Temos aqui as duas das preferidas entre as street ou mini naked 250, lado a lado com a mesma cilindrada e peso. Uma consagrada por vários anos em produção e a outra com mais tecnologia, recém lançada no ano passado.
De um lado a nova moto da Honda, com novo motor de 4 válvulas para alimentar o seu cilindro de 71 x 63 mm (diâmetro e curso) e seis marchas. De outro a experiente e consagrada por muitos anos de luta, a Yamaha Fazer 250, na sua versão mais atual, Blueflex, com 74 x 58mm (diâmetro e curso) e cinco marchas. As duas motos das duas marcas que lideram a participação do mercado na categoria das 250.
Quem vem depois tem a chance de superar a que foi desenvolvida anteriormente, ao trabalhar num novo projeto. Mas o tempo ajuda a refinar aquele anterior e consolida as suas qualidades. A Yamaha Fazer foi lançada inicialmente para competir com a Twister antiga que tinha cabeçote DOHC 4 válvulas e 24 cv. A Fazer por sua vez alcançava 21 cv em 2011, quando do seu lançamento. Desde então elas se encaram no Brasil inteiro e uma vez que as duas fábricas usam normas diferentes para medir seus motores, a melhor comparação se dá nas ruas mesmo.
A Yamaha Fazer veio para cobrir as qualidades da Honda CBX Twister. Em seguida, a CB 300 veio para cobrir as qualidades da Fazer, mas parece que não conseguiu muito sucesso nessa questão. Então a nova CB Twister, com os dois nomes combinados, vem para tornar a Fazer uma moto ultrapassada. Será que conseguiu? – Nem tanto, vamos ver ponto por ponto.
Motor – Yamaha Fazer 250
O motor da Yamaha tem uma concepção mais quadrada, ao ter o dimensionamento do diâmetro do seu pistão um pouco maior e o curso um pouco menor do que a Honda. O motor desse tipo de configuração pode virar mais alto e comprimir a sua faixa de potência em uma região mais estreita, mas com um valor de pico maior.
Esse cilindro é revestido com uma camada de cerâmica que aumenta a durabilidade e melhora a troca de calor entre as peças. A concepção do cabeçote tem duas válvulas, compressão um pouco maior do que a CB Twister e injeção eletrônica que pode alimentar o motor com qualquer proporção de Etanol ou gasolina.
O câmbio de cinco marchas serve a esse motor bastante bem, uma vez que mesmo com a concepção mais quadrada do que a Honda, ele ainda mantém bom torque em baixas rotações para fazer subir o motor para as regiões de melhor performance, na faixa dos 8.000 rpm.
Motor – Honda CB Twister
Com o foco no motor de grande sucesso da Yamaha a Honda pode refazer o seu, partindo de um princípio inteligente: menor atrito interno e um cabeçote com manutenção mais simples do que o da CB 300, mas que ainda possa trocar mais eficientemente os gases provenientes da queima com os novos, cheios de combustível para a próxima explosão, mantendo as quatro válvulas.
Um motor de curso um pouco maior e compressão um pouco menor para produzir mais torque em baixas rotações e ainda assim chegar a um pico de potência alto, beneficiado principalmente pelo atrito interno reduzido, resultado de uma atenção maior na construção do interior do motor. Balancins roletados fazem bem esse papel e toda essa estratégia pode ser melhor aproveitada com o câmbio de seis marchas. É que a faixa útil de rotação se torna mais ampla, inclusive com o pico de potência em uma rotação menor (7.500 rpm), a aceleração se torna maior por causa dessa maior elasticidade do motor que se multiplica em mais velocidades (seis) no câmbio e a velocidade final também, uma vez que no pico de potência a velocidade que a relação da última marcha provê, pode ser maior.
Prova disso está no consumo realizado nos testes das duas motos. Na Yamaha a média dos dois combustíveis ficou em 22,18 km/litro e na Honda essa média ficou em 23,95 km/litro. Vale lembrar que tanto na aceleração, retomada e velocidade final a Honda superou a performance da Yamaha.
Chassi – Yamaha Fazer 250
Berço duplo em tubos de aço é a receita tradicional de grande sucesso das motos britânicas dos anos 60 que se espalhou mundialmente para a indústria japonesa. As clássicas de melhor dirigibilidade com menor peso tinham essa característica. É um tipo de construção bem conceituada que passou a receber alterações, principalmente na solução do ponto de fixação da balança traseira, inicialmente um ponto fraco desse desenho. A aproximação do centro do pinhão com o centro do eixo da balança, fazendo da traseira do motor uma estrutura consolidada com o motor e o pivô da balança, reduziu em muito o problema de flexão nessa região e a Yamaha Fazer tem esse problema muito bem resolvido. Essa moto ficou famosa pela sua dirigibilidade e estabilidade, resultado da sua boa geometria e da colaboração estreita da suspensão, muito bem associada ao chassi.
Chassi – Honda CB Twister
Dupla barra periférica em tubos de aço com o motor fazendo parte da estrutura. É o estado da arte em construção de chassi de motocicleta, se considerar a forma. Os materiais mais exóticos são utilizados com esse mesmo princípio nas motos esportivas e mesmo nas de competição. Na Honda CB Twister esse conceito foi simplificado, passando a utilizar as duas barras como paralelas sob o tanque e a estrutura de baixo do canote da direção recebe duas extensões e vem se afixar ao motor, numa configuração parecida com a da antiga Hornet. A percepção de se usar a periferia do chassi como melhor região para gerar triangulações e assim melhorar toda estrutura com menor peso de material utilizado. Essa é a ideia muito bem aplicada nesse chassi, que usa menos material e portanto pode ser mais leve, se utilizando de toda estrutura do motor como colaboração.
Suspensão e freios
Freios bons as duas motos têm. A Honda ainda conta com a opção do ABS por um valor adicional, mas por causa da posição do piloto, a efetividade no uso fica um pouco prejudicada. É preciso prestar mais atenção nas condições do piso e de tração para poder aplicar toda força disponível nos freios. Nessa hora o ABS se torna bem conveniente. Na Yamaha a modulação é mais tranquila, não há tantas coisas acontecendo e chamando atenção à frente, no sentido de pequenas oscilações laterais e repique no pneu ao passar por pequenas ondulações. O peso maior que a posição do condutor aplica na dianteira facilita as coisas, não só para o funcionamento da suspensão dianteira, mas para o freio também.
Portanto, essa característica na distribuição das massas sobre as rodas interfere também no funcionamento da suspensão. Na Honda, mesmo sendo bem calibrada, a falta de peso faz com que as deformações naturais do pneu transpareçam e não há como o garfo responder a tão pouca pressão. Nada de extraordinário, até por causa da proposta da moto, que é de oferecer mais conforto com menos esportividade. Com o uso, essa condição pode melhorar com a redução do atrito interno nas bengalas.
Na dinâmica do seu uso
Cada uma das motos se sai extremamente bem e fica por conta de pequenos detalhes as diferenças. Na posição do piloto, a Yamaha tem uma pegada mais esportiva, banco mais alto, guidão mais baixo e estreito. Você fica um pouco mais abaixado do que na Honda. Essa por sua vez, tem a posição mais ereta, com o guidão mais largo e apesar de ter o banco mais baixo, o que favorece as manobras de estacionamento na cidade, a impressão é de que ela é maior e mais pesada do que a Yamaha, mas note na ficha técnica das duas que o peso é o mesmo, sem o ABS na Honda.
Ao acelerar a CB Twister a posição de pilotagem aparece como a diferença principal. A posição mais atrasada desloca o centro de gravidade do conjunto moto-piloto mais atrás do que na Yamaha. A direção aparenta ser mais leve por conta disso e nas frenagens com mais esportividade, se preparando para curvas, a Yamaha oferece um equilíbrio um pouco mais constante, que não transparece em surpresas ao se passar por irregularidades no terreno. A suspensão dianteira, por ter mais carga sobre ela, funciona melhor junto com o pneu e por isso há uma pequena sensação de maior controle e segurança.
Por outro lado, na Honda essa postura torna uma viagem mais confortável em longos percursos, mas que determina uma tocada mais leve, onde essa posição quase que inspira o piloto. De fato, a natureza de todo o conjunto, motor, chassi, posição de conduzir e como funciona a suspensão da Honda implica em um uso mais corriqueiro ou por que não dizer mais frio e racional.
A Yamaha, como é da natureza da marca, inspira mais esportividade e uma tocada mais radical o tempo todo. Também por causa da posição que oferece mais equilíbrio no chassi e da natureza do motor, menos elástico e que trabalha em rotações mais altas. Até por ter cinco marchas, o uso do motor se torna mais intenso, inspirando a esportividade. Mas não se engane, a Honda CB Twister supera em performance do motor em todas as situações. Mas não é por muito não. Uma diferença de peso que a Honda tiver que carregar a mais já faz com que a Yamaha Fazer 250 chegue junto e pode até superá-la.
