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Colaboração de Jose Samuel Gurgel, de Fortaleza (CE)

No dia 25/05/2013 pude fazer um test drive rápido numa motocicleta Kawasaki, a Versys 1000. Essa motocicleta foi gentilmente cedida pela Nikkei Motos representante Kawasaki em Fortaleza, que na época tinha o Luis Sucupira como gerente. Não é em todo lugar que temos esse tipo de oportunidade e resolvi aproveitar.

Versys 1000: é bom ter a opção dos 4 cilindros e mais de 100 cv de potência disponíveis

Versys 1000: é bom ter a opção dos 4 cilindros e mais de 100 cv de potência disponíveis

Pois bem, atualmente tenho uma Suzuki V-Strom 650 2010, é a minha companheira no dia a dia nesse transito louco de Fortaleza e nas viagens que faço. A Versys 1000 estaria dentro dos meus planos de no futuro realizar um ”upgrade” para um moto mais potente, claro, assim que a motocicleta couber no meu bolso, já que o preço gira próximo dos R$50 mil. Mas aviso desde já que vale cada centavo, tendo em vista o custo x beneficio que a motocicleta oferece pra quem é estradeiro e gosta de asfalto.

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Ocorria o I Encontro de Motociclistas de Fortaleza e a Nikkei estava presente no evento. Fui apresentado para a motocicleta pelo Sucupira que logo numa rápida conversa me passou algumas instruções básicas de como mexer no painel de instrumentos da moto. O modelo avaliado tem eletrônica embarcada e contava com o seletor de potência e de tração, duas coisas que até então nunca tinha utilizado e no meu caso foi novidade.

O percurso foi mais urbano e por algumas grandes avenidas. Nesse tipo de avaliação só dá pra aferir coisas básicas já que você não se tem tempo hábil e nem se pode exigir muito de uma moto ”emprestada”. Sei também que a Versys não concorre diretamente com a V-Strom 650, mas ambas possuem uma apelo voltado ao conforto e aposto que passa na cabeça de qualquer dono de V-Strom ir para uma Versys 1000. Por isso acho que justifica esta minha avaliação, pois ela reflete a vontade de muitos outros motociclistas. Espero colaborar para a decisão de muitos. Vamos começar!

PAINEL

Versys tem painel mais moderno

Versys tem painel mais moderno

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O painel da moto veio na medida para os nem tanto conservadores. Do lado esquerdo o velho mostrador analógico com o conta-giros e do lado direito o mostrador digital, que traz velocidade, temperatura do motor, nível do combustível no tanque, etc. Para o meu gosto essa é a melhor receita, nem total analógico e nem todo digital. O painel possui boa visibilidade, iluminação de cor alaranjada e sem muita complicação você vê tudo que precisa. Uma coisa que senti falta foi um indicador de marcha pois o o motor quatro cilindros convida a uma tocada mais arisca e o indicador de marchas é muito útil nestas ocasiões. A V-Strom segue uma linha mais clássica e tem dois grandes marcadores analógicos onde se visualiza o velocímetro e o conta-giros, com um pequeno mostrador digital no meio onde se o marcador de combustível, a temperatura e demais instruções.

CONFORTO

A impressão é que o banco da Versys é mais largo que o da V-Strom. Não cheguei a medir, mas a impressão que tive quando sentei é que ele é mais largo e bem mais macio. O banco da V-Strom é muito bom também, mas o da Versys consegue ser melhor. Aonde o banco divide com o do garupa, tem uma leve ondulação que oferece apoio à base da coluna. A posição de pilotagem é bem parecida e característica para este tipo de moto: coluna ereta e joelhos não tão dobrados com bom apoio para o piloto sobre a moto. O guidão seria um item que trocaria em ambas as motos, gosto de guidão modelo ”fat”, maiores e mais apoiados, além de ter alongadores. Mas não há qualquer problema com o guidão original da Versys ou da V-Strom. Só acho o guidão “fat” mais ergonômico, além de mais leve por ser feito em alumínio, o que de quebra reduz um pouco de peso na moto também.

Apoio lombar ajuda na Versys

Apoio lombar ajuda na Versys

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Na proteção aerodinâmica, posso afirmar que a Versys lembra muito a V Strom. Tem um “tancão”  de 21 litros, com abas largas e que exercem proteção também. A bolha cumpre bem o seu papel e como na V-Strom tem uma pequena regulagem, só que você regula ”on the fly”, sem precisar desmontar a bolha. Não achei necessário fazer nenhuma alteração na olha da Versys, mas na V-Strom tem um problema de ”turbulência” que ocorre dependendo da altura do piloto, mas esse assunto da turbulência é resenha para outra oportunidade. Lembro apenas que eu tenho é 1,83 m de altura.

Um detalhe importante nas duas motos são os bons espelhos retrovisores. Na Versys são bons, mas poderiam ser melhores, principalmente se comparado ao modelo ”raquete” da V-Strom. É um detalhe que para indivíduos altos o espelho não é ”narcisista”, não tem aquele problema do piloto ficar fitando a imagem dos próprios braços no espelho. Outro item importante são os faróis e aí a Versys não vai tão bem quanto a luz baixa da V-Strom. Aliás, to pra ver uma moto com farol melhor que o da V-Strom é um item muito bom na velhinha gorda.

SUSPENSÕES

As duas tem curso generoso. A suspensão da Versys é mais moderna, invertida na frente e atrás fica ”plugada” na moto na forma horizontal. A V-Strom segue a receita clássica, que é garfo telescópico na dianteira com um amortecedor bem vertical na traseira. Suspensão é algo que na minha visão merece sempre ajustes de acordo com cada piloto. Para o meu gosto, achei a suspensão traseira da Versys rígida demais e a dianteira um pouco mole. Mas estava com regulagem standard original de fábrica e não fiz nenhuma alteração. Como não quis arriscar fazer bobagens, não senti segurança para fazer curvas mais fortes com a moto, apesar do percurso não favorecer.

FREIOS

Sem ABS nunca mais

Sem ABS nunca mais

Eu nunca tinha andando em moto com ABS e fiquei maravilhado com aquilo. Usei e abusei dos freios e sempre senti muita segurança nas frenagens. Dá vontade de tacar fogo no sistema de freio da V-Strom, mas não tem a menor comparação com o da Versys. Alicatei o freio dianteiro várias vezes e não tomei qualquer susto. O freio traseiro tava muito baixo, tinha que enfiar o pé para ele funcionar, por isso não gostei muito, mas isso é só regulagem. Minha próxima moto com certeza vai ter ABS. Esse eu dispenso mais.

DIRIGIBILIDADE

Aqui é onde esta a real diferença das duas motos. A V-Strom conta com um motor de dois cilindros ”V” que oferece 67 cavalos de potência. Já a Versys vem com um motor de “quatro canecos” em linha com generosos 118 cv de potência! No controle de potência eu mexi, mas no controle de tração não. Deixei na numeração ”1” que era a que já estava, mas pude ver que são 3 posições. É interessante que apesar de ser quatro cilindros e ter um motor liso, sem vibração, quando você altera o controle de potência e coloca em L (LOW) ela tem um comportamento que lembra muito a V-Strom em se tratando de torque por exemplo. A moto fica bem mais manca e comportada. O modo F (POWER FULL) que é o modo que despeja toda a potência, deixa a moto bem mais arisca, lembra muito o comportamento de motores esportivos, como o da Hornet por exemplo. É claro, os quatro cilindros pesam bastante nesse sentido e a moto fica muito gostosa de tocar.

Difícil bater os excelentes faróis da V-Strom

Difícil bater os excelentes faróis da V-Strom

Apesar de ter achado ela um pouquinho melhor do que a V-Strom para transitar entre os carros e passar nos corredores, pois a moto parece ser um pouco mais fina, ela é bem pesada e exige cuidado. Mas a moto é muito no trilho também, a frente gruda bem no chão e você pode jogar a moto para um lado e para o outro com tranquilidade. Fiz um teste com o “PLAY” ligado no estilo ”motoboy” e saí costurando mesmo no meio dos carros. Apesar do peso maior na Versys, não senti dificuldade nenhuma de encarar o trânsito pesado. Será o efeito “pilotar landaus”? Acaba acostumando.

Chassi da Versys é mais leve e moderno, mas a dirigibilidade de ambas se equivale

Chassi da Versys é mais leve e moderno, mas a dirigibilidade de ambas se equivale

A embreagem da Versys achei um pouco mais dura do que a da V-Strom. MAs a moto avaliada esta com a regulagem fora do meu gosto, mas não chega a ser perceptível qualquer diferença. As trocas de marchas são fáceis, com as duas primeiras bem curtas e as outras mais longas, e muitas vezes nem se percebe que está já em sexta marcha pelo bom torque presente. Daí a importância do indicador de marcha que falei antes. Outra coisa que esta moto merece é o eixo cardã.

CONCLUSÃO

Esse tipo de segmento de moto só cresce. Gente que quer mais conforto ao pilotar, mas sem perder o que as opções de motorização mais potentes podem oferecer, podem olhar para a Kawasaki Versys como uma boa opção. Motor de 4 cilindros com preço até que competitivo. Não deu para medir consumo, conforto para o garupa, controle de tração, etc. De maneira geral a moto é excelente, mas peca um pouco por não encarar um ”off road” igual a várias outras do segmento, como a BMW GS 1200, Honda Crosstourer 1200, dentre outras, mas arrisco dizer que em asfalto essa moto não deve absolutamente nada para essas outras.

É de fato um mimo ter um motor quatro cilindros com o conforto de uma moto estilo aventureira. Acho que essa moto ainda não decolou em vendas por conta do visual dela um tanto ”diferente”, que a mim não grada totalmente, mas isso é questão de gosto e não pode ofuscar tudo o que essa motoca oferece.