Publicidade
Alterar originalidade do escapamento pode aumentar o nível de ruído e prejudicar a audição

Alterar originalidade do escapamento pode aumentar o nível de ruído e prejudicar a audição

Se você quer pilotar embalado pelo ronco de sua moto por muitos e muitos anos, vale à pena ficar atento quanto ao prejuízo que isso pode acarretar à sua audição, porque, além das preocupações com uma pilotagem segura, é preciso considerar que o excesso de barulho do motor da moto não faz bem aos ouvidos.

De acordo com estudo do National Institute on Deafness and Other Communication Disorders (Instituto Nacional de Surdez e Outras Doenças de Comunicação), dos EUA, uma moto emite ruídos em torno de 95 decibéis (dB). Especialistas são unânimes em afirmar que ruídos acima de 85 dB podem causar alterações na estrutura interna do ouvido e perda permanente de audição; e o problema é mais agudo quanto maior for o barulho e o tempo de exposição do piloto a esse excesso de ruído. Como efeito de comparação, uma conversação normal atinge 60 dB.

A exposição prolongada ao barulho de uma motocicleta pode causar nos pilotos uma ” Perda Auditiva induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados ” – conhecida pela sigla PAINPSE. A situação piora porque muitos motociclistas alteram o sistema de escapamento, utilizando ponteiras esportivas ou personalizadas, que elevam ainda mais o nível de ruído emitido pelas motos.

Publicidade

A grande preocupação dos especialistas é que a ” Perda Auditiva induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados ” é cumulativa; qualquer dano auditivo vai se somando ao longo do tempo. Mesmo que uma pessoa se exponha diariamente por um curto período a um ruído acima de 85 dB, os prejuízos na audição podem aumentar depois de muitas exposições ao mesmo barulho.

Fones de ouvido: cuidado com o volume

Fones de ouvido: cuidado com o volume

Outro grave problema é o uso de aparelhos, como MP3, enquanto se dirige, um hábito de muitos pilotos de moto. “Além do barulho da moto, o piloto ainda está exposto ao barulho da música que pode atingir mais de 100 decibéis, causando danos ainda mais graves. Nesses casos, o problema auditivo pode chegar mais cedo. Por isso, a prevenção é muito importante”, explica a fonoaudióloga Marcella Vidal. Ela lembra ainda que existem pessoas mais suscetíveis aos altos ruídos do que outras. “O ideal é consultar um especialista e fazer um exame, chamado audiometria, para detectar se já existe alguma perda auditiva”.

Considerações do Dr. Marco Nunes

Publicidade

Quanto ao artigo, há várias considerações a serem feitas relativas à parte legal do tema. Em primeiro lugar, é proibido dirigir com fones de ouvido. Ou seja, neste caso, não é necessário entrar no mérito de que os fones podem causar danos ao ouvido, já que o uso dos fones em veículos automotores não é permitido.

Em segundo lugar, com relação aos escapes alterados, todos eles devem ser submetidos à autoridade competente para homologação. Esta homologação será feita somente se eles não ultrapassarem os limites estabelecidos pelo CONTRAN na Resolução 418/2009. As motocicletas devem, obrigatoriamente, obedecer a estes limites (que são máximos), tanto originais quanto modificadas. Saliento que TODAS as motos originais ficam muito abaixo do limite máximo estabelecido pela Resolução (que é de 99 decibéis).

Se considerarmos a linha YAMAHA, por exemplo, a moto em produção no Brasil com o maior ruído é a Fazer 250, com 85,5, ou seja, no limite do que seria seguro (a grande maioria dos demais fabricantes ficam dentro de uma média de 85 a 87 db de ruído máximo). E mais, se contarmos que os motociclistas utilizam capacetes, podemos ainda considerar menos 3 a 4 db na utilização CORRETA da moto.

Contudo, é óbvio que se agirmos sem nos preocuparmos com os limites legais (modificando os escapes, por exemplo) ou se utilizamos motos mais antigas (onde os limites eram maiores) pode sim haver algum prejuízo para nossa saúde auditiva. Mas esta não é prerrogativa da moto, mas sim de todos os veículos automotores, bem como máquinas que se utilizam de motores a combustão.

Publicidade

Portanto, vale o alerta da especialista, mas o fundamental é que o motociclista aja de acordo com a lei e também se preocupe com o ruído, deixando de lado o tom fatalista que o artigo quer dar ao tema.