Conhecer novos destinos em uma viagem de moto Ć© sempre bom, e melhor ainda se vier com uma dose de aventura e paisagens deslumbrantes. Isto Ć© o que motociclistas encontram ao fazer motoaventurismo em Aiuruoca, cidadezinha mineira distante 370 quilĆ“metros de Belo Horizonte (MG). Situado no sul do estado e com apenas seis mil habitantes, o municĆpio Ć© considerado um polo nacional de ecoturismo.
Quem fez a viagem e relatou esta experiĆŖncia Ć© a motociclistaĀ Eliana Malizia, piloto de testes de motos, repĆ³rter de mototurismo e lifestyle. Hoje seuĀ escritĆ³rio Ć© tanto na pista quanto na estrada, desde que em cima de uma moto. Ela cursou fotojornalismo e EducaĆ§Ć£o FĆsica, fezĀ MBA em Marketing e cursos extensivosĀ em Los Angeles e tambĆ©m jĆ” passou por revistas especializadas, sites, e jornais. Hoje, relata suas histĆ³rias de viagens e reconhecimento profissional no seu site pessoal, o Acelerada.
DiĆ”rio da viagem em Aiuruoca – porĀ Eliana Malizia
Fiz a mala, peguei minha cĆ¢mera fotogrĆ”fica e tripĆ©, vesti equipamento de seguranƧa, subi na BMW S 1000 XR e parti feliz para mais uma aventura sobre duas rodas, com um destino pitoresco: a pequenina Aiuruoca, em Minas Gerais.
Partindo da Capital de SĆ£o Paulo, segui pela Nova Dutra, entrando na Cidade de Cruzeiro, seguindo placas sentido Passa Quatro, Caxambu e Aiuruoca. Peguei trechos bastante sinuosos e jĆ” passando por paisagens estonteantes, parei diversas vezes para fotografar a moto e a estrada. Afinal,Ā sem pressa alguma para chegar, curti intensamente cada acelerada, deslumbrada com as paisagens aos arredores.
Antes de chegar na pousada, um espetĆ”culo do por do sol Ā me deu as boas vindas, e parei ali a moto, em uma entradinha de terra. Fiquei um tempo, apreciando a natureza.
Sobre Aiuruoca
Localizada Ā no Sul de Minas Gerais, Ć© considerada uma das melhores cidades para o ecoturismo, faz parte do Circuito Terras Altas da Mantiqueira e do Parque Estadual da Serra do Papagaio. Hoje tem pouco mais de seis mil habitantes. O pequeno vilarejo foi descoberto pelo capelĆ£o dos Bandeirantes, Padre JoĆ£o de Faria Fialho em 1692. Mas a fundaĆ§Ć£o da cidade aconteceu somente em 1706.
Casos e ācausosā na Fazenda SĆ£o Pedro
Foi onde optei me hospedar e, sem dĆŗvidas , foi a melhor escolha. O antigo casarĆ£o nĆ£o Ć© um hotel tentando ser fazenda e sim uma Fazenda de 1830 que possui quartos para seletos hĆ³spedes. VocĆŖ tem a opĆ§Ć£o de interagir com a famĆlia que vive na fazenda, tomar cafĆ©, almoƧar e jantar em uma grande mesa na cozinha, onde ali mesmoĀ a FamĆlia Arantes conta interessantes casos e ācausosā.
E falando Ā em comida, a Dona Nilza (cozinheira) e Dona Nelsa (anfitriĆ£ e chefe de cozinha) preparam pratos mineiros que sĆ³ de lembrar dĆ£oĀ Ć”gua na boca. O mais curioso foi provar o tal de Ora-pro-nĆ³bis, (do latim “rogai por nĆ³s”), uma espĆ©cie primitiva de cacto, riquĆssimo em proteĆna – chega a terĀ 25% de proteĆnas, por isso, conhecido como a āprotĆ©ina de pobreā.
Se vocĆŖ gosta de sabores diferentes como eu, vai adorar provar as frutas da Fazenda, e melhor, Ā poderĆ” prova-las colhidas na hora. Tem graviola, jacamanga, uva japonesa, vampiro (uma fruta que lembra o sabor da lichia, e tem esse nome porque dizem que atrai morcegos).
Ć possĆvel passar o dia inteiro na fazenda conhecendo a rotina rural, fazer trilhas para cachoeira, andar a cavalo Ā e atĆ© mesmo andar de caiaque na represa. Embora tenha tudo de bom na Fazenda, Ā vale muito a pena conhecer outras cachoeiras e atraƧƵes fora da fazenda.
Vale a penaĀ conhecer emĀ Aiuruoca
No centrinho de Aiuruoca a Igreja Matriz e Museu Julinho. TambĆ©m a Cachoeira da Lage; a Cachoeira das Garcias; o Vale do Matutu, o Bico do Papagaio. Vale lembrar que, com exceĆ§Ć£o do centrinho, para chegar nas demais atraƧƵes Ć© necessĆ”rio passar por estradas de terra. No Vale do Matutu fui de moto e foi bastante tranquilo. Mas para chegar na Cachoeira das Garcias, onde Ć© possĆvel apreciar a linda paisagem da pedra Bico do Papagaio, a estrada Ć© mais esburacada. Fui com o jipe da Fazenda e o visitante pode ficar tranquilo, pois Ć© possĆvel fechar pacotes de passeios, caso nĆ£o queira colocar sua moto ou carro na terra.
Curiosidade sobre o carnaval
Em Aiuruoca o Carnaval Ć© antecipado. O Padre Monsenhor Nagel proibiu Ā a comemoraĆ§Ć£o do carnaval na cidade devido aos retiros espirituais e missas religiosas, que sĆ£o realizados todo ano nas datas do carnaval. Por conta disso, os aiuruocanos nĆ£o tiveram outra alternativa a nĆ£o ser antecipar a festa do carnaval na cidade, e assim Ć© atĆ© hoje. Por conta disso a festa se tornou conhecida internacionalmente.
Onde ficar?Ā Pousada Fazenda SĆ£o Pedro
Optei em percorrer uma estrada de terra de 14 km, e mesmo o pneu da BMW S 1000 XR sendo mais apropriado para asfalto, pilotei com bastante conforto e seguranƧa, pois a estrada de terra estĆ” em Ć³timas condiƧƵes.Ā Saiba mais sobre a Fazenda e como chegar, visitando o site:Ā www.fazendasaopedro.com.br
Onde comer?
O Restaurante Kiko e Kika Ć© uma boa pedida. Comandado casal francĆŖs Kieran Craik (Kiko) e Cristina Huguenin (Kika), um Ć³tima opĆ§Ć£o para comer bem Ć© a truta defumada com batata rosti e salada, o carro chefe do restaurante. Ambiente rustico e elegante, fica naĀ Estrada para o Vale do Matutu. O telefone Ć© o (35) 9927-4853 e eu aconselho ligar antes porque o Kiko e Kika nĆ£o abre todos os dias.
Outra boa opĆ§Ć£o Ć© oĀ Dona Azeitona, que serve pizzas, petiscos e caldos. Fica na PraƧa Monsenhor Nagel, 90, no Centro de Aiuruoca. O telefone Ć© o (35) 3344-1964.
DistĆ¢ncias
Um detalhe interessante desta viagem Ć© que, coincidentemente, Aiuruoca estĆ” equidistante de SĆ£o Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro: de qualquer uma das trĆŖs principais cidades a distĆ¢ncia Ć© a mesma: 370Ā quilĆ“metros. Enquanto vocĆŖ pensa no significado desta coincidĆŖncia numerolĆ³gica, pode ir planejando seu passeio de moto para o prĆ³ximo final de semana.