Publicidade

A guerra entre Rússia e Ucrânia permanece de pé e trazendo consequências diretas até para quem está fora do fogo cruzado. Agora, um novo episódio sobre a crise energética pode levar o etanol, velho conhecido dos brasileiros, ao continente. Tudo em prol de tornar os países vizinhos menos dependentes do gás russo.

Além disso, a busca emergencial por novas fontes de energia levaram alguns países de volta ao uso da queima de carvão, de encontro com as medidas tomadas para reduzir a emissão de CO2. Sendo assim, o bom e velho etanol surge como opção de combustível renovável para evitar uma crise energética generalizada no velho continente.

cg 125 a alcool e a crise energética da europa

A crise energética comprometeu o fornecimento de gás na Europa, que estuda novas alternativas de energia. Quem entra em cena agora é o etanol, um velho conhecido nosso. Aqui temos veículos movidos pelo biocombustível há mais de 30 anos, como a CG 125 Álcool (1981) da foto

A crise energética da Europa

No dia 27 de abril, a estatal russa de energia Gazprom anunciou o corte do fornecimento de gás para países europeus, até que o pagamento fosse atualizado. Após a invasão da Ucrânia, as relações comerciais estão suspensas, bem como os pagamentos ao gás russo.

Publicidade

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que só receberá pagamentos feitos em rublos (moeda russa), uma forma de reparar a constante desvalorização que a moeda local vem sofrendo após o início da guerra.

Estatal russa corta o abastecimento de gás da Europa, que vive a eminência de uma crise energética

Estatal russa corta o abastecimento de gás da Europa, que vive a eminência de uma crise energética

Desse modo, sem qualquer tipo de negociação possível entre Europa e Rússia, o gás responsável por abastecer o velho continente foi cortado. Só para se ter uma ideia do baque que esse corte pode causar, segundo a AIE, a Rússia fornece cerca de 42% de todo o gás consumido na Europa. Do gás recebido pela Bulgária, por exemplo, 82% são de origem russa. Outros países possuem uma dependência ainda maior, como por exemplo a Finlândia, onde segundo a Eurostat, 97,6% do seu fornecimento de gás vem do maior país do mundo.

Gasodutos da Rússia abastecem diretamente a Europa

Gasodutos da Rússia abastecem diretamente os países da Europa, dois deles passam pela Ucrânia

Publicidade

A Alemanha, que recebe 55% de gás russo, afirmou que o abastecimento será mantido através das reservas do país. Assim como a Polônia, que além de produzir uma parcela desse gás, afirma ter condições de se abastecer momentaneamente. “Vamos lidar com esta chantagem, com esta arma na cabeça, de maneira que não afete os poloneses”, disse Mateusz Morawiecki, primeiro ministro polonês.

Veja também:

Etanol é alternativa na crise energética

Para evitar o desabastecimento, a Europa busca alternativas ao gás. Os biocombustíveis, dentre eles o Etanol, são soluções mais viáveis no momento. Isso porque além de ser renovável, a sua emissão de CO2 não excede a quantidade que foi retirada da natureza. Com isso há o equilíbrio nos níveis de CO2 presentes na atmosfera. Esta é uma receita que nós, brasileiros, já conhecemos desde os anos 1970.

“A guerra na Ucrânia causou uma grande desarticulação do mercado de energia e mostrou a vulnerabilidade de alguns países, com impacto em todo o mundo. Hoje existe uma grande preocupação com a segurança energética, não apenas com os preços, mas também com o acesso aos combustíveis”, afirmou Alex Giacomelli, diretor do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Publicidade

A princípio, o etanol usa a biomassa como matéria prima. Por sua vez, ela pode ser produzida através de cana-de-açúcar e até do milho. No caso da cana, o Brasil segue sendo um dos principais exportadores mundiais, bem como o berço de tecnologias de máquinas movidas à biocombustíveis. Vale lembrar que a primeira moto flex do mundo é brasileira, a CG 150 Titan Mix, de 2009. E cerca de 30 anos antes já tínhamos uma versão da CG movida exclusivamente a álcool, como o etanol era chamado na época.

 CG 150 Titan Mix, a primeira moto bicombustível do planeta.

CG 150 Titan Mix, a primeira moto bicombustível do planeta.

Etanol, tendência global

Há pouco tempo a Yamaha anunciou que estava desenvolvendo uma linha de motores flex, semelhantes aos que já estão em circulação no Brasil, para abastecer o mercado asiático, que ainda não estava pronto para receber as motos elétricas. Mesmo que por motivos diferentes, tentando driblar a crise energética, a Europa segue a mesma tendência.

criser energética - yamaha vai levar motos flex à ásia

Para a Yamaha, muitos países da Ásia (como a gigantesca Índia) ainte têm um longo caminho até ter veículos 100% elétricos. Por isso, como solução a médio prazo, pretender levar as motos flex para lá

Sendo assim, os biocombustíveis se mostram a solução mais rápida, barata e limpa em termos de fonte energética. O Brasil deve aproveitar essa tendência e sua posição de potência exportadora de matéria prima e tecnologia. “Esse médio prazo pode ser até mais curto do que a gente imagina e isso abre uma grande oportunidade, para o Brasil, de oferecer um combustível limpo, renovável e competitivo em termos de preço”, completou Giacomelli.

Thiago Ruanovi
Desde criança apaixonado pelo esporte a motor e através dele, conheceu essa coisa chamada comunicação.