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Não se deixe enganar pelas semelhanças do teste comparativo entre Honda Twister a Yamaha Fazer 250. Sequer seus motores com os mesmos 249,5 cm³ de capacidade e arrefecimento a ar estão longe de ser parecidos. O ajuste fino de cada uma delas – no design, no conjunto mecânico e no posicionamento de alguns componentes – determina sensíveis diferenças entre estas duas street que estão entre as motos mais vendidas do Brasil e que seduzem públicos distintos, apesar de concorrentes diretas.

Comparativo 250 cc

Falando em vendas, os números mostram a importância da dupla ao setor. De janeiro a novembro de 2019, a Twister emplacou 33.262 unidades, conquistando, assim, o posto de quinta motocicleta mais vendida no Brasil. Já a concorrente colocou 22.915 novas motos nas ruas, fazendo da Fazer 250 o modelo de maior sucesso da Yamaha no país neste período – superando inclusive as mais acessíveis da marca quando se fala de preço, como Factor e Crosser.

Twister e Fazer frente a frente no comparativo: ambas representam um sonho possível à nação que acelera motos de 125 a 160 cilindradas e que buscam mais conforto, potência e segurança

Twister e Fazer frente a frente no comparativo: ambas representam um sonho possível à nação que acelera motos de 125 a 160 cilindradas e que buscam mais conforto, potência e segurança

Comparativo Twister e Fazer: um sonho possível

Os números desse comparativo de vendas não são em vão. As street de média cilindrada representam um sonho possível aos milhões de motociclistas que aceleram motos menores (entre 125 e 160 cilindradas) e buscam uma porção a mais de potência, conforto, tecnologia e até segurança, mas ainda não podem investir mais de R$ 20 mil em uma moto nova. Já aos proprietários, estas motocicletas são sinônimo de desempenho satisfatório para estradas e rodovias a um custo acessível, sem falar na facilidade de revenda.

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Estilo I

Estilo I

A Twister está no meio do caminho entre Titan e CB 500F, mas o desenho das rodas, discos de freio, farol, tanque, banco, escape e carenagem a aproximam da irmã menor

Estilo II

Estilo II

A proposta da Fazer busca esportividade nos detalhes, como na pedaleira levemente recuada e guidão mais baixo. Painel, tanque e entradas de ar remetem à MT 03

Banco I

Banco I

Largo e único, tem espaço suficiente para piloto e garupa na Twister

Banco II

Banco II

Já na Yamaha o espaço de quem vai atrás está comprometido - note, também, as falsas entradas de ar na rabeta

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Farol I

Farol I

Se não fosse essa lâmpada halógena, a Honda podia ser full LED. Ainda assim, ilumina bem

Farol II

Farol II

O LED não decepciona na luz baixa, mas na alta o feixe reduzido compromete seu propósito

Painel I

Painel I

Em negativo (ou Blackout, como a Honda chama), com computador de bordo, incluindo indicador de consumos médio e instantâneo

Painel II

Painel II

Apresenta os mesmos recursos do computador de bordo da concorrente, mas ganha um ponto por garantir melhor leitura sob o sol

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Lanterna I

Lanterna I

Em LED, harmoniza com os demais detalhes e vincos da traseira

Lanterna II

Lanterna II

Suas luzes também remetem às MT. Na alça do garupa, note a ausência de ganchos

Seta I

Seta I

Talvez por ser em LED a seta da Honda seja até mais bonita mas é, indiscutivelmente, mais segura

Seta II

Seta II

Sim, ela estava ligada no momento do clique

Visão do piloto I

Visão do piloto I

O acabamento da Twister é ligeiramente mais simplório. Observe, por exemplo, os parafusos que fixam o tanque ao chassi logo atrás do guidão

Visão do piloto II

Visão do piloto II

O painel baixo, 'grudado' no farol, é herança da linha MT. Destaque para o revestimento plástico sobre o tanque, que permitiu novo formato e traços ao compartimento

Claro que o segmento não se vende por si e Twister e Fazer têm seus méritos. São produtos eficientes em suas propostas, com preços dentro da realidade do mercado brasileiro e com refinamento estético e mecânico. Vale lembrar que a CB Twister em nada tem a ver com a antiga CBX 250 Twister, vendida entre 2001 e 2008, e que a Fazer 250 foi completamente renovada em 2018 – incluindo chassi, rodas, suspensões, freios, iluminação, etc. Vamos ao teste comparativo.

