans.