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Nada melhor para começar a abordagem que faremos a seguir que as sábias palavras de Sun Tzu, general, estrategista e filósofo chinês que viveu entre os anos 544 a.C. e 456 a.C. Sun Tzu ficou mais conhecido por sua obra “A Arte da Guerra”, composta por 13 capítulos de estratégias militares.

Os ensinamentos de Sun Tzu não servem apenas para militares. Eles podem e devem ser trazidos para a nossa vida cotidiana e, certamente, se os seguirmos, reduziremos as possibilidades de colocar nossa vida em risco cada vez que nos deslocamos de motocicleta. O tema é forte, as informações que verão são assustadoras, mas somente conhecendo os fatores de risco é que teremos condições de estarmos preparados para a “guerra” do trânsito, tal qual fazem os generais antes de cada batalha.

Conhecendo o trânsito podemos definir estratégias  de pilotagem para minimizar riscos

Conhecendo o trânsito podemos definir estratégias de pilotagem para minimizar riscos

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Fatores de risco – Primeira coisa a determinar: quem e quais são os nossos “inimigos” quando estamos sobre uma motocicleta?

– o trânsito, composto de outras motocicletas, os carros, os pedestres, os animais, etc, etc;
– as ruas, estradas e avenidas, as intempéries, os objetos fixos, etc, etc;
– as lesões a que estamos sujeitos e as partes do nosso corpo mais afetadas em acidentes.

Poderíamos relacionar uma infinidade de itens e fatores de risco que consideraríamos como nossos “inimigos” e assim se tornariam motivo para que os conhecêssemos melhor, determinando seus pontos fracos e aprenderíamos como evitá-los, aumentando nossas chances de “vitória” sobre eles. Se fôssemos abordar cada um dos nossos “inimigos”, este texto se tornaria muito extenso e cansativo. Portanto, vamos nos ater apenas a algumas estatísticas fornecidas pelo DENATRAN, elaboradas com dados obtidos na cidade de São Paulo, cuja análise vale considerar independente de qual seja a cidade em que o leitor more e ande de moto costumeiramente.

Vítimas fatais por acidentes – Apesar dos veículos de duas rodas representarem apenas 12,6% da frota total, são responsáveis por 35,2% das mortes em acidentes, contra apenas 14,8% de mortes decorrentes dos acidentados com veículos de 4 ou mais rodas, só perdendo para as ocorrências de atropelamentos de pedestres que encabeçam as terríveis estatísticas de mortos no trânsito (dados de 2010).

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Isso não quer dizer que não devemos andar de moto, mas serve para termos consciência do tamanho do risco a que estamos sujeitos cada vez que saímos com nossas motos e enfrentamos a guerra que é o trânsito nas grandes cidades.

Vítimas fatais no trânsito – Esse gráfico é assustador, pois aponta a evolução do número de vítimas fatais num comparativo entre carros e motos. Se em 1997 eram apenas 221 óbitos anuais de motociclistas, em 2010 esse número subiu para 478, e como a tendência mostra-se ascendente, esse número deve ser bem superior após passados dois anos. Em cada 10 acidentes de moto, 7 deles deixam vítimas e a cada 10 dias, 12 mortes engordam negativamente esses números. Portanto, todo cuidado é pouco e quanto mais conhecermos esse “inimigo”, maiores serão as nossas chances de defesa.

Faixa etária das vítimas – Este gráfico aponta as idades críticas dentro da faixa etária dos pilotos e passageiros. Mostra claramente quem deve se preocupar mais e conhecer formas de controlar o desejo de “torcer o cabo”, de sentir a adrenalina correndo nas veias. O preço a se pagar é muito alto, sem contar o grande risco de sobreviver com sequelas permanentes e irreversíveis. Veja em qual coluna você se encaixa e pense no assunto, avalie o que pode ser feito para a redução dos riscos – cada caso é um caso.

Tipos de acidentes – Constatamos que há predominância de mortes nos acidentes com motocicletas em decorrência de colisão, o tipo de acidente que envolve dois ou mais veículos em movimento. Nosso “inimigo” se apresenta claramente, apontando que é nos cruzamentos o momento da condução da moto em que deveremos estar mais atentos para estarmos preparados. A defesa é reduzir a velocidade, redobrar a atenção e manter pés e mãos sobre manete e pedal de freio, prontos para agir caso seja necessário. Ou seja, agir preventiva e defensivamente. Ao fazermos isso, o tempo entre a reação e a ação de frenagem ocorrerá milésimos de segundos antes, mas que podem ser decisivos e representar a diferença entre a vida e a morte.

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Localização das lesões – Neste último gráfico nosso “inimigo” se mostra de forma escrachada, de cara limpa, apontando-nos exatamente quais os pontos do nosso corpo que merecem mais proteção, sem que os demais sejam negligenciados.

Os números nos mostram que a maior incidência de lesões decorrentes de acidentes com motocicletas está concentrada nos membros inferiores (principalmente pés e pernas), recomendando que ao pilotarmos deveremos estar protegidos por botas adequadas e caneleiras. Na sequência vem os membros superiores, recomendando o uso de luvas e proteções acopladas à jaqueta para evitar fraturas.

O item que apresenta o menor índice é a cabeça, entretanto, é o tipo mais grave de lesão em decorrência de um acidente com motocicleta e por isso merece especial preocupação na hora de comprar o capacete, privilegiando aqueles fabricados com mais tecnologia e que ofereçam maior proteção contra impactos. Saber colocar corretamente a fivela do capacete é outro item que não deve ser esquecido – se a cinta passar pelo queixo após afivelada, está colocada incorretamente.

Muitos alegam que se seguirem todas as recomendações de segurança ficarão parecido com o Robocop, ou que o calor dos acessórios de segurança é insuportável e várias outras desculpas. Devemos lembrar que o ser humano é dotado de livre arbítrio, o que quer dizer que cada um de nós é livre para adotar ou não medidas e equipamentos de segurança indicados para proteção contra os “inimigos” que enfrentamos diariamente, mas também deverá assumir as consequências decorrentes dessa decisão.

O preço que se paga em caso de omissão, esquecimento ou pela decisão de não andar equipado ao andar de motocicleta é alto e não tem parcelamento. Tem que ser pago à vista, com dor e sofrimento.

O preço da omissão é caro demais

O preço da omissão é caro demais

Desde 500 anos a.C. já temos registros de experiências bem sucedidas que insistem em mostrar-nos o caminho certo das coisas, sem que tenhamos que aprender por tentativas. Cabe a nós buscarmos esse conhecimento que está aí à nossa disposição, para que vivamos com mais segurança e conforto.

Mário Sérgio Figueredo
Motociclista apaixonado por motos há 42 anos, começou a escrever sobre motos como hobby em um blog para tentar transmitir à nova geração a experiência acumulada durante esses tantos anos. Sua primeira moto foi a primeira fabricada no Brasil, a Yamaha RD 50.