Então, qual a melhor: Twister ou Fazer?

Comparativo Twister e Fazer

Honda CB Twister

Yamaha Fazer

Na cidade Lembra das diferenças? Começam aqui. A Twister está em casa ao rodar na cidade. Suas suspensões são macias (considerando que ela é uma street e não uma trail) e a posição de pilotagem é confortável, natural, como em uma CG 160, por exemplo. O guidão esterça bem e o posicionamento dos espelhos permite que ela trafegue sem problemas entre os carros. Resumidamente, a sensação de pilotar a Fazer nas ruas é o oposto da causada pela concorrente. Suas suspensões mais firmes passam todas imperfeições do asfalto ao piloto, enquanto a posição de pilotagem, ‘no ataque’, exige um pouco mais de perícia para manobras curtas e rápidas. Cabe notar também o modo como o guidão esterça num ângulo limitado, gerando certa dificuldade para manobrar em vagas apertadas.
Na estrada Em rodovias a Twister manda bem com seu banco largo, que pode garantir uma experiência quase confortável. Destaque, também, ao câmbio de seis marchas, que reduz a rotação da moto em sua velocidade de cruzeiro e, por consequência, eventuais vibrações. Tanto ela como a rival possibilitam rodar com tranquilidade na velocidade máxima das estradas. Aqui o jogo vira. A Fazer empolga mais na condução esportiva, justamente por suas suspensões mais rígidas e posição de pilotagem. Seu motor responde mais rápido que o da Honda e isso se faz notável especialmente em retomadas, em que a Fazer mostra mais vigor para voltar dos 60 aos 120 km/h em quinta marcha, por exemplo. Só não venha perguntar ‘qual é o top speed’ delas, né? Creio que eu e você já passamos dessa fase.
Com garupa A espuma poderia ser mais generosa, mas a largura do banco torna a vida do carona mais confortável. O belo banco em dois níveis cobra seu preço. O assento traseiro não chega a ser ruim, mas está longe de ser apropriado para que o carona passe mais de 30 minutos sobre ele.
Consumo Nota azul para as duas concorrentes. No nosso circuito completo a Twister registrou média final de 32,3 km/litro. Entretanto, seu computador de bordo chegou a marcar 41,5 km/litro em determinado trecho – pilotando em baixa rotação e em via urbana, claro. A média geral da Fazer ficou em 33,2 km/litro, mas não dá pra dizer que ela é mais ou menos econômica que a rival. Afinal, as unidades que testamos passaram pelas mãos de diferentes pilotos, com pesos e modos de pilotagem distintos, e ainda assim as diferenças entre as duas motos ficou em menos de 4%. Diria, então, que neste quesito estamos próximos de um empate técnico.
Acabamento Honesto com as propostas (e preços) dos modelos em ambos os casos. A Twister fica um passo atrás ao exibir parafusos desnecessariamente (como os que fixam o tanque ao chassi, logo atrás do guidão). A Fazer é um pouco mais refinada neste quesito. Talvez por estar mais próximo da MT 03 que a geração anterior, o modelo capricha nas texturas dos plásticos e no acabamento (também em plástico) sobre o tanque, com direito a encaixe para o guidão e entalhe em preto fosco.
Iluminação A Honda estava perto de marcar um gol de placa, mas não quis colocar LED no farol – o restante do conjunto, setas e lanterna, adotam a tecnologia. Se nem mesmo a MT 09 tem sistema full LED tampouco a Fazer 250. Agora, por que a Yamaha resiste em não adotar a tecnologia nas setas já é outra história. A lanterna reforça a esportividade do modelo e é eficiente em sua iluminação. Já o farol (também em LED) tem ótimo facho em luz baixa, mas concentrado demais na luz alta.
Estilo Aqui não existe melhor ou pior, afinal cada uma adota sua postura distinta. A CB Twister é uma autêntica street, ágil e confortável. O design, contudo, lembra mais a CG 160 Titan do que a CB 500F, graças aos traços de elementos como o farol, rodas, disco de freio, aletas do tanque e banco único. A Fazer aposta no apelo esportivo. O guidão levemente abaixo, o motor ‘mais esperto’ e as pedaleiras um pouco recuadas tornam a experiência de pilotagem mais esportiva. Já o design remete à linha MT, através do painel baixo, linhas do farol, falsas entradas de ar sob o tanque e escapamento curto, por exemplo.
Manutenção 3 anos de garantia + óleo grátis da 4ª à 10ª revisões obrigatórias 4 anos de garantia e revisões com preço pré-determinado

Conclusão: Twister ou Fazer?

