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Texto: Daíza Lacerda

Era uma manhã de sábado ensolarada no interior e estava pronta para viajar. Já tinha os pés na rua quando o vazio total a tomou de súbito. Era uma parada anunciada.

Ela nunca havia me deixado, não por mais de poucos minutos, e jamais por tal motivo lamentável. São coisas da vida, simplesmente acontecem quando deixamos, e há de acontecer com quem zomba de seu mal.

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Não pude fazer outra coisa quando a vi paralisada, depois de tossir e golfar. Eu ri! Sim, amigos tem coisas que só rindo mesmo, porque chorar não adianta! Quando numa bela de uma subida a moto parou por falta de gasolina, eu ri. É assim, mais do que com as faltas alheias, certamente aprendemos direitinho com as nossas próprias!

Parar numa subida a quatro quilômetros de casa e a dois de distância do próximo posto, com a moto devidamente carregada de aparatos femininos indispensáveis para um final de semana prolongado, com estréia de capacete ainda, não pode ser só zica. É mancada das brabas mesmo!

Foi reconfortante pensar que era a primeira vez que dei o luxo da pane seca em mais de três anos e 40 mil quilômetros, sem contar que poderia ter sido em condições piores (horários piores, lugares piores).

Se numa situação dessas você tiver quem possa te acudir com alguns litrinhos de gasolina rapidamente, ótimo! Foi o meu caso. Mas se for o contrário, se o jeito for sentar e chor… , digo, dar muitas gargalhadas (o que foi meu caso também), tenho algumas dicas, caso interessar possa.

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Primeiro: um motociclista nunca, never, de jeito nenhum deve andar totalmente desacompanhado. Como felizmente eu estava de mala e cuia, podia escolher entre ler um livro, ouvir música, jogar sudoku no celular ou tirar auto-retrato para passar o tempo. De tudo isso, escolhi tomar a água geladinha que estava na bolsa e fotografar minha breve desventura. Afinal, o motor da moto não só parou aos 46 mil quilômetros de vida por falta de gasolina. Tinha acabado de completar os 46 mil! Portanto, um marco felicíssimo e histórico, que não deveria se repetir em quilômetro algum dali em diante.

Depois do aguardado socorro, uma constatação empiricamente comprovada, finalmente.

Naquela pança metálica cabem 13,5 litros de gasolina, e não os 12 que eu achava que tinha ou os 13 descritos no manual (dados os dois litros da garrafa pet e o restante calculado na bomba do posto). Ou seja: o sistema ainda é à prova de mancada do dono, onde o marcador de nível é cúmplice, a nosso favor.

A situação até extrapola o cômico quando se está perto de casa, de um posto, ou de um camarada que possa ajudar, mas dependendo das circunstâncias, pode ficar bem complicada. Daí, como tudo nessa vida, prevenção é a solução.

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No fim das contas, os dois quilômetros que não valeriam mais do que centavos, não fossem a secura do tanque, custaram R$ 10 pelo help e dois litros do líquido precioso para aquele organismo mecânico (o que daria para pagar e rodar o dobro). No fundo bateu raiva sim, mais pelo tempo perdido do que pela grana. No entanto, o melhor foi optar pelo riso, não só depois do episódio, como durante. Afinal, nem sempre a gente precisa aprender chorando.