Se em performance a CB Twister se sai melhor, no preço a Yamaha Fazer ainda supera a concorrência. Uma diferença de quase mil reais na tabela da FIPE (março de 2016) ainda pende para o lado dela. Mas o pega continua. Vamos aguardar o próximo capítulo.
Consumo nos testes |
Honda CB Twister |
Yamaha Fazer Blueflex 250 |
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Média gasolina e etanol | 23,95 | km/litro | 22,18 | km/litro | |
Média etanol | 22,50 | km/litro | 19,04 | km/litro | |
Média gasolina | 25,40 | km/litro | 25,33 | km/litro |
FICHA TÉCNICA COMPARATIVAHONDA CB TWISTER – YAMAHA FAZER 250 |
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MOTOR |
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Honda CB Twister | Yamaha Fazer 250 | |
Tipo | SOHC 4 válvulas, arrefecimento a ar, quatro tempos | SOHC 2 válvulas, arrefecimento a ar, quatro tempos |
Cilindrada | 249,50 cm3 | 249,45 cm³ |
Diâmetro x Curso | 71,0 x 63,0 mm | 74,0 x 58,0 mm |
Potência Máxima | 22,4 cv a 7.500 rpm Gasolina 22,6 cv a 7.500 rpm Etanol | 20,7 cv a 8.000 rpm Gasolina 20,9 cv a 8.000 Etanol |
Torque Máximo | 2,24 kgf.m a 6.000 rpm (Gasolina ou Etanol) | 2,10 kgf.m a 6.500 rpm Etanol e 2,09 kgf.m a 6.500 rpm Gasolina |
Sistema de Alimentação | Injeção eletrônica de combustível PGM-FI | Injeção Eletrônica |
Sistema de Lubrificação | Carter Úmido | Cárter Úmido |
Relação de Compressão | 9,6 : 1 | 9,8:1 |
Tanque de Combustível | 16,5 litros | 18,5 litros |
Transmissão | 6 velocidades constantemente engrenadas | 5 velocidades constantemente engrenadas |
Embreagem | Multidisco em banho de óleo | Multidisco em banho de óleo |
Óleo do Motor | 1,8 litros | 1,55 litros |
Sistema de Partida | Elétrica | Elétrica |
Combustível | Gasolina / Etanol | Gasolina / Etanol |
SISTEMA ELÉTRICO |
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Honda CB Twister | Yamaha Fazer 250 | |
Ignição | Eletrônica | Eletrônica |
Bateria | 12V – 5 Ah | 12V 6 Ah |
CHASSI |
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Honda CB Twister | Yamaha Fazer 250 | |
Tipo | Dupla barra periférica em tubos de aço com o motor fazendo parte da estrutura | Berço duplo em tubos de aço |
Rake / Trail | 25,4º / 84 mm | 26,5º / 104,5 mm |
Suspensão Dianteira | Garfo Telescópico com 130 mm de curso | Garfo telescópico 120 mm de curso |
Suspensão Traseira | Mono-amortecida com mola dupla de 108 mm | Mono-amortecida curso de 120 mm |
Freio Dianteiro / Diâmetro | Disco de Ø 276 mm com pinça de dois pistões | Disco de Ø 282 mm com pinça de dois pistões |
Freio Traseiro / Diâmetro | Disco de Ø 220 mm com pinça simples | Disco de Ø 220 mm com pinça simples |
Pneu Dianteiro | 110/70R 17 M/C 54H | 100/80 – 17 M/C 52S |
Pneu Traseiro | 140/70R 17 M/C 66H | 130/70 – 17 M/C 62S |
DIMENSÕES E PESO |
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Honda CB Twister | Yamaha Fazer 250 | |
Comprimento x Largura x Altura | 2.065 mm x 753 mm x 1.072 mm | 2.065 mm x 745 mm x 1.075 mm |
Distância entre Eixos | 1.386 mm | 1.360 mm |
Distância Mínima do Solo | 192 mm | 190 mm |
Altura do Assento | 784 mm | 805 mm |
Peso Seco: | 137 kg (versão STD) 139 kg (versão ABS) | 137 kg |
PREÇOS |
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Honda CB Twister | Yamaha Fazer 250 | |
Tabela FIPE março de 2016 | R$ 14.499,00 | R$ 13.650,00 |