Se fizermos o comparativo apenas dos projetos, nota-se que ambos são muito próximos em suas medidas, tecnologias e materiais empregados. Motor arrefecido a ar com duas válvulas no cilindro, 249,5 cm³, injeção eletrônica, sistema bicombustível, freios ABS nas duas rodas, potência e torque totais. Até o peso é praticamente idêntico entre os dois modelos. Mas…

…as diferenças param na ficha técnica e basta rodar por poucos metros para notar que os modelos têm apelos diferentes. As duas rodam muito bem na cidade e encaram rodovias sem problemas. Porém, a Twister é nitidamente mais urbana enquanto a Fazer se sente em casa em estradas sinuosas, com uma pegada mais esportiva em função da posição de pedaleiras mais recuadas e guidão mais baixo. E o comparativo de ambas na estrada mostra desempenho bastante similar, deixando para o conforto do piloto as diferenças.

Uma se compromete a agradar quem encara um trânsito pesado todos os dias, ao tempo em que a concorrente quer fazer a cabeça de quem já está pensando aonde vai acelerar no final de semana. Identifique qual é o seu perfil e boa compra!

Ficha técnica Twister e Fazer

Item

Honda CB Twister

Yamaha Fazer 250

Motor Um cilindro, OHC, 4 tempos, arrefecido a ar Um cilindro, OHC, 4 tempos, arrefecido a ar
Capacidade cúbica 249,5 cm³ 249,5 cm³
Diâmetro X curso 71,0 mm x 63,0 mm 74,0 mm x 58,0 mm
Taxa de compressão 9,6 : 1 9,8 : 1
Partida Elétrica Elétrica
Bateria 12 V – 5 Ah 12 V – 6 Ah
Sistema de Ignição Eletrônica Eletrônica
Tipo de combustível Gasolina / Etanol Gasolina / Etanol
Capacidade do tanque de combustível 16,5 litros 14 litros (3,2 litros na reserva)
Alimentação Injeção eletrônica PGM-FI Injeção Eletrônica Blueflex
Torque máximo 2,24 kgf.m a 6000 rpm (gasolina) / 2,28 kgf.m a 6000 rpm (Etanol) 2,1 kgf.m a 6500 rpm (gasolina ou etanol)
Potência máxima 22,4 cv a 7500 rpm (gasolina) / 22,6 cv a 7500 rpm (Etanol) 21,3 cv / 8.000 rpm (Gasolina) – 21,5 cv / 8.000 rpm (Etanol)
Capacidade de óleo no motor 1,8 litro 1,55 litro
Câmbio 6 velocidades 5 velocidades
Embreagem Multidisco em banho de óleo Multidisco em banho de óleo
Transmissão secundária Corrente (40 x 13) Corrente (46 x 15)
Tipo de chassi Tubos de aço, diamond frame Tubos de aço, diamond frame
Pneu dianteiro 110 / 70 – 17 100 / 80 – 17M/C 52H
Pneu traseiro 140 / 70 – 17 140 / 70 – 17 M/C 66H
Suspensão dianteira Garfo Telescópico / curso de 130 mm Garfo telescópico c/ 130 mm de curso
Suspensão traseira Mono Shock / 108 mm de curso Monocross / 120 mm de curso
Freio dianteiro Disco c/ 276 mm de diâmetro c/ ABS Disco c/ 282 mm de diâmetro c/ ABS
Freio traseiro Disco c/ 220 mm de diâmetro c/ ABS Disco hidráulico de 220 mm c/ ABS
Comprimento total 2.065 mm 2015 mm
Largura total 753 mm 770 mm
Altura total 1.072 mm 1070 mm
Distância entre eixos 1.386 mm 1360 mm
Altura do assento 784 mm 790 mm
Altura mínima do solo 192 mm 160 mm
Cáster 25,7 º 24,5 º
Trail 84 mm 98 mm
Peso seco 137 kg 136 kg
Preço praticado (Tabela FIPE) R$ 16.350 R$ 16.492

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Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza